Você aceitaria encarar Ayrton Senna depois de 1994: escultura de R$ 4,3 mi intriga em São Roque

Você aceitaria encarar Ayrton Senna depois de 1994: escultura de R$ 4,3 mi intriga em São Roque

No interior paulista, uma obra recente provoca arrepio e perguntas. Alguns visitantes diminuem o passo; outros, atentos, filmam cada detalhe.

Em São Roque, uma instalação mistura arte, memória e tecnologia para provocar o público. A peça convida você a imaginar um desfecho diferente para um dos momentos mais dolorosos do esporte brasileiro. O resultado mexe com fãs de automobilismo e com quem só conhece a figura de Ayrton Senna pelo que ela representa: coragem, talento e um país inteiro na torcida.

O que a obra mostra

Batizada de “Uma outra história”, a escultura recria a Williams FW16 em escala real, como ficou após o impacto no GP de San Marino, em 1994. O bico dianteiro aparece arrancado. Há marcas de contato no chassi. O conjunto não romantiza o acidente. Ele reconstitui o cenário e, a partir daí, propõe um caminho diferente.

Um painel de LED exibe uma animação gerada por inteligência artificial. Nela, o piloto deixa o carro e caminha. Essa cena alternativa desloca o foco da tragédia para a possibilidade. O visitante vê, por alguns segundos, uma vida que poderia ter continuado.

A instalação vale R$ 4,3 milhões, leva a assinatura do artista Adhemar Cabral e usa IA para projetar um final alternativo.

Tecnologia e narrativa

A combinação de escultura realista e imagens digitais cria contraste. O metal amassado fala de um passado fixo. O vídeo, por sua vez, sugere futuro. Essa dupla camada dá ritmo à visita. O público circula, compara ângulos, volta a olhar o painel e completa a história com a própria memória.

Adhemar Cabral dedicou dois anos ao projeto. Ele trabalhou na data simbólica dos 30 anos da morte de Senna, lembrada em 2024. Em entrevistas, o artista costuma dizer que mira o sentimento de superação que o piloto despertava. A obra se apoia nessa ideia sem escorregar para a caricatura.

Realismo no carro, esperança na tela: a experiência alterna impacto material e respiro emocional, com forte apelo para quem viveu 1994.

Quanto, onde e quando ver

A escultura está no Parque Dream Car, em São Roque (SP), a cerca de 60 km da capital paulista, na Estrada do Vinho. O espaço exibe a peça no primeiro pavimento, perto de duas motos de tirar fotos dos visitantes: a Ducati Panigale e a Monster Senna Edition — esta última, única no Brasil. No piso superior, há réplicas e homenagens a carros históricos da Fórmula 1, incluindo a McLaren MP4/8 usada por Senna em 1993.

O parque abriga ainda o Dream Car Museum, com 165 veículos antigos, além de parque temático, kartódromo, simuladores de Fórmula 1 e uma área de compras e alimentação com 23 lojas e restaurantes. O local aceita pets e possui eletropontos para recarga de veículos elétricos.

Obra “Uma outra história”
Autor Adhemar Cabral
Valor estimado R$ 4,3 milhões
Onde fica Parque Dream Car, São Roque (SP), Estrada do Vinho
Distância de São Paulo aprox. 60 km
Destaques próximos Ducati Panigale e Monster Senna Edition (única no Brasil)
Recursos do parque Dream Car Museum, simuladores de F1, kartódromo, 23 lojas e restaurantes, pet friendly, eletropontos

Como organizar a sua visita

  • Chegue cedo para evitar filas nos simuladores de Fórmula 1.
  • Reserve ao menos duas horas para ver a escultura com calma e circular pelo museu.
  • Leve casaco leve: áreas com ar-condicionado podem esfriar rapidamente.
  • Se for com crianças, combine pontos de encontro. O espaço é amplo e cheio de estímulos.
  • Confirme horários e valores diretamente nos canais oficiais do parque antes de sair de casa.

Por que mexe com tanta gente

Ayrton Senna transcende o esporte. Ele virou sinônimo de disciplina, técnica apurada e uma coragem que grudou na imaginação coletiva. Ao perguntar “e se?”, a obra de São Roque mexe com memórias afetivas e com a forma como o brasileiro lida com perdas. Essa pergunta estimula reflexão sem negar a realidade dos fatos.

O trabalho não substitui a história. Ele cria um parêntese emocional. Nesse parêntese, o visitante encara a própria relação com risco, idolatria e tempo. É comum ver pessoas em silêncio diante do painel. Outras comentam baixinho. Esse comportamento mostra como arte e tecnologia podem gerar catarse pública quando tocam um ícone nacional.

Legado de segurança na Fórmula 1

O acidente de 1994 gerou mudanças profundas na Fórmula 1. O esporte aperfeiçoou barreiras de proteção, reforçou áreas de escape e redesenhou componentes estruturais dos carros. Equipes passaram a monitorar dados com mais rigor. Pilotos ganharam assentos e capacetes com melhor absorção de impacto.

Quando o visitante observa a Williams reconstruída, ele enxerga também esse capítulo da engenharia. A obra permite relacionar emoção e técnica. O passado deixa lições enquanto a arte cutuca a imaginação com um possível futuro que não aconteceu.

A visão do artista e o papel da IA

Adhemar Cabral, conhecido como “o artista da velocidade”, estuda formas, fluxo de ar e detalhes do desenho automotivo. Na instalação, ele usa inteligência artificial como ferramenta narrativa, não como fim. O algoritmo ajuda a construir a cena alternativa. O sentido da obra nasce do diálogo entre matéria, luz e a memória do público.

Esse uso de IA traz debate relevante para museus e parques temáticos. Tecnologias generativas podem reconstituir trajetórias, corrigir distorções e criar finais hipóteses. Curadores precisam informar contexto, delimitar o que é factual e o que é simulação, e oferecer mediação clara para evitar confusões.

IA, escultura e memória se combinam para provocar sem confundir: a peça sinaliza que hipótese não substitui história.

Experiências complementares no parque

O Dream Car Museum reúne carros que contam a evolução da indústria automotiva. O visitante compara linhas, materiais e soluções mecânicas. A área de kart coloca o corpo em ação e amplia a compreensão de trajetória, frenagem e aceleração. Já os simuladores de Fórmula 1 testam reflexos e leitura de pista.

Quem vai em família pode montar um roteiro simples. Primeiro, a escultura. Depois, as réplicas de F1 no segundo piso. Na sequência, uma passada pelo acervo de clássicos. Por fim, simulador ou kart, conforme o tempo e a disposição do grupo.

Para levar da visita

  • Uma visão mais ampla do legado de Senna, para além das vitórias.
  • Noção prática de como tecnologia e arte tratam memória sensível.
  • Ideias para conversar com crianças e adolescentes sobre risco, engenharia e ética no esporte.

Dicas finais e pontos de atenção

Leve fones ou tampões se sons altos incomodam. Algumas áreas usam trilhas sonoras intensas. Hidrate-se e faça pausas. O volume de estímulos visuais é grande e pode cansar. Se você pretende fotografar o painel de LED, ajuste o obturador do celular para reduzir flicker. Teste o modo “pro” e diminua a velocidade até a faixa de 1/60 a 1/120.

Quer esticar o passeio? São Roque oferece vinícolas, restaurantes de cozinha caipira e paisagens de serra na Estrada do Vinho. Combine a visita ao Dream Car com uma parada gastronômica. Você ganha respiro entre as emoções da obra e fecha o dia com um passeio completo.

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