Uma ilha de ruas silenciosas virou palco de encontros improváveis, barcos oficiais e muita conversa sobre clima e futuro próximo.
Na manhã desta terça-feira, o herdeiro britânico cruzou a Baía de Guanabara rumo à Ilha de Paquetá, em agenda ligada ao Prêmio Earthshot. O roteiro combinou gestos de proximidade com moradores e uma visita técnica a áreas de manguezal, em Guapimirim, para ver de perto projetos de restauração costeira.
Chegada pela baía
Príncipe William atracou por volta de 10h10 em uma lancha da Marinha. Assim que pisou no cais, parou para conversar, sorriu, tirou fotos e recebeu presentes de quem aguardava desde cedo. Uma intérprete facilitou cada troca de palavra. O clima foi de curiosidade e celular em punho, sem correria.
Chegada às 10h10, lancha da Marinha, conversa olho no olho: a visita começou com proximidade e gestos simples.
Depois do desembarque, o príncipe entrou em um bote menor e seguiu para o manguezal. O contraste marcou a cena: a paisagem de cartão-postal dividiu espaço com áreas onde o esforço de recuperação ambiental exige paciência, técnica e participação comunitária.
Do mangue às soluções climáticas
A comitiva navegou até a região protegida de Guapimirim, acompanhada por Mauro Pires, presidente do ICMBio. O objetivo foi ver iniciativas que reduzem impactos na Baía de Guanabara, como viveiros de mudas de mangue, ações de limpeza de resíduos flutuantes e práticas de pesca menos agressivas. Em visitas assim, cientistas e gestores explicam por que restaurar ambientes costeiros produz benefícios que a cidade sente no cotidiano: água mais limpa, berçários de espécies, proteção de margem contra erosão e captura de carbono.
Manguezais funcionam como sumidouros de carbono e abrigam fauna vital; restaurá-los ajuda a despoluir a baía e a proteger comunidades.
Estudos indicam que manguezais podem estocar grande volume de carbono no solo e na biomassa, o que coloca esse ecossistema no centro de estratégias para neutralidade climática. Na prática, plantar e manter mangue custa menos do que reparar danos de enchentes e marés que avançam sobre áreas urbanas.
- Replantio de mangue: mudas cultivadas em viveiros e transplante em faixas degradadas.
- Pesca de baixo impacto: redes e técnicas que evitam arrasto e a captura de juvenis.
- Monitoramento: coleta de água, análise de salinidade e registros de fauna como indicadores de saúde ambiental.
- Gestão participativa: participação de comunidades ribeirinhas em mutirões e na manutenção das áreas recuperadas.
Segurança e bastidores
Paquetá acordou antes do sol para receber a visita. Equipes técnicas chegaram na madrugada, ajustaram acessos e delimitaram áreas. Jornalistas e representantes diplomáticos se somaram ao movimento. O Esquadrão Antibombas realizou varredura preventiva. Com a agenda definida, o bairro manteve sua rotina com intervenções pontuais, sem interromper o vai e vem das bicicletas que dominam as ruas.
Movimentação discreta, protocolos em dia e ruas liberadas: a ilha recebeu a comitiva sem paralisar a vida local.
Vozes de Paquetá
Memórias que atravessam gerações
A comerciante Eucília de Souza Soares ligou a visita às lembranças de Lady Di. Admiradora da princesa, ela contou que acompanha a família há décadas e levou a paixão adiante para filhos e netos. Para moradores, a presença de William reaqueceu memórias e atraiu curiosos para o cais.
Comunidade e fé
O pároco Ellber Lima destacou um ponto que a ilha representa: um refúgio cercado por uma metrópole gigantesca. A mensagem circulou entre fiéis e visitantes: preservar o que dá identidade ao lugar também protege quem vive ali.
Paquetá é uma ilha de gente, não só de paisagem: o cuidado com o ambiente sustenta trabalho, cultura e modos de vida.
O que está por trás do Prêmio Earthshot
O Earthshot, iniciativa criada por William, mira projetos com potencial de impacto real. A premiação anual trabalha com cinco frentes que dialogam com a vida urbana do Rio e com desafios globais. Ao levar o evento para a cidade, a organização aponta a Baía de Guanabara como laboratório vivo para soluções replicáveis.
| Categoria | Meta |
|---|---|
| Proteger e restaurar a natureza | Recuperar ecossistemas e ampliar corredores de biodiversidade. |
| Limpar o ar | Reduzir poluição atmosférica e riscos para a saúde. |
| Reviver os oceanos | Regenerar costas, mangues e áreas marinhas sensíveis. |
| Construir um mundo sem desperdício | Diminuir resíduos e fechar ciclos de materiais. |
| Corrigir o clima | Cortar emissões e ampliar sumidouros de carbono. |
Com a COP30 no horizonte, as ações na baía ganham vitrine. O país mostra o que avança, reconhece gargalos e recebe ideias que podem acelerar resultados. Quando projetos saem do papel e chegam ao mangue, pescadores e moradores viram parceiros naturais dos cientistas.
Paquetá hoje: mobilidade, turismo e desafios
Sem carros nas ruas, Paquetá guarda um ritmo que contrasta com o centro do Rio. Circulam bicicletas, carrinhos elétricos e charretes regulamentadas. Esse desenho urbano favorece visitas de curta duração e caminhadas em famílias. Ao mesmo tempo, resíduos trazidos pela maré e a pressão da poluição da baía exigem trabalho contínuo de limpeza e educação ambiental.
Quem planeja conhecer a ilha ajuda o território quando adota hábitos simples:
- Levar sua garrafa e reduzir plástico descartável.
- Usar protetor solar biodegradável para não afetar a vida aquática.
- Respeitar as trilhas sinalizadas e não pisar em áreas de restinga ou mangue.
- Dar preferência a guias e serviços locais para fortalecer a economia do bairro.
O que a visita sinaliza para a Baía de Guanabara
Trazer holofotes internacionais para o mangue muda a narrativa da baía. Em vez de olhar só para passivos históricos, a agenda aponta saídas testadas no território. Projetos de restauração costeira, coleta seletiva nas ilhas e modernização do saneamento podem caminhar juntos. A presença de instituições como ICMBio, universidades e organizações locais cria lastro técnico para investidores.
Quando o mangue volta a respirar, a pesca rende, a água melhora e a cidade ganha proteção contra extremos climáticos.
Informações úteis para o leitor
O que é um manguezal: trata-se de um ecossistema costeiro de transição, onde água doce encontra água salgada. As raízes expostas estabilizam o solo e funcionam como berçário para camarões, caranguejos e peixes. Em áreas urbanas, ele reduz a força de tempestades e marejadas que avançam sobre casas e vias.
Como medir benefícios: projetos de restauração costumam contabilizar mudas plantadas, taxa de sobrevivência, área recuperada, quantidade de resíduos retirados, retorno da fauna e, quando possível, estimativas de carbono estocado no solo. Esses dados orientam decisões públicas e parcerias privadas.
Se você pensa em apoiar iniciativas do tipo, vale observar três pontos práticos: transparência na metodologia, participação da comunidade local e monitoramento contínuo com dados abertos. Isso ajuda a separar ações de marketing de projetos que mudam o território para melhor.


