Você aceitaria subir? moto de papelão com farol e motor simulado surpreende Paraíba em 55 dias

Você aceitaria subir? moto de papelão com farol e motor simulado surpreende Paraíba em 55 dias

Um projeto artesanal nascido em sala de aula ganhou ruas, celulares e rodas de conversa no interior da Paraíba.

Aluno de física da UFCG, o paraibano Hector Diego, 19, calculou, desenhou e construiu uma réplica de motocicleta usando papelão e peças simples. Inspirado na Africa Twin CRF 1100, o protótipo virou atração em Cuité e provocou debates sobre criatividade, ciência aplicada e reciclagem.

Quem é o autor do projeto

Hector cursa graduação em física na Universidade Federal de Campina Grande, campus de Cuité. Ele mora na cidade, atua com artesanato e organiza eventos locais. Entre livros e ferramentas, decidiu transformar exercícios de trigonometria em um desafio prático. A ideia amadureceu após acompanhar vídeos do criador Henry Gonçalves, referência em peças de veículos feitas em papelão.

Com rotina cheia, o estudante dividiu o trabalho entre fins de semana e dias sem aula. O plano básico veio do papel milimetrado. O resto nasceu de medições, ajustes e improvisos cuidadosos.

Em 55 dias, o estudante ergueu uma réplica funcional em aparência, com iluminação, partes móveis e estrutura reforçada.

Como a réplica foi construída

O desenho seguiu proporções inspiradas no modelo Africa Twin CRF 1100, versão MT. Hector definiu ângulos, decompôs o conjunto em triângulos e retângulos e trabalhou com escala para manter a fidelidade do desenho. A cada peça, conferiu medidas e compatibilidade entre os elementos. O objetivo era reproduzir o visual e simular movimentos, não criar um veículo circulável.

Materiais e medidas

  • 15 caixas de fogão reaproveitadas como principal matéria-prima.
  • 4 caixas grandes de bicicleta para partes de carenagem e painéis.
  • 2 caixas de armário para recortes estruturais e chapas maiores.
  • Vergalhão para dar base e rigidez à estrutura interna.
  • Metalon e canos em pontos de sustentação e geometria da “chassi”.
  • Motor elétrico para simular o movimento de pistões.
  • Fiação, interruptor e lâmpadas de LED para o farol e acionamento elétrico.
Material Função no protótipo
Papelão de caixas Carenagens, painéis e volume visual do conjunto
Vergalhão e metalon Estrutura, alinhamento e resistência nos pontos críticos
Motor elétrico Simulação de movimento do conjunto mecânico
LED e interruptor Iluminação do farol e teste do circuito elétrico
Fiação Conexão entre fonte e componentes elétricos

Apesar da aparência de bicicleta em alguns ângulos, a base do conjunto foi feita à mão a partir de cálculos. O estudante usou matemática aplicada para ajustar distância entre eixos, diâmetros de rodas simuladas e altura de carenagens. Ao final, conferiu as medidas com especificações públicas do modelo de inspiração para validar proporções.

Trigonometria, divisão em ângulos e escala foram o “manual de montagem” que guiou cada recorte e cada fixação.

O que a réplica faz (e o que não faz)

O protótipo acende farol, movimenta peças com auxílio do motor elétrico e mantém forma e ergonomia visual próximas às de uma big trail. Ele não pode circular em vias públicas, não possui chassi numerado, não tem placa e não passou por homologação.

É proibido pilotar protótipos sem registro, chassi e placa. A legislação de trânsito exige homologação e licenciamento.

Hector deixa claro que a peça é uma réplica de caráter artístico e didático. Ela serve para demonstrações, fotos e eventos. O estudante movimenta a moto para exibição, mas evita “andar” sobre ela como se fosse um veículo, justamente para cumprir a norma e preservar o trabalho.

Repercussão e impacto

O projeto atraiu moradores e motociclistas de cidades próximas. No TikTok, um vídeo de atualização passou de 3 milhões de visualizações em menos de 24 horas. A curiosidade nasceu da combinação entre aparência realista e materiais populares.

Curiosidade viral, visita de moto clubes e mensagens de jovens: a réplica ampliou conversas sobre ciência e reuso.

Na região de Cuité, o trabalho reacendeu o interesse por reciclagem criativa. Oficinas escolares pediram demonstrações. Artesãos locais passaram a trocar técnicas e fornecedores de sucata limpa. Professores chamaram o estudante para falar de cálculo, escala e segurança em protótipos.

Por que isso importa para você

Projetos assim aproximam ciência do cotidiano. Conceitos como escala, ângulo e somatória ganham função prática. O reaproveitamento de caixas reduz resíduos e mostra caminhos de baixo custo para aprendizagem de engenharia, design e elétrica. Jovens veem que fórmulas rendem objetos tangíveis e que criatividade pode nascer do que iria para o lixo.

Quer tentar algo semelhante?

  • Planeje o desenho com medidas e escala definidas antes do primeiro corte.
  • Reforce pontos de carga com perfis metálicos ou madeira seca, se necessário.
  • Separe fiação e componentes elétricos de áreas suscetíveis a umidade.
  • Use luvas, óculos e ferramentas apropriadas para cortes e dobras.
  • Evite testar em via pública. Prototipagem não substitui veículo homologado.

Custos, riscos e alternativas técnicas

Papelão tem baixíssimo custo e alta disponibilidade. Ele pesa pouco e aceita colagens e dobras com facilidade. Em contrapartida, absorve umidade, perde rigidez e queima com facilidade. Reforços com vergalhão e perfis metálicos elevam a durabilidade, mas pedem atenção ao peso e ao equilíbrio do conjunto.

Para quem busca acabamento mais durável, resina e fibra de vidro criam carenagens resistentes. Já o MDF permite cortes precisos em CNC, com preço ainda acessível. Impressão 3D viabiliza peças pequenas e detalhadas, como suportes e emblemas, sem comprometer o orçamento do protótipo.

Legalidade e segurança

Prototipagem e arte móvel são permitidas em ambientes privados ou eventos. Conduzir em via pública exige registro, chassi, placa e conformidade com regras do Contran. A falta de homologação caracteriza infração. Para transporte, use reboque, carregue a peça e evite vias de tráfego se houver dúvidas sobre enquadramento.

Sem registro no Detran, o protótipo deve ser tratado como peça artística ou educacional e exibido com cautela.

Educação, inspiração e próximos passos

Hector quer inspirar novos criadores. O caso alimenta clubes de ciência, feiras escolares e grupos de makers. Professores podem usar o projeto para propor exercícios de escala 1:10, cálculo de ângulos de carenagem e estimativa de centro de massa. Alunos podem simular melhorias com softwares de desenho e depois validar no material real.

Quem pretende avançar pode planejar módulos intercambiáveis: roda, tanque, carenagem e farol removíveis. Isso facilita manutenção, transporte e evolução do protótipo. A prática alimenta portfólios, abre portas em design e engenharia e fortalece redes locais de artesãos e técnicos.

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