Como não cair em golpe de preço falso na Black Friday com checagens rápidas

Como não cair em golpe de preço falso na Black Friday com checagens rápidas

Black Friday no Brasil virou um campo minado de “metade do dobro”. Loja anuncia 70% off, mas o preço “de” nunca existiu. Você não tem tempo para virar auditor de planilha. Ainda assim, dá para escapar dos golpes com checagens rápidas e pragmáticas — aquelas que cabem entre um café e o próximo boleto.

Estava na fila da padaria quando um amigo me mandou o “achado do dia”: um notebook “de R$ 5.999 por R$ 3.199”. Dois toques e a oferta brilhou no celular. O cronômetro corria, o carrinho piscava, e alguém lá no alto do site dizia “últimas 7 unidades”. Respirei. Joguei o modelo no Google com as palavras “histórico de preço”. Em dois cliques, o tal notebook custava R$ 3.099 no começo do mês. A “promo” era só espuma.

Fechei a tela e voltei ao pão na chapa. O desconto era bonito. A matemática, não.

O golpe do preço que nunca foi real

A tática mais comum tem nome conhecido: **metade do dobro**. O lojista infla o preço de referência dias antes, cria um “de” vistoso e derruba para o “por” numa sexta de novembro. Você olha a faixa vermelha, sente a urgência e aperta o botão. A mente ama âncoras. Quando a primeira cifra é alta, todo resto parece pechincha. A pressa ajuda a história a colar.

Vi isso acontecer com uma TV de 55 polegadas que um leitor acompanhava há meses. Em outubro, ela variava entre R$ 2.699 e R$ 2.899. Na semana da Black Friday, subiu para R$ 3.899 e desceu “em oferta” para R$ 2.799. O print do gráfico não mente. A mesma novela se repete com eletroportáteis, celulares e cadeiras gamer. Monitoramentos anuais do Procon-SP e de comparadores como Zoom e Buscapé costumam flagrar dezenas de casos parecidos, sempre embalados por banners gritantes e contagens regressivas.

Funciona por causa do efeito de ancoragem e do FOMO, o medo de perder. Timers, pop-ups de “alguém acabou de comprar” e cupons com prazo curto comprimem sua decisão. Marketplaces adicionam um tempero: vendedores terceirizados com pouca reputação surgem do nada e somem na segunda-feira. Sem ver o histórico, a gente compra uma história, não um preço. E a história foi escrita para vencer você no cansaço.

Checagens rápidas que salvam seu bolso

Abra o produto e pesquise o mesmo modelo + “histórico de preço” no Google. Entre em dois ou três comparadores (Zoom, Buscapé, JáCotei) e, se for Amazon, olhe o Keepa. Veja 30, 60 e 120 dias. Compare SKU, voltagem, cor e memória. Anote o menor preço real do período, some frete e calcule o valor final. Se a oferta não bate esse piso com margem, não é oportunidade. É ruído.

Outra checagem expressa: avalie o vendedor. Clique no nome, veja **CNPJ do vendedor** no rodapé, reputação no Reclame Aqui e selo ebit. Leia três avaliações recentes e procure atrasos e produto diferente do anunciado. Teste o carrinho para ver frete e prazo antes de se empolgar com o “por”. Salve prints do gráfico e da página. Sejamos honestos: ninguém faz isso todos os dias. Faça quando a compra pesa no orçamento, porque é aí que dói quando dá errado.

Quando a oferta chega por WhatsApp, desconfie do link encurtado e de QR Code para Pix fora do checkout oficial. Prefira cartão virtual com limite ajustado e compra em site que você já conhece. É melhor perder um “desconto” do que ganhar uma dor de cabeça.

“Desconto bom sobrevive ao histórico e ao frete. Se só existe naquela janela de pânico, é marketing, não milagre.”

  • Pesquise o histórico em 2 fontes diferentes.
  • Confirme o SKU e o vendedor real do marketplace.
  • Calcule com frete e juros do parcelamento.
  • Desconfie de Pix enviado por chat ou e-mail.

Para pensar antes do próximo clique

A gente já viveu aquele momento em que o coração compra antes da cabeça. Na Black Friday, isso é o produto. Sua defesa é tempo e método, em versão pocket. Dois comparadores abertos, uma olhada no Reclame Aqui, uma busca pelo nome da loja + “golpe” e mais um teste de carrinho para ver o valor completo. Se o site for novo, busque endereço físico, política de devolução clara e atendimento ativo. Não clique em link de “atendente” que aparece por fora do chat. Pague de forma que permita estorno. Releia o preço real de novembro passado e o de hoje. **Não existe desconto que valha uma compra sem rastro.** Você não precisa virar detetive digital, só adotar micro-hábitos que alargam sua margem de segurança. O algoritmo quer velocidade. Sua carteira prefere respiradouro. Escolha quem ganha.

Ponto Chave Detalhe Interesse do leitor
Histórico de preços Ver 30/60/120 dias em 2 comparadores Saber se o “desconto” é real
Vendedor verificado CNPJ, reputação e política de devolução Evitar marketplace problemático
Pagamento seguro Cartão virtual e nada de Pix por chat Facilidade de estorno e menos golpe

FAQ :

  • Como checar rápido se o desconto é falso?Busque o modelo + “histórico de preço”, compare em Zoom e Buscapé e veja o menor valor dos últimos 60 dias. Se a “oferta” não superar esse piso com frete incluso, passe.
  • Marketplace é seguro?Pode ser, mas depende do vendedor. Clique no nome, confirme CNPJ, leia avaliações recentes e confira selo ebit. Prefira quem tem loja oficial e política de devolução clara.
  • Pix na Black Friday é cilada?Pix pode ser legítimo no site oficial. Golpe é Pix enviado por chat, e-mail ou link encurtado. Sem proteção de estorno, o risco é seu. Cartão virtual dá margem de manobra.
  • Timer e “últimas unidades” indicam oferta real?São gatilhos de urgência. Sirvem para pressionar decisão. O que valida a oferta é o gráfico histórico e o preço final com frete e juros.
  • O que fazer se caí em preço falso?Guarde prints, acione o SAC, abra reclamação no Procon e no Reclame Aqui. Com base no CDC, peça cancelamento ou reembolso. Em cartão, solicite contestação.

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