Home / Maternidade / Filhos

Por que não dar leite artificial para seu bebê

by Redação taofeminino ,
Por que não dar leite artificial para seu bebê© iStock

Apenas 10% das brasileiras amamentam exclusivamente até os seis meses. O tempo médio de aleitamento exclusivo no Brasil é de 54 dias, ou seja, 59% dos bebês brasileiros tomam mamadeira antes de um ano. O leite artificial tem muito a ver com isso. Por Juliana Couto

Summary
  1. · O dilema da curva de crescimento
  2. · Componentes do leite materno e do leite artificial
  3. · Riscos para a criança alimentada com leite artificial
  4. · Mães que deram fórmula infantil aos seus filhos

Em média, nascem 3 milhões de bebês por ano no Brasil. Cerca de 70% deles vai consumir mamadeira (e esterelizadores, bicos, escovas especiais) com menos de um ano. E bebês com poucos meses de vida serão consumidores de leite artificial. Mas qual é o problema de dar aos bebês leite artificial? É preciso compreender o cenário de amamentação no Brasil, a indústria do leite e a cultura alimentar que considera o leite um pilar fundamental de nutrição. É recomendando que todo recém-nascido seja amamentado por sua mãe exclusivamente até os seis meses de vida sob livre demanda; a partir do sexto mês, recomenda-se a introdução alimentar sem redução de mamadas e recomenda-se ainda que a amamentação seja prolongada, no mínimo até os dois anos de idade da criança – antes desse período, é considerada precoce.

Diferentemente das demais espécies mamíferas, o humano possui uma cultura alimentar que se estrutura no leite até a vida adulta. O leite mamífero é específico para a sua própria espécie. Portanto, é essencial que recém-nascidos e bebês sejam amamentados e que não sejam habituados a ingerir outros tipos de leite antes do desmame – possivelmente, nem mesmo depois. Isso porque o leite de vaca não possui os mesmos benefícios que o leite materno possui, e passa por processo de industrialização que adiciona uma série de produtos químicos, de modo que é mais saudável ingerir alimentos naturais que possuam as mesmas funções nutricionais. Além do leite de vaca, comum na cultura brasileira, a alternativa que os pais encontram para mães que não amamentam é dar ao bebê a fórmula infantil.

O leite materno é energético, nutricional e imunológico, mantém o crescimento e desenvolvimento normais, melhora o processo digestivo no sistema gastrointestinal, favorece o vínculo entre mãe e filho e promove o desenvolvimento emocional, cognitivo e do sistema nervoso. “Cerca de 50% do valor calórico total do leite humano é proveniente da gordura, que é fonte de colesterol, ácidos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis. O conteúdo de ácidos graxos insaturados no leite humano é maior que no de leite de vaca. As fórmulas infantis disponíveis no mercado utilizam em sua composição fontes lipídicas de origem vegetal que têm a estrutura de triacilgliceróis diferente da gordura do leite humano, levando a perdas na absorção de nutrientes. Como as gorduras disponíveis na natureza não possuem tal estrutura, a alternativa seria a utilização de gorduras modificadas por interesterificação”. Nem leite de vaca nem leite artificial possuem os mesmos nutrientes que o leite fornece para o bebê se desenvolver e crescer. O leite de vaca possui uma série de nutrientes e fatores imunológicos que são, sim, essenciais, mas para bezerros. O leite humano também contém maiores quantidades de aminoácidos essenciais de alto valor biológico, como a cistina, e aminoácidos, como a taurina, que não são encontrados em leite de vaca, e que são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central. Isso é particularmente fundamental para os prematuros que não possuem enzimas necessárias para a formação da taurina. Além disso, o leite de vaca possui três vezes mais proteína que o leite humano, e por esse motivo é qualificado por especialistas como “carne líquida”. É também por esse motivo que quando uma mãe amamenta e é identificado algum tipo de alergia no bebê proveniente do leite (alergia à lactose ou à proteína do leite), é solicitado que a mãe restrinja em sua alimentação laticínios, não que pare de amamentar.

Fórmulas infantis são diminuidores de desnutrição. No artigo Aleitamento Materno versus Aleitamento Artificial, Camila dos Santos Neto e Renata Moreira Gonçalves explicam que “os avanços tecnológicos da indústria de alimentação modificaram, ao longo da história da humanidade, os padrões de alimentação infantil, tais como a duração do aleitamento materno, uso de alimentos complementares e de fórmulas lácteas. A modernização da tecnologia tem produzido fórmulas infantis com composição nutricional semelhante ao leite materno. Esses avanços tecnológicos permitiram a criação de produtos capazes de contribuir para a diminuição da desnutrição, compensar as deficiências de digestão e absorção, lidar com problemas alérgicos e com o refluxo gastroesofágico. A influência dessas mudanças contribuiu para a diminuição da amamentação, e o predomínio do aleitamento artificial. O leite humano é um líquido complexo que contém carboidratos, proteína, lipídios, vitaminas, minerais, substâncias imunocompetentes (imunoglobulina A, enzimas, interferon), além de fatores tróficos ou moduladores de crescimento“.

Há vários motivos que provocam a substituição do aleitamento materno pelo artificial. Do ponto de vista fisiológico, hipogalactia da puérpera, ingurgitamento mamário, interrupção da produção de leite por causas psicoemocionais, razões específicas que comprometem a saúde da mãe e da criança, como a contaminação da lactante pelo vírus HIV. E há a escolha da mãe e a indústria de consumo infantil. Amamentar não é um ato natural na cultura contemporânea, justamente por toda a influência dos avanços tecnológicos e sociais. As mulheres se preparam ao longo de, em média, 40 semanas para parirem e não contam com uma rede de apoio sólida para seguirem com a amamentação. Nas maternidades privadas há o costume de recomendar complemento artificial com a alta médica e também o uso de bico de silicone, que não traz benefícios. É importante que a mulher puérpera compreenda as informações básicas de pega e posições para amamentar e da contribuição fisiológica delas (não são, no entanto, regras). A mulher puérpera não é recebida por um grupo que estimule a amamentação, porque na maioria das famílias a amamentação não é uma cultura, porque não há empatia com essa mãe, no puerpério, que ainda não consegue lidar totalmente com uma vida que depende dela para viver, porque a legislação brasileira dá a mulher quatro meses para conviver com seu filho se essa mulher tem emprego registrado em carteira de trabalho, apenas quatro meses para amamentar em livre demanda – sobre volta ao trabalho e aleitamento, é possível fazer um estoque de leite materno.

A indústria de consumo infantil começou a ser reformulada recentemente. Durante a gravidez, a mãe era bombardeada com publicidade infantil acerca do uso de mamadeiras, chupetas e papinhas industrializadas, o que está proibido desde 2015. O decreto nº 8.552 regulamentou a lei nº 11.265, de 3 de janeiro de 2006, que dispõe sobre a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância e de produtos de puericultura correlatos. Desde então, está vetado qualquer tipo de propaganda de leites artificiais, mamadeiras, papinhas, fórmulas, produtos farináceos e chupetas em veículos de comunicação com o objetivo de reduzir o uso de produtos comerciais na amamentação e assegurar a utilização adequada de produtos direcionados a crianças de até três anos. O decreto também determina que recipientes devem conter informações sobre a idade adequada para cada produto e um alerta sobre a importância da amamentação. Embalagens de bicos, mamadeiras e chupetas devem conter avisos sobre o prejuízo que o uso esses produtos podem causar à amamentação.

O dilema da curva de crescimento

Uma referência consistente do desenvolvimento de uma criança está na fralda. O quanto e como urina, o quanto e como são os dejetos. No entanto, é comum encontrar relatos de mães que foram ao pediatra nos primeiros meses e saíram da consulta com uma receita de complemento porque seu filho não atingiu a curva de crescimento no gráfico. Essa mãe, que amamenta seu filho ou cada três horas (o que não é indicado, o recomendado é amamentar quando o bebê solicita) ou em livre demanda, se vê acreditando que seu leite não é mais suficiente para seu filho. Se, por acaso, o leite vaza e seus seios chegam a ficar enrijecidos, ela passa a acreditar que o leite é fraco. Se, por acaso, seus seios aparentam estarem flácidos, ela acha que tem pouco leite. As duas situações são corriqueiras. No entanto, não existe leite fraco ou pouco leite. O leite materno é formado especificamente para atender as necessidades nutricionais do seu filho – esse é um dos motivos para não se realizar a amamentação cruzada, ou seja, amamentar outro bebê que não o seu –, ele não é fraco. Além disso, seio enrijecido ou flácido não é demonstração de quantidade de leite, já que 80% do leite é formado durante a mamada – um dos motivos da importância da livre demanda -, independentemente se seu seio estiver murcho. Seio enrijecido é sinal de leite parado e pode causar inflamações sérias. É recomendado fazer massagens circulares e compressa de água em temperatura ambiente (temperatura quente aumenta a produção; temperatura fria, impede a produção; a ambiente neutraliza). Seio flácido é sinal de produção ajustada.

O pediatra Carlos González, em seu livro Meu Filho Não Come, explica: “Por que o crescimento de um bebê amamentado é tão diferente de um que toma mamadeira? Não temos muita certeza, mas em todo caso, não é por falta de alimento. Durante o primeiro mês, quando só tomam leite, bebês amamentados pesam o mesmo ou mais. Entre seis e doze meses, quando tomam papinhas além do leite, bebês amamentados pesam um pouco menos. Se fosse verdade a frase "o peito já não sustenta" (o que é uma grande bobagem uma vez que o leite materno alimenta mais que a mamadeira e mais que as papinhas), a criança ficaria com fome e comeria mais papinha e consequentemente ganharia o mesmo peso do bebê de mamadeira. A diferença é mais profunda; por alguma razão, leites artificiais levam a um padrão de crescimento que não bate com o padrão de crescimento do bebê amamentado. Muitos estudos demonstraram que bebês que foram amamentados por menos de seis meses têm taxas mais altas de obesidade e têm mais chances de apresentar sobrepeso e obesidade entre os quatro e os seis anos”.

A curva é resultado de um gráfico que avalia o desenvolvimento da criança em três parâmetros: peso, altura e circunferência da cabeça. Há gráficos que contemplam somente peso e altura. O modelo recomendando pela OMS é o americano, apesar de existirem outros modelos europeus que também são conhecidos. A curva é uma referência do desenvolvimento e vai sofrer alterações constantes. É por meio do percentil do gráfico que se sabe como está o desenvolvimento da criança como referência, não como regra. De acordo com informações do Grupo Virtual de Amamentação (GVA), “variações na curva são normais (subir um pouco num mês, cair um pouco no outro), o que não pode é o bebê cair de forma acentuada por um tempo maior. Esse "cair" é cair na curva: estava na curva do 50 com 1 mês e com 2 passa à de 15 e com 3 meses já está quase na de 3. Esse bebê precisa ser avaliado para ver o que está acontecendo, não é simplesmente receber leite artificial. Não importa se o bebê está na curva 3, 15, 50 ou 97. Todas elas representam bebês saudáveis e amamentados. Estar no percentil 97 significa que aproximadamente 97% dos bebês do mundo (sempre crianças saudáveis e amamentados) têm peso menor; estar no percentil 50, que cerca de 50% dos bebês do mundo têm peso menor; estar no percentil 15, que cerca de 15% dos bebês do mundo têm peso menor, etc. Um bebê que está abaixo do percentil 3 pode ser totalmente saudável, mas é sempre bom ficar de olho nela, apenas por precaução”.

Ainda de acordo com González, “os gráficos de peso mais comuns foram desenvolvidos há alguns anos, quando muitos bebês tomavam mamadeira, e os que mamavam no peito o faziam só por umas semanas. Atualmente, mais e mais bebês são amamentados durante meses e eles não seguem os antigos gráficos. Vários estudos feitos nos EUA, Canadá e Europa mostram que bebês amamentados geralmente ganham peso mais rápido no primeiro mês do que mostram os gráficos, mas depois eles começam a perder velocidade e vão baixando de percentil. Por volta de seis meses eles perdem a liderança que obtiveram com o ganho de peso no primeiro ano, e mantêm até 1 ano um peso "baixo" de acordo com os gráficos antigos. Não se trata de fazer gráficos para bebês de peito e outros diferentes para crianças que tomam mamadeira; os mesmos gráficos serão usados para todos. Enquanto isso, muitas mães levarão grandes sustos, porque dirão quando seu bebê tiver dois ou três meses que ele está “caindo” de peso, ou aos oito ou nove meses que seu filho está com “baixo peso” Isso não é verdade, seu bebê está bem. Existe um ritmo de crescimento especial que geralmente leva os pais à loucura, chama-se "atraso constitucional do crescimento ". É apenas uma variação do normal, não uma doença. São crianças que não seguem nenhum gráfico; elas têm a sua própria curva de crescimento. Elas nascem com peso normal e crescer normalmente durante uns meses. Mas em algum momento entre o terceiro e o sexto mês elas estacionam e começam a crescer lentamente, tanto em peso como em altura. Mas, isso sim, seu peso é adequado a sua altura. O pediatra pode pedir exames, mas tudo estará normal. Eles ficam no limite ou fora dos gráficos por dois anos, mas por volta dos dois ou três anos eles começarão a crescer mais rápido até atingir uma altura final completamente normal e são adultos de estatura mediana. Isso é uma característica hereditária e pode ser muito tranquilizante quando as avós finalmente admitem que o pai ou o tio "também era muito miúdo no início e o pediatra vivia dando vitaminas", mas no final de tudo ele cresceu”.

Componentes do leite materno e do leite artificial

Segundo informações do artigo Aleitamento Materno versus Aleitamento Artificial, os componentes do leite materno e do artificial são distintos e divididos em:

Leite materno
Devido à sua composição nutricional balanceada, o leite humano é considerado um alimento completo e suficiente para atender as necessidades nutricionais da criança durante os seis primeiros meses de vida Fórmulas infantis para lactentes são elaboradas à base de leite de vaca ou de outros animais são produtos em forma líquida ou em pó, destinados à alimentação de lactentes, sob prescrição ou não, em substituição total ou parcial do leite humano.

Energia: o leite materno contém aproximadamente 70 kcal/100 ml. Os lipídios promovem 51% da energia total do leite, carboidratos fornecem 43% e proteínas 6%. Assim sendo, durante a amamentação o bebê recebe uma dieta rica de lipídios, no qual seu metabolismo é adaptado a utilizá-lo como principal fonte de energia.
Carboidrato: a lactose é o principal carboidrato encontrado no leite materno, porém contém pequenas quantidades de galactose, frutose e outros oligossacarídeos. Além do papel nutricional, a lactose auxilia a absorção de cálcio e ferro e promove a colonização intestinal com lactobacillus bifidus, que auxiliam na redução do pH intestinal, criando meio desfavorável ao crescimento de enterobactérias, evitando assim infecções intestinais.
Lipídios: os ácidos graxos são essenciais para o metabolismo cerebral, como também para o transporte de vitaminas e hormônios lipossolúveis. As concentrações de lipídio se modificam tanto quantitativamente como qualitativamente em relação à dieta materna, bem como ao longo da mamada, de tal forma que o leite final apresenta quatro a cinco vezes mais gordura que o leite no início da mamada, importante para a saciedade do bebê.
Proteínas: nas proteínas do leite humano, a principal constituinte é a lactoalbumina. A caseína do leite materno ajuda a proteger contra infecções intestinais, evitando a aderência de bactérias na mucosa intestinal.
Vitaminas: em relação às vitaminas apresenta conteúdo suficiente para suprir as necessidades do lactente, das quais as vitaminas A e do complexo B podem variar, de acordo com a ingestão materna.

Leite artificial
As fórmulas infantis são desenvolvidas a partir do leite de vaca, tendo como referência o leite humano. Algumas são adicionadas de soro de leite, resultando em melhoria na relação proteína do soro: caseína e melhor digestibilidade. Também tem acréscimo de carboidratos, visando à adequação energética. Elas são parcialmente desnatadas, desmineralizadas e adicionadas de óleo vegetal, vitaminas e ferro.
Energia: depois de reconstituída, as fórmulas lácteas devem conter 60 kcal/100 ml e não mais do que 85 kcal/100 ml.
Proteína: grande parte das fórmulas infantis é elaborada a partir da mistura de leite de vaca e soro de leite, visando aproximar a relação proteína do soro caseína ao que é encontrado no leite humano e melhorar a digestibilidade.
Lipídios: é composto de gordura láctea e distintas fontes de origem vegetal (soja, milho, girassol, canola, palma). Segundo o Codex Alimentarius, as fórmulas devem conter no mínimo 300mg/100 kcal de ácido alfa-linoléico.
Carboidratos: algumas têm acréscimo apenas de lactose, visando melhor se aproximar ao que é encontrado no leite humano. Outras contêm carboidratos de mistura com diferentes tipos (lactose, sacarose, maltose-dextrina, polímero de glicose e amido).
Vitaminas e minerais: os teores de vitaminas e minerais das fórmulas infantis devem estar de acordo com a legislação vigente.

Riscos para a criança alimentada com leite artificial

Segundo informações de Aleitamento Materno versus Aleitamento Artificial, “Existem vários riscos à saúde da criança alimentada com fórmulas infantis, como alterações gastrintestinais, alergias alimentares devido à proteína do leite de vaca ser considerada um potente alérgico. Alterações respiratórias, pois lactentes não amamentados têm 17 vezes mais chances de serem internados com pneumonia, indicando que o leite materno protege a criança contra pneumonia e impede a adesão e colonização de patógenos bacterianos respiratórios em orofaringe de lactentes aumentando a imunidade das mucosas contra infecções Os recém-nascidos são os que correm maior risco de infecção, em especial os pré-termos, os de baixo peso ao nascer e os imunologicamente comprometidos”. Um material da IBFAN Brasil lista os riscos para o bebê e para a mãe:

Para bebês e crianças
1. Maior risco de asma
2. Maior risco de alergias
3. Desenvolvimento cognitivo reduzido
4. Maior risco de doença respiratória aguda
5. Maior risco de mal oclusão
6. Maior risco de infecção por contaminação da fórmula
7. Maior risco de deficiências nutricionais
8. Maior risco de cânceres infantis
9. Maior risco de doenças crônicas
10. Maior risco de diabetes
11. Maior risco de doença cardiovascular
12. Maior risco de obesidade
13. Maior risco de infecções gastrintestinais
14. Maior risco de morte
15. Maior risco de otite média e outras infecções no ouvido
16. Maior risco de efeitos secundários de contaminantes ambientais

Para as mães
1. Maior risco de câncer de mama
2. Maior risco de excesso de peso
3. Maior risco de câncer de ovário e endométrio
4. Maior risco de osteoporose
5. Redução do espaçamento entre nascimentos
6. Maior risco de artrite reumatoide
7. Maior risco de estresse e ansiedade
8. Maior risco de diabetes materno

Por isso, o leite artificial não é recomendado como primeira opção de alimento para um bebê e deve ser indicado em situações específicas (e também por isso é importante buscar referências atualizadas e profissionais informados sobre amamentação). Há casos em que a fórmula infantil é realmente recomendada? Sim. O aleitamento materno não é recomendado para mães infectadas por HIV, HTLV1 e HTVL2 e para criança portadora de galactosemia, doença hereditária em que o corpo não consegue metabolizar galactose para glicose. Em casos de herpes, doenças de chagas, abcesso mamário é recomendado a interrupção temporária da amamentação. Qualquer outra indicação de fórmula infantil deve ser avaliada pelo pediatra (que seja a favor da amamentação, evidentemente; atenção para recomendações realizadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria, SBP, patrocinada pela Nestlé) em conjunto com os pais do bebê. As fórmulas infantis foram criadas com o objetivo de substituir o aleitamento materno, mas a composição das fórmulas não é igual a do leite materno, que possui propriedades específicas de mãe para filho. Além de compreender que o leite materno não é fraco ou só água, é importante que a mãe se prepare para a amamentação.

Mães que deram fórmula infantil aos seus filhos

“Dei fórmula infantil ao meu filho por indicação da pediatra pelo baixo ganho de peso no mês. Dei em casa, depois de um mês do nascimento. Apesar de ter bastante leite no peito, a pediatra disse que o ganho tinha sido pouco para dar a fórmula e ver se ele ganhava e não ser necessário exames invasivos (senti como uma ameaça). Achei que meu leite fosse fraco porque ele teve ganho considerável, a pediatra disse que poderia ser leite fraco, apesar de dizerem que isso não existe. O intestino dele ficou péssimo. Ele fazia quantidades absurdas de coco, vomitava em jatos, passou a ter muitos gases, cólicas e ficava incomodado. Ficava se retorcendo mesmo dormindo. Durante os dois primeiros meses usamos chupeta, e enquanto foi dado complemento ele foi dado na mamadeira. Não recebi orientação para dar em outro recipiente ou sobre confusão de bicos”.
Rutielle Isabel Domingues Evangelista (SP), 25, mãe de Vinicius, seis meses

“A fórmula foi receitada na saída da maternidade pelo fato da bebê ter pedido mais de 10% do peso. Tentei chegar em casa e amamentar, mas por falta de informação achava que o choro era falta de leite, então comprei uma lata e dei na segunda noite em casa. Não achava que era leite fraco, apenas achava que não tinha leite até a apojadura chegar. Não notei diferença no trato intestinal nem na imunidade. Dei fórmula de forma complementar na mamadeira por 10 dias”.
Priscilla Vargas Azevedo de Lima (SP), 37, mãe de Rebeca, dez meses.

“Com 21 dias de vida, detectamos que a Helena estava 500g abaixo do peso do nascimento. Aos 30 dias de vida, verificamos que não havia ganho nenhum peso na última semana, e estava estagnada tanto no crescimento da altura quanto no perímetro cefálico. O baixo (nulo, no caso) ganho de peso foi atribuído à mamoplastia que eu havia me submetido 17 anos antes. Introduzi a fórmula aos 32 dias de vida, já em casa. No caso específico da Helena, além de ganhar peso, ela precisava crescer e aumentar o perímetro cefálico, visto que os números se mantinham desde o nascimento. Nunca desacreditei na qualidade do meu leite, tanto que insisti por 10 dias no LM para reversão do "não crescimento" da bebê. Creio que a dificuldade foi por conta da mamoplastia, possivelmente por baixa produção ou por dificuldades para a bebê efetuar a ordenha por alterações na anatomia da minha mama. Antes da introdução do LA, a Helena evacuava pouquinho, diariamente. Após o início do LA, a Helena passou a evacuar a cada dois dias, em bastante quantidade. Percebi um aumento MUITO grande no volume da urina. Não percebi qualquer diferença na imunidade dela. Mas mantivemos o leite materno em livre demanda. Cheguei a oferecer o leite artificial umas quatro vezes na mamadeira, mas percebi que mesmo em poucas vezes, ela passou a apresentar confusão de bicos. Passei a ofertar no copinho por uns 10 dias, quando fui apresentada à sonda (relactação/translactação). Utilizamos a sonda por três meses, mas a bebê começou a errar a pega. Há 45 dias, passamos a usar a colher dosadora e a qualidade da pega melhorou e a bebê está passando mais tempo no peito”.
Luciana Olcerenko Cicca (SP), 32, mãe e Helena, seis meses.

Leia mais:
Amamentação: passe dos desafiadores 30 primeiros dias
Quer amamentar? Você pode, inclusive com prótese de silicone e mamoplastia redutora

Redação taofeminino
you might also like