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Síndrome de Down e desenvolvimento: desmistificando o tema

by Ana Paula Sanches ,
Síndrome de Down e desenvolvimento: desmistificando o tema© iStock

Especialistas esclarecem as principais dúvidas sobre a síndrome

Summary
  1. · Por que a Síndrome de Down acontece?
  2. · A Síndrome de Down traz algum problema à saúde?
  3. · Os cuidados com a saúde que a Síndrome de Down exige
  4. · Síndrome de Down e escolaridade: existem barreiras para o aprendizado?
  5. · E se você descobriu que um novo membro da família terá a Síndrome de Down...

A Síndrome de Down é mais frequente do que se imagina. Estima-se que uma em cada 700 crianças nasçam com a condição, descrita pela primeira vez no ano de 1856 pelo médico inglês John Langdon Down – daí a origem do nome.

Embora já seja conhecida há algum tempo, é normal os pais se assustarem ao saberem que seu filho nascerá com a síndrome, afinal, ainda existem muitos mitos em relação ao Down: “Ele (a) poderá estudar normalmente? ”. “É verdade que ele terá uma expectativa de vida menor do que as demais? ”. Conversamos com diversos profissionais da saúde para esclarecer essas e outras dúvidas, mas já te adiantamos: fique calma. A ciência evoluiu e o acompanhamento às crianças com Síndrome de Down as permite levar uma vida bastante independente.

Por que a Síndrome de Down acontece?

Pelo padrão genético, 23 cromossomos paternos devem encontrar 23 maternos, formando pares e totalizando os 46 cromossomos que formam nosso DNA. Mas, no caso da Síndrome de Down, uma divisão inesperada do cromossomo de número 21 faz com que ele se divida em três e, assim, o indivíduo passe a ter 47 cromossomos – um a mais do que o total esperado. Essa é a principal causa da síndrome e, por se dar logo na primeira formação da criança, não pode ser evitada, apenas detectada ao longo da gravidez.

A Síndrome de Down traz algum problema à saúde?

Pessoas com a síndrome podem apresentar uma estatura menor do que as demais. Dificuldades para andar e falar (problemas neuropsicomotores) também podem surgir, além de algumas particularidades que variam de caso a caso, de acordo com as necessidades da criança ao longo da vida. Mas, tudo pode ser acompanhado e controlado pelos especialistas certos.

É importante que os pais se preocupem com a alimentação dos pequenos, pois crianças com Síndrome de Down tendem a ter imunidade baixa, o que as leva a desenvolver infecções mais facilmente. “A anatomia das orelhas e da face também podem facilitar o desenvolvimento de infecções respiratórias, como otites”, ressalta o médico geneticista Eduardo Perrone, da APAE, associação de São Paulo que presta diversos tipos de atendimento aos excepcionais.

Os cuidados com a saúde que a Síndrome de Down exige

A criança com Síndrome de Down deve ser avaliada por um geneticista para que ele explique a causa da condição, bem como estabeleça um protocolo de acompanhamento do pequeno e avaliem as possibilidades de recorrência em futuras gestações do casal.

É essencial que uma equipe multidisciplinar acompanhe o pequeno. Pediatras e neurologistas são fundamentais para avaliar e identificar todo tipo de problema de desenvolvimento. Fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais são indispensáveis devido ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, que citamos no item acima. Pedagogos e psicopedagogos também devem estar presentes para garantir que uma experiência escolar positiva e que ele se desenvolva de forma plena, feliz e saudável.

Síndrome de Down e escolaridade: existem barreiras para o aprendizado?

Primeiramente é necessário deixar claro que a criança com Síndrome de Down pode SIM frequentar escolas regulares e conviver com outras crianças da sua faixa etária. Essa é, inclusive, uma das bandeiras levantadas pela APAE. Segundo Viviane Périco, que participa do serviço de apoio à inclusão escolar da Instituição, pessoas com deficiência intelectual devem frequentar classes comuns e que ofereçam recursos pedagógicos para que todos aprendam igualmente. “Observamos que os alunos inseridos em classes regulares apresentam avanços significativos em seu desenvolvimento, o que também propicia as crianças que não têm a síndrome a oportunidade de praticar o respeito às diferenças”, pondera Viviane.

O problema ainda é, muitas vezes, a falta de acolhimento por parte dos colégios regulares a essas crianças. Não é raro vermos na mídia casos de mães que não conseguem encontrar escolas que aceitem seus filhos – especialmente as públicas. A inclusão social vem sendo cada vez mais discutida no País, mas as barreiras ainda existem. “A inclusão no Brasil ainda deixa muito a desejar, mas, quando bem-feita, gera ótimos resultados. A criança com Síndrome de Down tem condições de acompanhar as demais, porém é importante que a escola colabore com a socialização”, explica a psicóloga Ana Paula Cavaggioni, de São Paulo.

Por fim, é importante também que a família esteja atenta às necessidades da criança e busque sempre auxiliá-la da melhor forma. “Um esforço conjunto entre instituição e família pode resultar numa parceria de sucesso”, conclui a psicopedagoga Vanessa Rodrigues, da Clia Psicologia, Saúde e Educação.

E se você descobriu que um novo membro da família terá a Síndrome de Down...

Sabemos que ninguém espera receber essa notícia e que ela dá margem a diversos medos, preocupações e questionamentos, mas pouco a pouco os especialistas conseguirão mostrar a você que seu filho (ou sobrinho, neto, afins) poderá se desenvolver e levar uma vida independente. “Os sentimentos ruins vão sendo dominados na medida em que você começa a estabelecer um contato maior com seu bebê”, explica a psicóloga Beatriz Pawel, de São Paulo.

Lembre-se de que seu filho é, antes de tudo, uma criança. Por esse motivo, ele deverá passar por todas as fases de seu desenvolvimento normalmente, recebendo amor em todas as etapas. “Estimular desde cedo, criar um ambiente acolhedor e brincar com o bebê são atitudes necessárias não só às crianças com Down, mas a todas, e ajudarão muito em sua formação social”, finaliza Ana Paula. Como dissemos logo no começo, as expectativas para o desenvolvimento das crianças especiais melhoraram muito e, atualmente, estima-se que pessoas com a síndrome possam viver até 70 anos.

Por falar em filhos...

Ana Paula Sanches
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