Reforma da previdência em Santa Maria: você paga 17,64% e aposenta aos 65? entenda agora mesmo

Reforma da previdência em Santa Maria: você paga 17,64% e aposenta aos 65? entenda agora mesmo

Servidores, professores e aposentados aguardam definição na Câmara. O bolso e os planos de vida entram no centro do debate.

A prefeitura de Santa Maria enviou ao Legislativo uma proposta que mexe no coração da aposentadoria municipal. O texto altera alíquotas, sobe idades mínimas e cria regras de transição para quem já está no serviço público. A meta declarada é fechar as contas do regime próprio e reduzir o déficit atuarial.

O que está na mesa

O projeto propõe contribuição progressiva para ativos e inativos, novos patamares de idade mínima e elevação da participação do município. A íntegra das mudanças valerá integralmente para quem ingressar a partir de 2026. Quem já está no quadro seguirá por trilhas de transição.

Alíquotas sobem por faixa salarial e a idade mínima aumenta. A contribuição patronal passará de 23% para 28%.

Alíquotas para servidores ativos

Hoje, todos pagam 14% sobre o salário. A proposta cria faixas com percentuais maiores conforme a remuneração.

  • 14% para quem recebe até R$ 4.190,03
  • 14,63% de R$ 4.190,04 a R$ 8.157,41
  • 15,77% de R$ 8.157,42 a R$ 13.969,69
  • 17,64% acima de R$ 13.969,69

Alíquotas para inativos e pensionistas

Hoje, o desconto é de 14% sobre o que ultrapassa o teto do INSS. O texto muda a base e aplica progressividade por faixa.

  • 6,30% de R$ 1.510,00 a R$ 4.190,83
  • 11,22% de R$ 4.190,84 a R$ 8.107,41
  • 13,69% de R$ 8.107,41 a R$ 13.969,69
  • 16,51% acima de R$ 13.969,69

Contrapartida do município

O Executivo propõe elevar a contribuição patronal de 23% para 28% sobre a folha. A medida injeta recursos no Instituto de Previdência local e busca reduzir o déficit no longo prazo.

Idade mínima e tempo de contribuição

Alguns requisitos caem. Outros sobem. O objetivo oficial é aproximar regras das diretrizes vigentes no país após reformas recentes.

Categoria Como é hoje Como deve ficar
Compulsória Idade mínima de 70 anos Idade mínima de 75 anos
Professor (homem) 30 anos de contribuição e 55 anos de idade 25 anos de contribuição e 60 anos de idade
Professora (mulher) 25 anos de contribuição e 50 anos de idade 25 anos de contribuição e 57 anos de idade
Demais servidores (homem) 35 anos contribuição e 60 anos de idade 25 anos contribuição e 65 anos de idade
Demais servidoras (mulher) 30 anos contribuição e 55 anos de idade 25 anos contribuição e 62 anos de idade

Dois requisitos não mudam: 10 anos de efetivo serviço público e 5 anos no cargo para a concessão.

Novas regras valem integralmente para quem entrar a partir de 2026. Quem já está terá transições específicas.

Transição: pontos e pedágio

Servidores do quadro atual não migram de forma abrupta. O projeto cria mecanismos para distribuir o ajuste ao longo do tempo. Há caminhos distintos para aposentadorias especial, voluntária e pensão por morte. Professores e professoras contam com fórmulas próprias.

Exemplo prático para professora

O texto oferece duas trilhas principais para quem já trabalha: pontos ou pedágio. O cálculo sempre soma idade e tempo de contribuição e respeita tempo mínimo no serviço público e no cargo.

  • Pontos: exige 81 pontos na largada para professoras (idade + contribuição). A partir de 2026, a pontuação sobe 1 ponto por ano até chegar a 92.
  • Pedágio: acrescenta um período extra ao tempo que faltava, na data de vigência da nova lei complementar, para atingir 25 anos de contribuição.

Na fotografia de janeiro de 2028, a exigência prevista para professoras inclui 52 anos de idade e 84 pontos. O cenário evolui ano a ano com o acréscimo na pontuação.

Como fica o cálculo do benefício

Para quem ingressou até 31/12/2003 e atingir 57 anos (mulher) e 60 anos (homem), o texto prevê benefício integral com paridade, conforme os requisitos. Para ingressos a partir de 01/01/2004, a base será a média de salários desde julho de 1994 ou desde a primeira contribuição posterior a essa data. O valor parte de 60% dessa média e soma 2% por ano que exceder 20 anos de contribuição.

Quanto isso muda no contracheque

A progressividade distribui carga conforme a renda. Quem ganha menos mantém 14% entre ativos e 6,30% entre inativos. Quem ultrapassa a última faixa paga mais.

  • Um ativo que recebe R$ 4.000,00 segue com 14%.
  • Um ativo de R$ 9.000,00 cai na alíquota de 15,77% sobre a faixa correspondente.
  • Um ativo acima de R$ 13.969,69 entra no patamar de 17,64% na parcela que ultrapassar as faixas anteriores.
  • Uma pensionista com provento de R$ 5.000,00 passa a contribuir pela faixa de 11,22% nos termos propostos.

As alíquotas são progressivas por faixa, não únicas sobre o total do salário. Esse desenho reduz o salto de carga ao mudar de faixa e cria transições entre níveis de renda.

Por que a prefeitura defende a mudança

O Executivo aponta risco de desequilíbrio nas contas do regime próprio. A elevação da patronal e o ajuste de idade aumentam receitas e adiam pagamentos. Essa combinação reduz a pressão sobre o caixa previdenciário e busca estabilidade no longo prazo.

Como se preparar para as novas regras

  • Simule a aposentadoria com seu histórico de contribuições. Some idade e tempo para checar a regra de pontos.
  • Verifique o tempo de efetivo serviço público e o período no cargo. Esses requisitos seguem exigidos.
  • Organize documentos de vínculos, períodos especiais e afastamentos. O acervo completo agiliza a concessão.
  • Avalie impacto no orçamento. Compare a contribuição atual com a faixa proposta para seu salário.

Três dúvidas que surgem agora

  • Quando passa a valer: a Câmara precisa analisar, debater e votar. A sanção define a vigência e os marcos de transição.
  • Quem já poderia se aposentar: o servidor pode avaliar se cumpre requisitos atuais antes da mudança e decidir o melhor momento.
  • E quem entrar em 2026: novas regras valem integralmente para esse grupo, sem transição.

Panorama para professores e para as demais carreiras

Docentes mantêm tempo mínimo de 25 anos de contribuição. A idade sobe para 60 anos para homens e 57 para mulheres. Demais carreiras passam a mirar 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres), com 25 anos de contribuição. A compulsória vai a 75 anos. Essas faixas alinham o regime local a parâmetros já vistos em outras esferas.

Riscos e oportunidades para o servidor

O risco imediato recai no aumento do desconto mensal para algumas faixas. A idade mais alta também adia a saída, o que mexe nos planos pessoais. Em troca, o regime acumula fôlego financeiro e tende a reduzir atrasos no pagamento de aposentadorias. Carreiras com ingresso pré-2004 podem, em certos cenários, garantir integralidade e paridade ao atingir idades de referência.

Faça uma conta rápida

Some sua idade ao tempo de contribuição. Se a soma alcançar 81 pontos (no caso de professoras) ou a exigência da sua carreira, avalie se a transição por pontos favorece você. Se faltar pouco tempo para o requisito antigo, o pedágio pode ser o atalho mais curto. Anote ano a ano a evolução da pontuação a partir de 2026 para planejar a data-alvo.

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