Novos pórticos surgem em trechos movimentados e prometem viagens mais rápidas. A mudança mexe no bolso, no cronograma e nos hábitos.
O sistema de pedágio eletrônico sem cancela, conhecido como free flow, passa a operar em mais estradas do estado de São Paulo a partir deste sábado (1º). A tecnologia usa pórticos com sensores e câmeras para identificar placas e tags, calcula a tarifa automaticamente e aplica descontos por frequência de uso.
O que muda para quem dirige
O motorista não para mais na cabine. O pórtico registra a passagem e gera a cobrança associada à placa ou à tag. A leitura acontece em velocidade compatível com a via, sem redução brusca. O trânsito flui e o risco de filas cai.
Não há cancela nem cabine. O pagamento é feito depois da passagem, com tag ou pela placa do veículo.
As novas regras aprovadas pelo Contran em outubro passado definem critérios para identificação automática, regras de cobrança e descontos progressivos. Também determinam procedimentos para contestação de cobrança e as situações de isenção.
Onde estão os novos pórticos
Segundo a concessionária responsável, são seis pontos no eixo do Alto Tietê, com reflexos para quem liga capital, interior e litoral. Os pórticos ficam nas seguintes cidades:
- Itaquaquecetuba
- Arujá
- Guararema
- Salesópolis
- Biritiba Mirim
- Mogi das Cruzes
Esses trechos conectam áreas residenciais, polos industriais e rotas de acesso ao litoral. O fluxo de carros de passeio, vans e caminhões tende a sentir o impacto já no primeiro fim de semana de operação.
| Cidade | Rodovia/trecho | Tipo de ponto |
|---|---|---|
| Itaquaquecetuba | Corredor Alto Tietê | Pórtico de free flow |
| Arujá | Corredor Alto Tietê | Pórtico de free flow |
| Guararema | Corredor Alto Tietê | Pórtico de free flow |
| Salesópolis | Corredor Alto Tietê | Pórtico de free flow |
| Biritiba Mirim | Corredor Alto Tietê | Pórtico de free flow |
| Mogi das Cruzes | Corredor Alto Tietê | Pórtico de free flow |
Quanto vai custar e quais são os descontos
O valor da tarifa varia por trecho, categoria do veículo e número de eixos. A concessionária informa os preços por pórtico na sinalização de pista e nos canais oficiais. Quem passa com frequência no mesmo trecho recebe abatimento progressivo, que pode chegar a 20% sobre a tarifa de referência, de acordo com as regras vigentes.
Descontos por recorrência podem alcançar 20% no mesmo trecho. A tag agiliza a cobrança e concentra benefícios.
Motos, carros de passeio e veículos comerciais seguem políticas tarifárias diferentes. Existem isenções previstas para categorias específicas, como veículos de emergência e outras situações com cadastro prévio, conforme regulamentação. Em períodos de maior movimento, as operadoras costumam aplicar campanhas de desconto para incentivar a adesão ao pagamento automático.
Como pagar: com tag e sem tag
Com tag
Quem já usa tag de pagamento automático tem a cobrança debitada conforme o contrato do adesivo. O desconto por recorrência é aplicado de modo acumulado nas passagens do mesmo trecho, dentro do ciclo de apuração definido.
Sem tag
Sem o adesivo, a passagem gera um débito vinculado à placa. Você paga por aplicativo da concessionária, Pix, boleto ou totens de autoatendimento em prazos informados nos canais oficiais. Após a compensação, o sistema encerra a cobrança daquele pórtico.
- Verifique a placa no sistema da concessionária para localizar débitos.
- Escolha o meio de pagamento (Pix, cartão, boleto ou totem).
- Guarde o comprovante e o protocolo de quitação.
Sem pagamento no prazo, a passagem pode virar autuação por evasão de pedágio, com multa grave e cinco pontos na CNH.
O Código de Trânsito prevê penalidade por não pagamento do pedágio, classificada como infração grave, com cinco pontos e valor de R$ 195,23, além da cobrança da tarifa devida. O prazo para quitar a passagem e evitar autuação segue o que a operadora divulga para cada pórtico.
Justiça e protestos no entorno dos pórticos
A operação começa sob contestação. Associações de motoristas e representantes do transporte de cargas acionam a Justiça contra critérios de tarifação e eventuais falhas de leitura. Moradores de cidades do eixo relatam receio de “pedagiamento” entre bairros e rotas locais.
A concessionária defende o modelo citando fluidez, segurança e redução de emissões por conta do fim das paradas. Em liminares, magistrados pedem transparência nos canais de pagamento, clareza na sinalização e mecanismos ágeis de contestação. O tema segue no radar do Ministério Público e de órgãos de defesa do consumidor.
Trechos e valores: o que observar na sua rota
Os pórticos ficam em pontos estratégicos de ligação entre bairros e acessos a rodovias do Alto Tietê. Sinalizações antes do pórtico indicam a tarifa para cada categoria de veículo. Em rotas curtas do dia a dia, pequenas variações de trajeto podem evitar passagens repetidas no mesmo ponto, dependendo da sua necessidade.
- Consulte a sinalização de pista para a tarifa do pórtico seguinte.
- Cheque no app da operadora as tarifas por categoria e os descontos ativos.
- Se roda sempre no mesmo trecho, avalie aderir à tag para capturar toda a recorrência.
Erros de leitura e contestação
Falhas na leitura de placa podem ocorrer por sujeira, película escura ou danos. Se você identificar cobrança indevida, registre a contestação com foto nítida da placa e relatório da passagem. Protocolos digitais costumam resolver a análise em poucos dias, com estorno quando procedente.
Impacto no bolso e na rotina
Quem faz viagens esporádicas paga pela conveniência de seguir sem parar. Para o usuário frequente, o desconto por recorrência reduz o custo mensal. Frotas de entrega se beneficiam da previsibilidade e do tempo menor de deslocamento. A economia de combustível aumenta quando não há necessidade de parar e arrancar em filas.
Dicas práticas para economizar no novo sistema
- Instale uma tag se você usa a rodovia toda semana.
- Planeje horários para aproveitar o trânsito mais livre nos pórticos.
- Mantenha a placa limpa e sem película que dificulte a leitura.
- Ative notificações no app da operadora para acompanhar passagens.
- Guarde comprovantes por 6 meses para facilitar eventual contestação.
Para ir além do básico
Faça uma simulação simples: estime quantas passagens por mês você realiza no mesmo pórtico. Aplique o desconto progressivo anunciado (até 20%) e compare com o custo atual sem tag. Em muitos casos, a mensalidade da tag se paga com a economia obtida na recorrência.
Se você mora perto de um pórtico, verifique rotas alternativas municipais sinalizadas para deslocamentos curtos. Avalie também estacionamentos de integração e o uso combinado com transporte público em horários de pico. Para frotas, centralize as cobranças de diferentes pórticos na mesma conta para controlar fluxo de caixa e reduzir inadimplência.


