MG-460 com ponte em toras: você cruzaria com ônibus escolar e carretas entre Munhoz e Extrema?

MG-460 com ponte em toras: você cruzaria com ônibus escolar e carretas entre Munhoz e Extrema?

Filas crescem, desvio alonga a rotina e o medo ocupa a cabine. Motoristas relatam tensão contínua e travessias arriscadas.

Na MG-460, entre Munhoz, Toledo e Extrema, uma travessia improvisada virou sinônimo de apreensão e debate sobre responsabilidade.

Estrutura improvisada e fluxo pesado

A ligação sobre o rio Corrente, no km 31 da MG-460, funciona hoje com apoios improvisados. Toras de madeira fincadas no leito, terra e pedras sustentam a passagem. A alvenaria exibe rachaduras. Caminhões, carretas, ônibus cheios e até transporte escolar continuam circulando.

O corredor liga cidades com grande circulação de cargas, puxado pelo polo industrial de Extrema. A pressão do tráfego pesado sobre um arranjo temporário aumenta o risco operacional a cada dia, especialmente em períodos de chuva.

Estrutura sustentada por toras e alvenaria fissurada em uma rota de cargas: combinação que eleva o risco de colapso.

Como a ponte chegou a este ponto

Moradores relatam duas estruturas no local. A primeira ponte, dos anos 1960, foi desativada em 1982. Uma segunda, de ferro e madeira, assumiu o tráfego por décadas. Em 10 de junho de 2025, um acidente entre dois caminhões levou à interdição da ponte mais recente. Um veículo caiu no rio; ocupantes saíram ilesos. O outro condutor morreu preso às ferragens. Desde então, a comunidade voltou a usar a travessia antiga, ajustada de forma emergencial com materiais disponíveis.

Após um acidente fatal em junho, a via foi bloqueada e o trânsito migrou para uma estrutura antiga, reforçada de forma precária.

Medo no volante e rotas mais longas

Quem passa descreve vibração excessiva, sensação de afundamento e ruídos nos apoios. Muitos motoristas preferem aguardar na cabeceira quando um caminhão inicia a travessia, para evitar dois veículos pesados sobre a ponte ao mesmo tempo. Outros desistem e optam pelo desvio oficial, por estrada vicinal, que adiciona cerca de 13 km ao trajeto entre Munhoz e Toledo.

O risco não se restringe a condutores profissionais. Pais relatam ansiedade quando ônibus escolares se aproximam da travessia. A sensação de vulnerabilidade atinge toda a comunidade.

  • Desvio recomendado: estrada vicinal entre Munhoz e Toledo (+13 km no percurso).
  • Evite horários de pico de caminhões para reduzir espera e pressão na estrutura.
  • Nunca tente cruzar em paralelo; aguarde a liberação da cabeceira.
  • Se a via estiver interditada, não contorne bloqueios. Retorne e use a rota indicada.

O que dizem prefeitura e DER

Prefeitura local afirma negociar há anos a ampliação e a manutenção com o Governo de Minas e o DER-MG, com reuniões e mediação parlamentar. Reforça que a ponte fica em rodovia estadual, o que impede investimento direto do município e limita a fiscalização. A gestão municipal declara aguardar a licitação prometida pelo Estado.

O DER-MG informou que, a partir de 4 de novembro, equipes iniciariam reparos na ponte para liberar, ainda neste mês, a passagem de veículos leves. Enquanto durar a intervenção, o órgão orienta a seguir o desvio oficial e frisa que não se responsabiliza por travessias improvisadas erguidas ao lado da estrutura danificada. O departamento projeta lançar, até dezembro, o edital para a construção de uma nova ponte.

Órgão/medida Ação anunciada Prazo Status
DER-MG Reparos para liberar veículos leves no km 31 Novembro Em execução/planejado
DER-MG Edital para nova ponte Até dezembro Previsto
Prefeitura (Munhoz) Gestões com Governo de MG e DER-MG Desde anos anteriores Aguardando licitação
Rotas oficiais Desvio por estrada vicinal (+13 km) Imediato Recomendado aos condutores

Use o desvio indicado pelo DER-MG. Travessias paralelas e improvisadas multiplicam o risco de queda.

Risco estrutural em período de chuvas

A configuração atual combina apoios de madeira expostos à água, alvenaria fissurada e leito do rio sujeito a variações de vazão. Chuvas intensas podem solapar a base, deslocar pedras de escoramento e aumentar esforços dinâmicos quando veículos pesados cruzam a estrutura. Vibração repetida acelera a fadiga dos elementos e pode gerar rupturas abruptas sem sinais longos de pré-aviso.

O cenário piora com frenagens bruscas, carga concentrada e ultrapassagens sobre a ponte. Controle de acesso, redução de velocidade e limitação de peso mitigam parte do risco, mas não substituem reparos e a obra definitiva.

Como reconhecer sinais de perigo e agir

  • Rachaduras novas ou alargadas na alvenaria e nas cabeceiras.
  • Afundamento perceptível ao entrar na ponte, com efeito “degrau”.
  • Toras com pontos de apodrecimento, deslocadas ou vibrando excessivamente.
  • Correnteza batendo diretamente nos apoios, com erosão visível.
  • Barreiras ou avisos oficiais de interdição, mesmo que parcialmente removidos.
  • Diante de qualquer sinal, não cruze. Retorne e use o desvio oficial.

Impacto no bolso de quem trabalha na estrada

O desvio de 13 km parece pequeno, mas pesa no fim do mês. Um caminhão a diesel que faz 2,5 km/l consome cerca de 5,2 litros a mais por viagem nesse trecho extra. Com diesel a R$ 6,50, o custo adicional chega a R$ 33,80 por passagem. Em 30 viagens no mês, o gasto extra ultrapassa R$ 1.000, sem contar horas de motorista e perda de janela de entrega.

Para linhas de ônibus e transporte escolar, o desvio altera horários e compromete conexões. Operadores de fretamento relatam necessidade de redistribuir rotas e acrescentar veículos reserva para manter pontualidade.

O que esperar nas próximas semanas

Com os reparos anunciados, a liberação parcial para veículos leves tende a reduzir a pressão no entorno. Caminhões e carretas devem seguir no desvio até nova ordem. A licitação prevista para dezembro pode destravar o projeto definitivo, mas a obra exige etapas técnicas e administrativas antes do canteiro começar.

Secretarias municipais podem ajustar itinerários escolares, reforçar comunicação com pais e, se necessário, transferir pontos de embarque para locais seguros até a estabilização da travessia.

Como nasce uma nova ponte em rodovia estadual

O ciclo costuma incluir: diagnóstico e projeto, estimativa de custos, publicação do edital, disputa entre empresas, homologação, contrato e ordem de serviço. Em paralelo, ocorrem licenças ambientais e desvios operacionais. A duração varia conforme o porte da obra, regime de chuvas, disponibilidade de materiais e interferências no leito do rio.

Enquanto a nova ponte não sai do papel, a segurança depende de disciplina no tráfego, sinalização clara, fiscalização constante e comunicação transparente entre DER, prefeituras e usuários. A rota oficial mais longa custa tempo e dinheiro, mas reduz a chance de um evento com perdas irreparáveis.

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