Um encontro num elevador, um segredo revelado e um namoro colocado à prova reacendem conversas que muita gente adia hoje.
Pedro Novaes, filho de Marcelo Novaes e Letícia Spiller, comenta a parceria com Gabriela Loran e o impacto da história vivida por Leonardo e Viviane no horário nobre. Ele defende uma postura de escuta e responsabilidade, enquanto a trama coloca o público diante de dilemas afetivos e sociais que seguem atuais.
Um romance que começa no improvável
Leonardo conhece Viviane durante uma pane de elevador, no meio de uma crise de pânico. A vulnerabilidade abre espaço para afeto. O encontro vira paixão e descortina um caminho cheio de tensões. Quando Leonardo descobre que Viviane é uma mulher trans, a relação entra em outro patamar. O sentimento bate forte, mas o medo de assumir publicamente expõe preconceitos cotidianos.
Um amor nascido em situação de urgência vira espelho para questionar rótulos, silêncios e a coragem de se posicionar.
Nos bastidores, Pedro descreve uma dinâmica de criação baseada em diálogo constante com Gabriela Loran. Ele enfatiza que os dois combinam, cena a cena, limites, intenções e nuances, para que o casal ganhe verdade e para que cada gesto tenha sentido dramático.
Responsabilidade assumida diante das câmeras
Ao falar do papel, Pedro reforça que a televisão alcança milhões de pessoas e pode atualizar o debate sobre transfobia. Ele reconhece que seu personagem tomará decisões questionáveis e que esse conflito ajuda a expor comportamentos reais. A aposta é provocar reflexão sem didatismo, aproximando o público da experiência de pessoas trans, frequentemente marcadas por violência e exclusão.
Parceria em cena e escuta mútua
Segundo o ator, a construção do romance exige confiança e escuta ativa. Ele e Gabriela trabalham com preparação de elenco, referências de relatos reais e conversas com consultoria especializada. O objetivo é evitar estereótipos e sustentar uma trama afetiva que não gira apenas em torno da transição de Viviane, mas de seus desejos, trabalho e vínculos.
Representação não se resolve com rótulos, e sim com personagens complexos, conflitantes e cheios de camadas.
Quem é a farmacêutica que mexe com o protagonista
Viviane construiu uma carreira sólida como farmacêutica. Firme e empática, ela atua na Farmácia Ferette, em Chacrinha, e participa de ações comunitárias de distribuição de medicamentos. Sua trajetória não começa no romance: antes, vem a amizade de longa data com Gerluce, laço que atravessa escolhas difíceis e sustenta a personagem em momentos decisivos.
Amizade antiga e carreira na comunidade
Enquanto Gerluce priorizou a maternidade e adiou a faculdade, Viviane seguiu no estudo e consolidou a profissão. Elas seguem próximas. Esse elo vira chave para a descoberta de um esquema de remédios falsificados que movimenta outro núcleo da trama. A farmacêutica se torna peça central, equilibrando o trabalho, a ética e a vida afetiva que começa a se expor.
Transfobia em debate no horário nobre
Ao tocar na resistência de Leonardo em assumir o relacionamento, a novela amplia uma conversa doméstica: como lidar com o olhar dos outros. Relatórios de organizações de direitos humanos apontam que pessoas trans seguem entre as maiores vítimas de violência no Brasil. A teledramaturgia não resolve quadros estruturais, mas ajuda a nomear práticas que muita gente normaliza, como piadas, boatos e exclusão familiar.
Para o público, esse enredo abre espaço para repensar comportamentos. Nomes sociais, pronomes e escolhas afetivas merecem respeito, inclusive quando a relação envolve alguém conhecido e querido. O passo seguinte é transformar convicção em atitude cotidiana.
O que você pode fazer a partir da novela
- Respeitar o nome e os pronomes da pessoa, sem corrigir ou “brincar” com isso.
- Intervir quando colegas fizerem piadas sobre transição ou aparência, mesmo fora de cena.
- Se informar com fontes sérias e conversar com a família, inclusive com adolescentes e crianças.
- Oferecer apoio prático: acompanhar em consultas, processos burocráticos ou eventos.
- Denunciar violência e discriminação nos canais oficiais e nas ouvidorias.
Tramas paralelas que devem ganhar força
O arco do romance se cruza com a investigação dos remédios falsificados. A farmácia vira campo de disputa e revela interesses econômicos que afetam a saúde pública. O dilema moral de Leonardo, herdeiro de um negócio tradicional, esbarra no compromisso comunitário de Viviane. Choques de valores tendem a pressionar o casal e acelerar escolhas.
Personagens e funções em um só olhar
| Personagem | Intérprete | Papel na trama |
|---|---|---|
| Leonardo Ferette | Pedro Novaes | Herdeiro da farmácia; vive dilemas ao se apaixonar por Viviane |
| Viviane | Gabriela Loran | Farmacêutica; liderança comunitária e par romântico do protagonista |
| Gerluce | Sophie Charlotte | Amiga de infância de Viviane; elo com o núcleo dos remédios falsificados |
Como a história pode mudar a conversa em casa
Novelas criam um “trampolim” para diálogos que parecem difíceis. Em vez de discutir em abstrato, famílias podem usar as cenas como ponto de partida. Perguntas simples ajudam: o que você faria no lugar de Leonardo? Quais medos aparecem quando alguém decide assumir um relacionamento? O que ainda parece tabu no seu círculo social?
Outra contribuição vem dos termos. Identidade de gênero trata de como a pessoa se reconhece. Orientação sexual se refere a quem ela se sente atraída. Nome social e pronomes adequados expressam respeito. Confundir os conceitos gera ruído. A trama, ao mostrar a rotina de uma mulher trans profissional, amiga e apaixonada, organiza essas camadas com mais clareza.
Dicas práticas para acompanhar os próximos capítulos
Observe como o casal negocia limites, tempos e expectativas. Sinais de mudança aparecem em gestos: convites públicos, conversas com a família, defesas diante de comentários. Na frente paralela, fique atento às pistas do esquema de remédios: notas fiscais, fornecedores e movimentos suspeitos dentro da farmácia. Esses detalhes devem conectar o drama íntimo à tensão econômica do bairro.
Para quem quer levar a discussão além da TV, vale propor rodas de conversa em escolas, coletivos ou no trabalho. Ensaios de empatia funcionam: imagine uma apresentação de parceiro ou parceira para a família, o desconforto no primeiro jantar, a expectativa no caminho de volta. Essa prática ajuda a transformar percepção em atitude concreta e menos reativa.


