Seu primeiro e último nome carregam trajetórias. No Maranhão, eles revelam origens, crenças e migrações familiares silenciosas.
Dados inéditos do Censo 2022 do IBGE ajudam a entender quem é o maranhense ao observar escolhas que passam de geração em geração: os nomes de batismo e os sobrenomes que nos identificam no dia a dia.
O que foi medido no Censo e por que isso importa
O IBGE publicou, em 4 de novembro de 2025, o primeiro ranking de nomes e sobrenomes do Brasil com base no Censo 2022. O levantamento considera todos os moradores dos 90,7 milhões de domicílios recenseados no país, com possibilidade de recorte por unidade da federação e por município. No Maranhão, o padrão local acompanha a tendência nacional.
Maria é o nome feminino mais frequente e José lidera entre os masculinos no Maranhão; Silva e Santos encabeçam os sobrenomes.
O banco ainda organiza os resultados por sexo e por período de nascimento, o que permite observar ondas de popularidade ao longo das décadas. Esse recorte ajuda a explicar mudanças recentes, como a ascensão de nomes curtos e modernos entre os mais jovens, ao lado da manutenção de clássicos bíblicos.
Os números que marcam a identidade do Maranhão
O retrato mais recente do estado traz volumes expressivos para os campeões de preferência.
Maria aparece em 579.936 registros femininos. José identifica 220.846 homens. Entre os sobrenomes, Silva soma 1.581.757 pessoas, Santos reúne 852.096 e Sousa, 733.056.
Antônio ocupa a terceira posição entre os nomes, com 146.359 registros. No pelotão de frente também surgem Ana, João e Francisco, que reforçam a força de tradições religiosas e da herança luso-brasileira no estado. O ranking traz, ainda, sinais de renovação geracional com Arthur e Enzo, além de Lara entre os femininos.
Nomes de fé e tradição
Maria e José atravessam séculos de uso no Maranhão. A influência católica, forte sobretudo em cidades do interior, mantém viva a homenagem a santos e personagens bíblicos. A presença destacada de Antônio, João e Francisco reforça esse traço cultural. Esses nomes tendem a combinar-se com segundos nomes, criando variações familiares que diferenciam homônimos na escola, no trabalho e nos serviços públicos.
Sobrenomes que contam a história
Silva e Santos irradiaram-se pelo território desde o período colonial, acompanhando movimentos de povoamento e miscigenação. Sousa, Costa, Pereira e Oliveira também figuram entre os mais frequentes, todos com raízes portuguesas e grande difusão intermunicipal. A popularidade desses sobrenomes tem implicações práticas: aumenta a chance de homonímia em cadastros e reforça a adoção de nomes do meio ou de dupla filiação (paterno e materno) para distinguir pessoas.
Top 5 de nomes e sobrenomes no MA
Abaixo, um recorte sintético com as lideranças e seus volumes.
| Posição | Nome | Registros |
|---|---|---|
| 1º | Maria | 579.936 |
| 2º | José | 220.846 |
| 3º | Antônio | 146.359 |
| 4º | Ana | — |
| 5º | João | — |
| Posição | Sobrenome | Registros |
|---|---|---|
| 1º | Silva | 1.581.757 |
| 2º | Santos | 852.096 |
| 3º | Sousa | 733.056 |
| 4º | Costa | — |
| 5º | Pereira | — |
Os traços “—” indicam posições confirmadas no ranking, mas sem valor absoluto informado aqui. O conjunto completo aparece no sistema do IBGE, com filtros por período de nascimento e por município.
O que explica a permanência dos campeões
- Tradição religiosa: nomes de santos e personagens bíblicos persistem em famílias maranhenses há várias gerações.
- Herança portuguesa: Silva, Santos, Sousa e Costa vieram com a colonização e se difundiram de forma transversal.
- Praticidade: grafias simples e fáceis de pronunciar favorecem a escolha em contextos diversos.
- Transmissão familiar: homenagens a avós e padrinhos mantêm nomes e sobrenomes em circulação.
- Novas influências: mídia e cultura pop abrem espaço para nomes curtos e internacionais entre os mais jovens.
Homônimos e vida prática
Com tanta gente chamada Maria, José, Silva ou Santos, aumentam as chances de encontrar homônimos no mesmo bairro ou até no mesmo órgão público. Cartórios e sistemas de saúde e educação costumam usar combinações de nome completo, data de nascimento e nome da mãe para evitar confusões. Em serviços financeiros, o CPF cumpre esse papel. Para diferenciar crianças na escola, muitas famílias optam por um segundo nome ou pelo uso do sobrenome materno junto ao paterno.
Tendências por geração
O recorte por período de nascimento revela um mosaico interessante. Entre os nascidos nas últimas décadas, crescem nomes como Arthur e Enzo, enquanto clássicos seguem firmes entre faixas etárias mais altas. Entre as meninas, além de Maria e Ana — que aparecem em diversas composições — surgem escolhas como Lara. Essas mudanças mostram como referências culturais e preferências estéticas variam, sem apagar pilares tradicionais.
Grafias e variações
Diferenças de acento e de escrita (José/Jose; Luís/Luiz; Souza/Sousa) impactam o registro. Em consultas e formulários, a grafia oficial do documento deve prevalecer. Quem deseja evitar ambiguidades pode checar, no ato do registro, a forma mais comum no estado ou na família. Em bases estatísticas, cada grafia constitui um registro diferente.
Como verificar o seu nome no ranking
O sistema do IBGE permite pesquisar a popularidade do primeiro nome e do sobrenome por estado e município. Para fazer a consulta, siga este roteiro:
- Acesse o portal do IBGE e procure por “Censo 2022 – nomes e sobrenomes”.
- Selecione o recorte “Maranhão” e, se quiser, filtre por município.
- Escolha “nome” ou “sobrenome” e informe a grafia exata.
- Ative o filtro por período de nascimento para visualizar a curva de popularidade ao longo do tempo.
O ranking organiza resultados por sexo e por faixas de nascimento, permitindo comparar gerações e identificar ondas de nomes.
Para quem vai registrar um filho
As estatísticas ajudam pais e mães a pensar em identidade, sonoridade e singularidade. Nomes muito frequentes trazem familiaridade, mas podem aumentar homônimos. Combinações com um segundo nome reduzem confusões e preservam homenagens familiares.
- Teste a pronúncia completa com os sobrenomes da família.
- Verifique grafias e acentuação para evitar variações indesejadas.
- Considere um segundo nome ou a ordem dos sobrenomes para diferenciar.
- Projete siglas e iniciais para ver como aparecem em listas e cadastros.
Informações complementares para o leitor
Curioso para estimar a chance de homônimos no seu bairro? Uma forma simples é combinar a posição do seu primeiro nome e do seu sobrenome no ranking do estado. Quanto mais altos ambos estiverem, maior a probabilidade de coincidências. Em atividades profissionais que lidam com público — saúde, educação, atendimento bancário — vale padronizar assinaturas com nome do meio ou dois sobrenomes para reduzir trocas.
Quem pesquisa história da família pode usar o recorte por município e década de nascimento para mapear quando certo nome “entrou” na linhagem. Ao comparar irmãos e primos, fica mais fácil identificar tendências de época e influências de padrinhos. Esse exercício ajuda a compor árvores genealógicas mais ricas, especialmente em famílias com muitos Silva ou Santos espalhados por várias cidades do Maranhão.


