Você mora na região metropolitana? 10.870 ha, trilhas e água: morro grande vira parque estadual

Você mora na região metropolitana? 10.870 ha, trilhas e água: morro grande vira parque estadual

Uma floresta discreta às margens da capital guarda nascentes, bichos raros e caminhos que têm tudo para ganhar vida nova.

O Governo de São Paulo oficializou o Parque Estadual do Morro Grande, em Cotia, ampliando a proteção da Mata Atlântica e a segurança hídrica do Sistema Alto Cotia. A decisão mexe com quem vive na Região Metropolitana, com reflexos no abastecimento, no uso público e no planejamento urbano do entorno.

Por que isso mexe com a sua vida

O Morro Grande abriga as nascentes do rio Cotia e cursos d’água que alimentam os reservatórios Pedro Beicht e Cachoeira da Graça. O conjunto integra o Sistema Alto Cotia, que atende mais de 400 mil pessoas. A proteção integral reduz o risco de contaminação e garante vazão mais estável em períodos secos.

10.870 hectares protegidos em Cotia, o equivalente a cerca de 10 mil campos de futebol e a um terço da cidade.

A mudança também cria novas regras no território. A Fundação Florestal, ligada à Semil, assume a gestão e passa a organizar a visitação, a pesquisa científica e a fiscalização. A pressão por loteamentos, estradas clandestinas e caça ilegal tende a cair com presença permanente de equipes.

O que muda com o status de parque estadual

O antigo modelo de “reserva florestal”, criado em 1979, dava pouca visibilidade pública. Agora, como unidade de proteção integral, o parque tem foco em conservação, com visitação controlada e atividades educativas.

Pesquisa autorizada, educação ambiental e turismo de baixo impacto entram; extração de madeira, caça e ocupações irregulares saem.

O que muda Impacto para você
Gestão pela Fundação Florestal Atendimento estruturado, regras claras de acesso e canais de denúncia
Proteção integral da Mata Atlântica Mais segurança hídrica e paisagem natural preservada
Visitação educativa e monitorada Trilhas guiadas, horários definidos e capacidade limitada
Programas de pesquisa e monitoramento Dados sobre fauna, flora e qualidade da água publicados periodicamente
Zona de amortecimento no entorno Regras para empreendimentos próximos e fiscalização reforçada

Regras de uso e visitação

A visitação começa de forma gradual e por agendamento. A gestão define capacidade de carga das trilhas para evitar erosão e barulho excessivo. Grupos de escolas e universidades terão roteiros específicos, com monitores credenciados. Eventos com som, bicicletas em áreas sensíveis e acampamentos fora de locais demarcados não terão autorização.

O Plano de Manejo estabelece trilhas, mirantes e áreas de pesquisa. A sinalização informa tempo de percurso e nível de dificuldade. O parque adota conduta de mínimo impacto, com “leve o seu lixo de volta” e proibição de fogueiras.

Biodiversidade que pede cuidado

Levantamentos do programa Biota-Fapesp apontam 260 espécies arbóreas e 198 espécies de aves registradas. Mamíferos de médio porte circulam na mata e indicam corredores ecológicos preservados. A diversidade de aranhas orbitelas serve como termômetro da qualidade ambiental e de micro-hábitats.

  • 260 espécies de árvores mapeadas em diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica
  • 198 espécies de aves, com presença de frugívoros que regeneram a floresta
  • Dezenas de mamíferos, alguns com hábitos noturnos e sensíveis à fragmentação
  • Riachos de cabeceira que mantêm a temperatura e a oxigenação ideais para a fauna aquática

A floresta em pé garante água mais limpa na nascente, reduz custos de tratamento e mantém a vazão em tempos de estiagem.

Prazo, gestão e próximos passos

O anúncio integra a agenda ambiental do programa SP+Verde e antecede a COP 30, marcada para 2025 em Belém. A equipe técnica inicia o mapeamento de trilhas e instala bases operacionais. A meta é abrir ao público no próximo semestre, com prioridade para roteiros educativos e monitorados.

A Fundação Florestal coordena conselhos consultivos com participação de moradores, pesquisadores e gestores de saneamento. O colegiado acompanha obras, autoriza pesquisas e pactua regras de uso. Relatórios de fauna e água devem orientar ações de restauração de áreas degradadas.

Infraestrutura e trilhas previstas

O parque deve receber portarias com controle de acesso, centro de visitantes e painéis interpretativos. Trilhas curtas atendem famílias e idosos, com trechos acessíveis. Caminhos mais longos se destinam a observadores de aves e a interessados em geologia e hidrologia.

Guardiões da fauna orientam visitantes em épocas de reprodução. Pórticos e cercas protegem margens de rios e evitam pisoteio em nascentes. A operação inclui brigadas de incêndio florestal com resposta rápida em dias de baixa umidade.

O que isso significa para Cotia e região

O parque consolida Cotia no mapa da conservação metropolitana. A política pública reduz conflitos fundiários, valoriza pesquisa aplicada e incentiva negócios de base sustentável no entorno. Serviços ambientais passam a ter métricas e indicadores, o que facilita parcerias com saneamento e universidades.

A transformação coletiva também traz responsabilidades. O entorno precisa controlar impermeabilização de solo, ligações clandestinas de esgoto e supressões ilegais. Bairros próximos se beneficiam de microclima mais ameno e de amortecimento de enchentes em chuvas fortes.

Como o visitante pode se preparar

Planeje a ida com antecedência e informe o tamanho do grupo. Leve água, capa de chuva e calçado fechado, mesmo em trajetos curtos. Mantenha distância de animais silvestres e faça fotos sem flash. Use roupas discretas que não atraiam insetos. Respeite o silêncio em pontos de observação.

Aplicativos de navegação offline ajudam em áreas com pouca cobertura de celular. Um kit simples com lanterna, curativos e saco estanque evita imprevistos. Em dias secos, redobre o cuidado com qualquer fonte de calor, inclusive com o motor do carro estacionado sobre capim alto.

Perguntas que costumam surgir

Como fica o acesso de ciclistas? A gestão define rotas específicas, fora de trilhas de alto valor ecológico. E os moradores do entorno? Participam dos conselhos e podem atuar como monitores, guias e fornecedores de serviços locais. Como denunciar irregularidades? A portaria do parque e os canais da Fundação Florestal recebem relatos com fotos e localização.

Haverá cobrança? A política tarifária segue padrões da rede estadual, com isenções para escolas públicas, pesquisadores autorizados e pessoas com deficiência. Programas de voluntariado ajudam na manutenção de trilhas e no apoio a ações educativas.

Dicas práticas e riscos a evitar

Leve sacolas para o próprio resíduo e recolha bitucas. Evite repelentes e protetores perto de nascentes; aplique antes da trilha. Sinalize a saída e o retorno com alguém de confiança. Respeite portões e aceiros; eles protegem a fauna e evitam a fuga de fogo.

Abandono de animais, fogo, coleta de plantas e uso de drones em áreas sensíveis geram multa e podem fechar trilhas.

Contexto ampliado para o leitor

O Morro Grande se soma a outras áreas protegidas da Região Metropolitana, como Cantareira, Jaraguá e Juqueri. Juntas, elas formam corredores de Mata Atlântica que armazenam carbono, regulam temperatura e garantem água. Esse mosaico urbano-natural precisa de ligações seguras, passagens de fauna e restauração de margens de rios.

Quem deseja estudar ou apoiar o parque pode buscar o Plano de Manejo, o calendário de reuniões do conselho e os editais de pesquisa. Projetos de ciência cidadã, como listas de aves e registros de mamíferos por armadilhas fotográficas, ajudam a preencher lacunas de dados e a orientar decisões.

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