Promessas vieram e foram, a placa apareceu e a cidade reagiu: a expansão da Linha 4 mexe com sua rotina.
A confirmação do prazo real mexe com expectativas, investimentos e planejamento diário de quem mora, trabalha ou estuda em Taboão da Serra e arredores.
O que mudou no cronograma
O aditivo assinado entre Artesp e ViaQuatro tirou do papel a extensão da Linha 4-Amarela até Taboão da Serra, mas também fixou um prazo que surpreende quem esperava um corte de faixa antes de 2030. A placa da obra cravou 64 meses de execução a partir de 29 de outubro de 2025. A conta aponta para fevereiro de 2031.
Prazo oficial: 64 meses a partir de 29/10/2025. Previsão de inauguração: fevereiro de 2031.
O governo citou 2028 por anos e depois mencionou 2029, com a hipótese de fazer tudo em 36 meses. As datas não resistiram ao escopo real: dois novos acessos, integração total ao sistema e escavações em área urbana densa. O horizonte mais longo casa com a complexidade.
Como será a expansão
Serão 3,4 km de trilhos adicionais, duas novas estações — Taboão da Serra e Chácara do Jockey — e três poços de ventilação. O pacote inclui seis trens novos fornecidos pela CRRC, além de obras civis, sistemas e adequações operacionais para encaixar a fase 3 no serviço que já roda lotado em horário de pico.
| Extensão | 3,4 km |
|---|---|
| Estações | Taboão da Serra e Chácara do Jockey |
| Método de túnel | NATM (túnel mineiro), sem uso de tatuzão |
| Poços de ventilação | 3 unidades |
| Novos trens | 6 composições (CRRC) |
| Investimento estimado | Superior a R$ 4 bilhões |
| Prazo de obra | 64 meses |
| Entrega prevista | Fevereiro de 2031 |
NATM em vez de tatuzão: o que isso significa
A ViaQuatro adotará o método NATM, com escavação sequencial e suporte imediato em concreto projetado. Esse processo avança por etapas, permite ajustes a variações do solo e reduz o risco de assentamentos inesperados em áreas sensíveis. A velocidade, porém, é menor que a de um tatuzão. Vêm junto canteiros locais, remoção de material e circulação de caminhões em horários controlados.
Dois túneis, duas estações, três poços e escavação por NATM explicam por que 36 meses não cabiam no desenho real.
O impacto para quem usa a linha
Com as novas estações, a Linha 4 deve ganhar cerca de 50 mil passageiros por dia. Um terminal de ônibus em Taboão da Serra concentrará linhas alimentadoras e deve encurtar conexões até a Vila Sônia, Pinheiros, Paulista e Luz. A rede fica mais capilar e reduz baldeações longas em corredores sobrecarregados de ônibus.
Quem sai de Taboão terá portas diretas para polos de emprego e estudo. Integrações em Pinheiros, Paulista e Luz abrem caminho para linhas de trem e metrô já consolidadas. A demanda tende a se distribuir melhor ao longo do ramal, com reforço da frota quando os seis trens extras chegarem.
- Mais oferta no pico com a chegada de novas composições e ajustes de intervalo.
- Ligação direta ao eixo Pinheiros–Paulista, com ganho de tempo nas viagens diárias.
- Terminal de ônibus em Taboão para reorganizar alimentações e reduzir percursos duplicados.
- Menos pressão em linhas municipais e intermunicipais que hoje fazem trajeto até Vila Sônia.
Promessas antigas e realidade de obra
As falas sobre 2028 e depois 2029 nasceram de estimativas otimistas. Testes de sistemas, interface com a operação existente e licenças somam etapas que raramente cabem em três anos. Com 64 meses, o cronograma assume fases sequenciais de escavação, contenção, acabamentos, instalação de sistemas, energização, testes dinâmicos e marcha branca.
Custo, contrato e prazos de concessão
O aditivo amplia a concessão da ViaQuatro por mais 20 anos, até junho de 2060, como contrapartida para viabilizar a fase 3. O investimento passa de R$ 4 bilhões e abrange obra civil, sistemas, material rodante e infraestrutura de apoio. A governança do cronograma fica atrelada às metas contratuais e a marcos físicos auditáveis.
Concessão prorrogada: ViaQuatro segue no comando da Linha 4-Amarela até junho de 2060.
Riscos de atraso e como acompanhar
Qualquer obra subterrânea enfrenta incertezas: interferências de redes enterradas, desapropriações pontuais, chuvas fortes, licenças, importação de equipamentos e testes de sinalização. O método NATM exige controle geotécnico permanente e pode ajustar frentes de serviço conforme o solo responde. A população pode acompanhar marcos públicos, como início de escavações, concretagem de estações, montagem de via e testes.
Efeitos no bairro: trânsito, ruído e comércio
O canteiro traz desvios temporários, circulação de caminhões e restrição de vagas em vias próximas aos poços e às estações. A construtora costuma programar janelas de maior movimentação fora do pico e instalar barreiras acústicas nas frentes sensíveis. Comerciantes vizinhos tendem a sofrer no curto prazo e a ganhar com o fluxo adicional quando as operações começarem.
- Períodos de interdição parcial de calçadas e faixas.
- Sinalização provisória e alteração de pontos de ônibus.
- Obras internas de acabamento com menor impacto externo após a fase pesada.
- Programas de vizinhança para atendimento a moradores e lojistas.
O que você pode fazer até lá
Rotas de ônibus até Vila Sônia oferecem a conexão mais rápida à Linha 4 durante as obras. Há ganhos quando você combina horários fora do pico com pontos de integração mais vazios, como Pinheiros e Paulista em janelas intermediárias. Aplicativos de mobilidade ajudam a identificar desvios ativos e tempos de deslocamento dia a dia.
Para quem planeja mudar hábitos, vale simular o futuro trajeto: com a estação Taboão da Serra aberta, o tempo até a região da Paulista tende a cair de uma combinação ônibus + metrô para uma sequência metrô puro, com estimativas que variam conforme a hora do dia. O ganho aparece principalmente na previsibilidade, já que a operação metroviária evita variações típicas do trânsito.
Detalhes técnicos que fazem diferença
O NATM combina escavação em seções, monitoramento topográfico e suporte imediato com concreto projetado. Esse desenho permite contornar obstáculos, reduzir deformações e ajustar o avanço ao comportamento do maciço. Em áreas urbanas, esse controle reforça a segurança de edificações e redes enterradas, ainda que alongue o prazo.
Os poços de ventilação servem para exaustão de fumaça em emergências e auxiliam a troca de ar no dia a dia. Eles funcionam também como acesso de obra para entrada de equipamentos e saída de material, acelerando frentes paralelas. A chegada de seis trens da CRRC possibilita reforçar a oferta e manter intervalos compatíveis com a nova demanda, sem sacrificar a confiabilidade do conjunto.


