Licenças ambientais, equipes em campo e trilhos adormecidos prestes a renascer movimentam o corredor entre Campinas e São Paulo.
A concessão TIC Trens fecha um cronograma e antecipa frentes entre Jundiaí e Campinas a partir de 2026, com intervenções pesadas no eixo capital–Jundiaí em 2027. O plano coloca o primeiro trem de média velocidade do país no horizonte e mexe com a rotina de milhares de passageiros.
O que muda em 2026 e 2027
A TIC Trens trabalha em relatórios ambientais exigidos pela Cetesb e projeta a licença em até seis meses. Com essa janela, a empresa pretende abrir frente de obra em maio de 2026 no trecho Jundiaí–Campinas, hoje com vias desativadas. O pacote inclui a reativação da faixa ferroviária e a implantação do Trem Intermetropolitano com novas paradas.
Primeiros canteiros: maio de 2026 entre Jundiaí e Campinas, com estações em Louveira, Vinhedo e Valinhos.
Obras pesadas: abril de 2027 entre Água Branca e Jundiaí, no eixo que liga a capital ao interior.
O CEO da concessionária, Pedro Moro, aponta 2027 como o ano em que o canteiro ganha corpo no trecho mais sensível, entre Água Branca e Jundiaí. Ali, a obra conviverá com a operação da Linha 7-Rubi e com trens de carga da MRS. O traçado precisa acomodar todas as vias dentro da mesma faixa de domínio, o que exige engenharia fina, mudança de posição de trilhos e reconfiguração de sistemas.
Licenças e autorizações em fase decisiva
Os estudos ambientais avançam para cumprir as exigências da Cetesb. A TIC Trens já solicitou uma primeira autorização para o segmento Jundiaí–Campinas, onde o leito permite intervenções indiretas sem paralisar serviços metropolitanos. A estratégia reduz riscos de calendário e cria ritmo antes de encarar o gargalo metropolitano.
Desafios no corredor da Linha 7-Rubi
O corredor Água Branca–Jundiaí concentra complexidade. A MRS opera cargas estratégicas e a Linha 7 não pode parar. As equipes estudam a movimentação de trilhos existentes, inclusive pequenos deslocamentos de via em trechos críticos, para abrir espaço ao Trem Intercidades. A obra também prevê refazer o lastro de brita e atualizar a sinalização, herdados de uma infraestrutura centenária que nasceu no ciclo do café.
Sem parar a Linha 7, a obra exigirá deslocamentos de trilhos, refação de lastro e atualização de sinalização em faixa ativa.
Como a obra deve conviver com a operação
A concessionária avalia janelas de trabalho em horários de menor demanda, intervenções noturnas e sequenciamento por segmentos curtos. Essa abordagem reduz risco operacional e limita impactos ao passageiro diário. A coordenação com a MRS define regras de circulação, proteção de frentes e protocolos de segurança durante os cortes de via programados.
O que você pode esperar do trecho Jundiaí–Campinas
A reativação do leito entre Jundiaí e Campinas deve devolver mobilidade regional ao eixo com alta demanda pendular. Três novas estações prometem atrair fluxo local e alimentar o Trem Intercidades no futuro.
- Louveira: acesso para trabalhadores do polo logístico e moradores da região vinícola.
- Vinhedo: conexão com áreas residenciais em expansão e parques industriais.
- Valinhos: atendimento ao eixo residencial–comercial e ligação rápida com Campinas.
O Trem Intermetropolitano funcionará como alimentador natural do serviço de média velocidade. Passageiros poderão seguir de estações locais até hubs de conexão e, de lá, embarcar rumo a São Paulo com menor necessidade de deslocamentos rodoviários.
Linha do tempo provável
| Ano | Marcos previstos |
|---|---|
| Até maio de 2026 | Licença ambiental pela Cetesb para frentes no eixo Jundiaí–Campinas e mobilização de canteiros |
| Maio de 2026 | Início de serviços no leito desativado com obras civis e preparação das novas estações |
| Abril de 2027 | Intervenções pesadas no corredor Água Branca–Jundiaí com reconfiguração de vias e sistemas |
| 1º semestre de 2031 | Previsão de inauguração comercial do Trem Intercidades entre São Paulo e Campinas |
O que já está definido e o que ainda depende de projeto
A TIC Trens confirma a janela de obras e o foco no trecho reativável. Também define a necessidade de refação completa de infraestrutura no corredor metropolitano. As áreas técnicas de TIC Trens e MRS desenham a geometria final das vias, a nova sinalização e a programação de obras por etapas.
- Definido: início das frentes Jundiaí–Campinas em 2026 e obras pesadas capital–Jundiaí a partir de 2027.
- Definido: estações Louveira, Vinhedo e Valinhos no Intermetropolitano.
- Em projeto: deslocamentos de trilhos da Linha 7 e nova configuração de vias compartilhadas.
- Em projeto: cronogramas detalhados de janelas de serviço e protocolos de segurança operacional.
O que é, na prática, um trem de média velocidade
Serviços de média velocidade operam em faixas dedicadas ou prioritárias, com trens regionais que aceleram mais, param menos e usam sistemas modernos de sinalização. Em geral, esses serviços miram viagens de 100 a 200 quilômetros com tempos competitivos frente ao carro e ao ônibus. O conceito difere de trens de alta velocidade, que exigem traçados novos, velocidades muito superiores e investimentos mais elevados.
Impacto para o passageiro frequente
Quem sai de Campinas, Valinhos, Vinhedo ou Louveira ganha previsibilidade ao combinar o Intermetropolitano com o Trem Intercidades. A estratégia promete reduzir o tempo de deslocamento porta a porta, melhorar o conforto e diminuir a dependência da Anhanguera e da Bandeirantes nos horários de pico.
A combinação Intermetropolitano + Intercidades tende a encurtar a viagem e aliviar rodovias estratégicas entre interior e capital.
Riscos e mitigação que você deve acompanhar
Obras em faixa ativa trazem riscos de atrasos por interferências operacionais. Ajustes de projeto após sondagens de campo também podem alterar sequências e datas. A gestão de riscos passa por planejamento minucioso de janelas, redundância de equipamentos de via, estoque de materiais críticos e comunicação direta com usuários em caso de mudanças de serviço.
- Tráfego de carga: coordenação com janelas fixas para liberar frentes sem conflitos.
- Operação da Linha 7: planos de contingência para manter intervalos regulares e segurança nas proximidades dos canteiros.
- Sinalização: migração por módulos, reduzindo cortes de via e preservando a confiabilidade.
- Comunicação: avisos antecipados sobre ajustes de horários e eventuais restrições temporárias.
Como o morador pode se preparar
Quem usa a Linha 7 deve acompanhar avisos de serviço, principalmente à noite e em fins de semana, quando equipes costumam atacar trechos curtos para liberar etapas seguintes. Moradores próximos aos trilhos devem se preparar para períodos com ruído e circulação de veículos de obra. Comerciantes nas áreas das novas estações podem planejar ajustes logísticos e oportunidades de atendimento ao novo fluxo de passageiros.
Informações complementares para ampliar a visão
O leito ferroviário reativado entre Jundiaí e Campinas tende a acelerar projetos urbanos de requalificação no entorno das estações. Cidades que criam calçadas acessíveis, ciclovias de chegada e integração com ônibus capturam mais valor da ferrovia. Um bom exercício é simular seu trajeto diário considerando conexões curtas até a estação mais próxima e comparar com o tempo atual no ônibus ou no carro nos horários de pico.
Outra frente relevante é a tecnologia de sinalização. Sistemas mais modernos permitem reduzir intervalos com segurança, o que aumenta capacidade sem criar novas vias. A TIC Trens fala em refazer do lastro aos sinais. Esse pacote abre espaço para adoção de soluções com controle contínuo de velocidade, melhorando a frenagem e a aceleração e permitindo que o serviço regional entregue regularidade mesmo com trechos compartilhados.


