De 8 pedidos a R$ 1 milhão por ano: o casal que criou rede de pizzarias de R$ 148 milhões no Brasil

De 8 pedidos a R$ 1 milhão por ano: o casal que criou rede de pizzarias de R$ 148 milhões no Brasil

A história de um casal que transformou uma pizzaria de bairro em rede nacional inspira franqueados e intriga concorrentes.

Começou tímido, com oito pedidos e uma cozinha improvisada. Hoje, a marca soma dezenas de lojas, receita recorrente e valuation de nove dígitos. O caminho até lá combinou execução rigorosa, padronização e um modelo de franquias montado para escalar sem perder a alma do produto.

O começo com apenas oito pedidos

O primeiro dia deu sinais de que seria difícil. Foram só oito pedidos, todos de conhecidos, e uma fila de imprevistos. Faltou caixa para impulsionar marketing. Sobrou vontade de ajustar cardápio, preço e operação. O casal usou planilha, acompanhamento diário e disciplina de custos para ganhar fôlego.

O cardápio enxuto, com foco em sabores autorais e processos simples, reduziu desperdícios. A massa ganhou padrão com pré-fermentação e controle de temperatura. O atendimento priorizou o digital desde o início, usando aplicativos e WhatsApp para acelerar o giro.

Em 12 meses, as vendas mensais saltaram de poucas dezenas de pizzas para faturamento anual acima de R$ 1 milhão por loja.

A virada com entrega e receita previsível

A operação reposicionou a entrega como canal principal. A cozinha migrou para “produção por batelada” e janelas de saída. O tempo médio de preparo caiu. A taxa de reentrega diminuiu. A marca criou combos e tamanhos planejados para ticket médio consistente.

A previsibilidade de demanda veio de um calendário agressivo de promoções, comunicação diária e ações locais com condomínios e empresas. O mix priorizou itens com CMV controlado e margem por categoria. A loja piloto virou vitrine.

O modelo de franquia que acelerou o crescimento

Depois de validar a operação, o casal estruturou um playbook de franquias com suporte em três frentes: instalação, gestão e marketing. A expansão cobriu capitais e cidades médias com mapas de calor, renda e densidade de delivery.

O negócio ganhou tração e alcançou valor de mercado estimado em R$ 148 milhões, segundo métricas internas de crescimento e rentabilidade.

Quanto custa abrir uma unidade

O investimento varia conforme o ponto e a metragem. A rede trabalha com lojas de rua e modelos para shopping e dark kitchen. A seguir, uma simulação com valores de referência usados em propostas a candidatos:

Item Faixa estimada Observações
Taxa de franquia R$ 60 mil a R$ 80 mil Inclui treinamento e manuais
Obras e ambientação R$ 120 mil a R$ 200 mil Depende do estado do ponto
Equipamentos R$ 120 mil a R$ 180 mil Forno, refrigeração, bancada
Capital de giro R$ 60 mil a R$ 100 mil Estoque e primeiros meses
Investimento total R$ 360 mil a R$ 560 mil Modelos compactos e padrão
Royalties 5% do faturamento Cobrança mensal
Fundo de marketing 2% do faturamento Mídia nacional e local

No topo da maturidade, lojas com execução consistente alcançam faturamento anual superior a R$ 1 milhão, com margem operacional que gira entre 12% e 18%, conforme mix e eficiência de compras. O payback projetado fica entre 18 e 30 meses.

Operação enxuta e padronização

O pilar da rede está no padrão. A massa segue ficha técnica. Os recheios têm porcionamento exato. As lojas usam o mesmo fornecedor de farinha, molho e embalagens. Essa disciplina reduz variação de produto e evita surpresas no CMV.

O treinamento acontece na loja escola por duas semanas, com trilha por função: pizzaiolo, expedidor, atendimento e gestão. A franquia monitora indicadores de ruptura, tempo de cozimento, índice de devolução e satisfação do cliente em tempo real.

  • Tempo médio do pedido à saída: meta de 12 a 15 minutos.
  • Ticket médio: R$ 45 a R$ 55, com peso de combos.
  • Participação do delivery: 55% a 70% do faturamento.
  • CMV alvo: 28% a 32%, conforme sazonalidade.
  • Folha operacional: 18% a 22% do faturamento.

Marketing digital e fidelização

A marca posicionou o cliente no centro. Criou um clube de benefícios com cashback e ofertas segmentadas por bairro e frequência de compra. Otimizou campanhas por custo por pedido, não por clique. Trabalhou SEO local e avaliações, com metas de nota média por loja.

O conteúdo nas redes privilegia bastidores e preparo. O calendário de sabores sazonais sustenta novidades sem inflar o estoque. Parcerias com influenciadores de bairro geram alcance com custo baixo e melhor conversão que mídia massiva.

Delivery sem perder margem

As lojas negociam taxas com plataformas e fortalecem o canal próprio. O cardápio próprio inclui sabores exclusivos e combos com margem maior. Entrega direta usa rotas curtas, embalagens térmicas e janelas de saída para manter qualidade.

Riscos, boas práticas e o que o candidato precisa saber

Franquias de alimentação enfrentam pressão em custos. Farinha e queijo oscilam. O franqueado precisa de colchão de capital e disciplina de compras. Ponto ruim ou equipe mal treinada corrói margem. A rede exige dedicação diária, com presença do responsável na operação, ao menos no início.

Unidade saudável nasce do básico: ficha técnica, giro de estoque abaixo de 10 dias, escala enxuta no horário certo e atendimento rápido.

Antes de assinar, o candidato deve visitar unidades em horários de pico. Precisa checar a circular de oferta de franquia, conversar com franqueados e simular cenários conservadores. A marca deve mostrar dados por coorte de loja, não apenas médias da rede.

Simulação prática de viabilidade

Uma projeção típica para uma loja de 70 m² em área urbana densa considera faturamento mensal de R$ 120 mil, CMV a 30% (R$ 36 mil), folha a 20% (R$ 24 mil), aluguel e encargos a 10% (R$ 12 mil), marketing e royalties a 7% (R$ 8,4 mil) e demais despesas em 8% (R$ 9,6 mil). A sobra operacional seria próxima de R$ 30 mil. Em sazonalidade, essa sobra cai. O gestor precisa de reserva para atravessar meses fracos e manter qualidade.

Gente, cultura e expansão sustentável

O casal fundador manteve a cultura próxima da operação. Visitas a lojas, rituais de feedback e trilhas de carreira seguram talentos. Pizzaiolos recebem formação contínua e metas claras. A regionalização do suporte reduz tempo de resposta e corrige rota rápido.

Para 2025, a estratégia mira cidades entre 100 mil e 400 mil habitantes, onde a concorrência ainda é baixa e o delivery cresce. A rede também testa um modelo compacto para praças com aluguel caro, com frente reduzida e cozinha focada.

Informações adicionais para quem quer começar

Quem pensa em franquia de pizzaria precisa dominar três frentes: finanças, qualidade e gente. O DRE semanal dá clareza de margem e custo. A prova cega garante padrão do produto. A liderança no salão e no passe faz o ritmo da loja. Um plano de contingência para falhas de forno, falta de insumo e pico inesperado evita quebra de experiência.

Vale montar um calendário de metas: reduzir ruptura, elevar reabastecimento diário, treinar polivalência e mapear rotas de entrega por quadra. Assim, a promessa de “quente, rápido e igual em qualquer loja” sai do slogan e entra na rotina. Com método e constância, aquele começo com oito pedidos vira case de crescimento — e uma rede de R$ 148 milhões deixa de parecer distante para quem quer tirar o plano do papel.

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