Cotia ganha parque gigante: você vai poder visitar? 10.870 ha e água para 400 mil pessoas em 2026?

Cotia ganha parque gigante: você vai poder visitar? 10.870 ha e água para 400 mil pessoas em 2026?

Moradores da Grande São Paulo veem a mata de Cotia no centro de decisões que podem mexer com água, lazer e negócios.

O governo paulista confirmou a criação de um parque estadual na Floresta do Morro Grande, em Cotia. A área de 10.870 hectares passa a ter proteção integral e gestão da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. O anúncio ocorre durante o Summit Agenda SP+Verde, com promessa de reforço à segurança hídrica, à biodiversidade e à fiscalização ambiental.

O que muda com o novo parque

O status de parque estadual significa proteção integral. A prioridade recai sobre conservação, pesquisa, educação ambiental e visitação controlada. Atividades que ameacem a integridade da floresta saem de cena, enquanto o poder público define regras de uso e uma zona de amortecimento no entorno.

O que é proteção integral

Nessa categoria, o SNUC exige domínio público. Na prática, o estado precisa avançar com desapropriações quando houver propriedades privadas dentro dos limites. O plano de manejo estabelece trilhas, áreas permitidas, regras de visita e metas de recuperação. Esse documento orienta o dia a dia da gestão.

Como fica quem tem área dentro do limite

Proprietários entram em processo de regularização fundiária. Podem ocorrer indenizações, compensações e acordos para transição do uso da terra. Atividades compatíveis, como pesquisa e serviços à visitação, podem surgir depois do plano de manejo. Loteamentos irregulares e supressão de vegetação entram na mira da fiscalização.

São 10.870 hectares de mata atlântica, o equivalente a 68 vezes o parque Ibirapuera.

A nova unidade ocupa parcela expressiva do território de Cotia, atingindo cerca de um terço do município.

Água para 400 mil: por que a floresta importa

As nascentes do rio Cotia e cursos d’água que alimentam os reservatórios Pedro Beicht e Cachoeira da Graça ficam dentro do perímetro da floresta. O sistema produtor Alto Cotia atende 400 mil pessoas da região metropolitana. Proteger a cobertura vegetal reduz erosão, turbidez da água, assoreamento e custo de tratamento.

Esse pacote de serviços ecossistêmicos ganha valor em períodos de estiagem. A mata sombreia o solo, favorece infiltração, alimenta aquíferos e estabiliza vazões. Com o parque, o poder público fortalece a governança das bacias e amplia a capacidade de reagir a eventos climáticos extremos.

Abastecimento de 400 mil moradores depende diretamente da qualidade da floresta do Morro Grande.

Biodiversidade em números

Levantamentos do programa Biota, da Fapesp, registram diversidade alta em um mosaico de florestas maduras e capoeiras. A região reúne centenas de espécies de árvores e uma avifauna expressiva, além de mamíferos e comunidades de aranhas orbitelas, indicadores de ambientes bem conservados.

Indicador Número
Área do parque 10.870 ha
Equivalência urbana 68 vezes o Ibirapuera
População abastecida 400 mil pessoas
Espécies arbóreas registradas 260
Espécies de aves registradas 198

Esses números reforçam a necessidade de corredores ecológicos e de uma zona de amortecimento robusta para conter pressão de desmate, caça e expansão urbana.

Monitoramento e restauração: metas do pacote ambiental

Junto com o parque, o governo lança um sistema para monitorar em tempo real termos de compromisso de recuperação ambiental. Hoje, grande parte das vistorias ocorre por visitas em campo. A digitalização tende a acelerar a checagem de plantios, a avaliação por imagens e o cumprimento de metas por empreendedores.

Segundo a Cetesb, há 15 mil hectares em diferentes estágios de restauração no estado. Com dados integrados, gestores cruzam polígonos, autorizações e prazos, reduzindo fraudes e abandonos de áreas plantadas.

Metas e números do esforço de conciliação

O plano prevê um mutirão de acordos para destravar processos ambientais por meio de audiências de conciliação. A prioridade recai sobre áreas com 50 hectares ou mais, principalmente em Áreas de Preservação Permanente.

Objetivo inicial: recuperar mais de 11 mil hectares, com multas somadas acima de R$ 195 milhões, em 63 autos de infração ambiental priorizados.

Esse arranjo tenta trocar a inércia judicial por resultados de campo. A lógica é alinhar multas, cronogramas e obrigações de fazer, com foco em áreas de maior impacto.

Passo a passo para quem precisa se regularizar

  • Levantar o passivo: identificar APPs, nascentes, cursos d’água e cobertura atual.
  • Negociar um termo: propor metas anuais, espécies nativas e prazos realistas.
  • Garantir insumos: sementes, mudas, mão de obra e manutenção por múltiplos anos.
  • Proteger o plantio: cercamento, controle de formigas e monitoramento de sobrevivência.
  • Reportar avanços: enviar evidências periódicas no sistema de acompanhamento.

Visitação e economia local: o que pode acontecer

Parques de proteção integral podem abrir áreas de uso público com trilhas, centros de visitantes, mirantes e atividades de educação ambiental. Isso depende do plano de manejo e de orçamento para infraestrutura e equipes. Guias, restaurantes e pousadas do entorno tendem a se beneficiar quando o fluxo de visitantes aumenta.

Na outra ponta, a pressão imobiliária exige fiscalização constante. O zoneamento do parque e da área tampão precisa conter estradas clandestinas, loteamentos irregulares e desmatamentos silenciosos. Parcerias com o município e ações de vigilância comunitária ajudam a responder rápido.

Como isso afeta a vida do morador

Quem vive nas bordas da floresta deve acompanhar audiências públicas e propostas para o plano de manejo. O transporte até as futuras áreas de visita pode envolver linhas intermunicipais e pontos de acesso controlados. A sinalização de trilhas e regras de conduta reduz acidentes, incêndios e conflitos com fauna.

O que observar nos próximos meses

  • Publicação do decreto com limites precisos do parque e mapa oficial.
  • Calendário do plano de manejo e reuniões abertas à comunidade.
  • Definição da zona de amortecimento e de regras para atividades no entorno.
  • Contratações e parcerias para fiscalização e educação ambiental.
  • Primeiras metas do sistema de monitoramento de restauração.

Contexto que ajuda a entender a decisão

A mata atlântica remanescente na Grande São Paulo funciona como escudo climático. O dossel reduz ilhas de calor, protege nascentes e amortece extremos de chuva. Em parques próximos, como os do litoral, a combinação de trilhas sinalizadas, brigadas de incêndio e viveiros de mudas elevou a taxa de sobrevivência de plantios e abriu portas para turismo de base comunitária.

O Morro Grande tem condição semelhante de entregar resultados rápidos se houver orçamento recorrente, integração com guardas municipais e protocolos de prevenção a incêndios. A restauração ganha mais chance quando a gestão compra serviços de manutenção por ciclos plurianuais e quando os acordos priorizam conectividade entre fragmentos.

Informações práticas para ampliar o impacto positivo

Quem mora perto da área pode reduzir risco de fogo ao manter aceiros em propriedades, descartar resíduos corretamente e denunciar supressão de vegetação. Produtores rurais podem aderir a sistemas agroflorestais nas bordas, diminuindo conflitos com fauna e gerando renda. Escolas locais podem agendar ações de educação ambiental alinhadas ao futuro plano de manejo.

Empreendedores com passivo ambiental precisam revisar o Cadastro Ambiental Rural, checar nascentes e iniciar negociação antecipada de termos de recuperação. Isso evita multas progressivas e permite planejar compras de mudas nativas. Para comunidades, acompanhar as audiências aumenta a chance de o parque nascer com trilhas seguras, transporte viável e oportunidades de trabalho local.

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