A sucessão no Palácio do Buriti mexe com partidos, desafia biografias conhecidas e coloca o eleitor de Brasília sob holofotes.
Com a impossibilidade de reeleição de Ibaneis Rocha, a corrida acelera nos bastidores e põe cinco pré-candidatos em movimento. O tabuleiro ainda pode mudar, alianças se redesenham e prazos legais se aproximam, exigindo atenção de quem vai votar.
Corrida aberta no Buriti
O Distrito Federal escolherá um novo governador em 2026. A saída de Ibaneis, após dois mandatos, deixa a cadeira aberta e amplia o apetite das siglas. Dirigentes testam nomes, medem apoios e negociam palanques de olho no primeiro semestre do próximo ano, quando as alianças tendem a ganhar forma.
Cinco nomes já se colocam na pista: Celina Leão (PP), José Roberto Arruda (sem partido), Leandro Grass (PT), Paula Belmonte (Cidadania) e Ricardo Cappelli (PSB).
Até aqui, essas pré-candidaturas circulam com diferentes graus de estrutura partidária e de viabilidade jurídica. A janela até as convenções abre espaço para entradas, desistências e composições inesperadas, especialmente se houver definições em nível nacional que influenciem o DF.
Quem é quem na disputa
| Candidato | Partido | Cargo atual | Situação | Apoios iniciais |
|---|---|---|---|---|
| Celina Leão | PP | Vice-governadora do DF | Pré-candidata anunciada | PP, Republicanos e MDB; PL sinalizou apoio |
| José Roberto Arruda | Sem partido (pretende PSD) | Ex-governador do DF | Busca reverter condenação e sustenta elegibilidade | Em articulação |
| Leandro Grass | PT | Presidente do Iphan | Deve disputar pelo campo progressista | Alinhamento com PT; já concorreu em 2022 |
| Paula Belmonte | Cidadania | Deputada distrital | Busca nova sigla para lançar candidatura | Em construção |
| Ricardo Cappelli | PSB | Ex-interventor federal na segurança do DF pós-8/1 | Pré-candidato oficial do PSB | Endosso da direção nacional do PSB |
Celina Leão
Atual vice-governadora, Celina se lançou pré-candidata e trabalha para reunir a direita e o centro no DF. Além do PP, ela costura com Republicanos e MDB, que hoje ocupa o governo. Interlocutores do PL indicam simpatia ao seu nome, o que, se confirmado, arrasta a base bolsonarista para o mesmo palanque e fortalece a largada.
José Roberto Arruda
Arruda voltou ao jogo ao declarar intenção de disputar o Buriti. O ex-governador tenta afastar os efeitos de condenação por improbidade no caso conhecido como Caixa de Pandora. Um pedido para anular a condenação foi rejeitado pelo STJ, mas ele e seus advogados afirmam que há caminho jurídico para estar apto em 2026. Ele negocia filiação ao PSD para dar forma à chapa e testar apoios tradicionais.
Leandro Grass
Ex-deputado distrital, Grass comanda o Iphan e se filiou ao PT neste ano, após concorrer em 2022 por uma coligação com PV e PCdoB. O movimento sela sua posição no bloco progressista, que busca reagrupar lideranças locais. A aposta do grupo é amarrar a candidatura com o debate sobre políticas sociais, cultura e preservação do patrimônio, temas que dialogam com seu perfil público.
Paula Belmonte
Deputada distrital e ex-federal, Paula pretende encampar uma pauta voltada a gestão e serviços públicos. Ela afirma preocupação com gargalos em saúde, educação, segurança e mobilidade e quer construir uma candidatura com discurso de eficiência e proximidade com o cotidiano das famílias. A mudança de partido está no radar para ampliar tempo de TV e atrair coligações.
Ricardo Cappelli
O PSB aposta em Cappelli, que ganhou projeção nacional ao comandar a intervenção federal na segurança do DF após os ataques de 8 de janeiro. A direção do partido banca seu nome como alternativa capaz de unir setores democráticos e apresentar uma gestão com foco em resultados e modernização administrativa.
O PSB sustenta que a pré-candidatura de Cappelli busca unir campos democráticos e oferecer uma gestão pragmática ao DF.
Calendário, regras e incertezas
As convenções partidárias definem candidaturas no meio de 2026, e os registros precisam chegar à Justiça Eleitoral até a data-limite.
Data-chave: 15 de agosto de 2026 é o prazo final para registrar candidaturas ao GDF.
- Coligações e federações podem redesenhar palanques até agosto.
- Trocas de partido ocorrem dentro de janelas previstas em lei.
- Recursos judiciais podem alterar a lista de concorrentes perto da eleição.
- O DF pode ter segundo turno se nenhum candidato alcançar 50% mais um dos votos válidos.
O ambiente nacional interfere diretamente no DF. Em 2026, haverá renovação de dois terços do Senado, o que reorganiza prioridades das cúpulas partidárias. Ibaneis Rocha, impedido de novo mandato no Buriti, já mira uma vaga na Câmara Alta, movimento que afeta alianças locais e distribuição de apoios.
O que está em jogo para o eleitor
Brasília concentra debates sensíveis: gestão da saúde, combate à criminalidade, transporte entre as cidades e o Plano Piloto, além da qualidade do gasto do Fundo Constitucional, que banca áreas cruciais de segurança, educação e saúde. Quem disputar o Buriti precisará detalhar como pretende usar esse dinheiro, quais metas perseguirá e como será a relação com o governo federal.
Também entram no radar temas como moradia, regularização fundiária e geração de empregos de serviços e tecnologia. A capital federal vive de administração pública e de uma cadeia de serviços que precisa de qualificação profissional, inovação e ambientes seguros para empreender.
Biometria, título e preparação do voto
Faltando um ano para o pleito, milhões de brasileiros ainda não cadastraram biometria. Quem vive no DF deve checar a situação eleitoral, providenciar o cadastro e manter os dados atualizados. O caminho envolve três passos simples.
- Verificar a situação do título e pendências no sistema da Justiça Eleitoral.
- Agendar atendimento para biometria e regularização no TRE-DF.
- Levar documento oficial com foto e comprovante de residência para concluir o procedimento.
Vale também baixar o aplicativo de serviços eleitorais para guardar o e-Título, consultar local de votação e justificar eventual ausência. Prazos variam a cada ciclo; acompanhe o calendário para não perder datas de fechamento do cadastro.
Como comparar propostas sem cair em armadilhas
Monte uma lista de prioridades pessoais e da sua região: tempo de espera na saúde, frequência do transporte, vagas em creches, policiamento no bairro. Na campanha, veja quem apresenta metas mensuráveis, prazos e fontes de financiamento. Programas com números, cronogramas e mecanismos de transparência ajudam a cobrar resultados depois da posse.
Considere riscos e vantagens das coalizões. Apoios amplos podem facilitar governabilidade, mas exigem compromissos claros. Candidaturas com pendências judiciais ensejam incertezas, inclusive sobre a presença na urna. Compare trajetórias, equipes e capacidade de execução para além dos slogans.


