Horas decisivas no mapa do tempo gaúcho pedem atenção. Ventos, chuva e granizo voltam a rondar lares e estradas.
A formação de um ciclone extratropical muda a rotina no Rio Grande do Sul entre quinta à noite e o fim de semana. As instabilidades avançam rápido, com potencial para chuva volumosa, ventania e danos localizados em várias regiões.
Onde o risco é maior
Meteorologistas projetam a intensificação das nuvens desde o Oeste na madrugada de sexta. A metade Norte entra em faixa mais severa. O Inmet mantém aviso de tempestade e amplia o grau de risco conforme a evolução do sistema.
Chuva acima de 100 mm em 24 horas eleva a chance de alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas.
Regiões com atenção reforçada e exemplos de cidades citadas pelas defesas civis municipais e regionais:
- Noroeste e Missões: Ijuí, Santa Rosa, Três Passos, Santo Ângelo.
- Norte: Passo Fundo, Erechim, Carazinho.
- Nordeste (Serra): Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria, Farroupilha.
- Centro: Santa Maria, Cachoeira do Sul, Restinga Sêca.
- Região Metropolitana: Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Gravataí, Viamão.
- Sudoeste e Fronteira Oeste: Uruguaiana, Alegrete, São Borja, Bagé.
- Litoral Médio e Norte: Mostardas, Tramandaí, Capão da Canoa, Torres.
- Costa Doce e Sul: Pelotas, Rio Grande, São Lourenço do Sul, Tapes, Arambaré.
Em Porto Alegre, a sexta pode alternar períodos de sol entre nuvens e pancadas fortes. Rajadas intensas tendem a acompanhar núcleos de tempestade. As temperaturas ficam amenas. Na costa, o mar segue agitado, com ressaca pontual nas praias abertas.
Alertas oficiais e intensificação
O Inmet iniciou a quinta com aviso laranja para temporais no RS e em Santa Catarina, com chance de 30 a 60 mm em apenas uma hora. A partir de sexta, áreas do Noroeste, Sudoeste, Nordeste, região Central e a Região Metropolitana entram em faixa de aviso mais crítico para acumulados de chuva.
A Defesa Civil do RS indica cenários de risco entre sexta e sábado em quase todo o estado. O órgão chama atenção para múltiplos perigos combinados.
Rajadas de 50 a 85 km/h são prováveis em amplas áreas, com picos acima de 100 km/h no Litoral Médio e Norte e entorno da Costa Doce.
Há potencial para granizo isolado, principalmente na metade Norte. Núcleos mais severos podem produzir tornados de forma localizada, quando houver tempestades supercelulares. Acumulados entre 100 mm e 150 mm em janelas de 6 a 12 horas não estão descartados na faixa central.
Linha do tempo do ciclone
Quinta (6), à noite
Uma baixa pressão se intensifica entre Paraguai e Sul do Brasil. Instabilidades avançam para o Oeste gaúcho e alcançam o Centro durante a madrugada.
Sexta (7)
O sistema organiza um ciclone extratropical na costa do RS. Chuva volumosa se espalha e se concentra da manhã para a tarde. Ventos ganham força e o granizo aparece em pontos isolados.
Sábado
O ciclone atua ao longo da costa entre o Sul e o Sudeste. Chove menos no Oeste, Missões e Noroeste, mas a nebulosidade ainda domina. No Leste, pancadas de moderada a forte intensidade persistem. O mar segue agitado.
Domingo
O centro do ciclone se afasta e uma alta pressão avança do Uruguai. O tempo firma na maior parte do estado, com manhã amena e tarde um pouco mais quente do que no sábado.
| Dia | Regiões mais afetadas | Chuva | Vento | Risco adicional |
|---|---|---|---|---|
| Quinta à noite | Oeste e Centro | Pancadas irregulares | Rajadas moderadas | Alagamentos pontuais |
| Sexta | Noroeste, Norte, Nordeste, Centro, Metropolitana | Forte e volumosa (100 mm/dia) | 50–85 km/h; picos >100 km/h na costa | Granizo e risco de tornados isolados |
| Sábado | Leste e litoral | Pancadas moderadas a fortes | Rajadas persistentes | Mar agitado e ressaca |
| Domingo | Maior parte do RS | Baixa | Enfraquecendo | Melhora gradual |
Impactos e medidas já adotadas
Com a previsão de tempo severo, redes de ensino e serviços públicos ajustam rotinas. Em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, a prefeitura cancelou as aulas presenciais de sexta à tarde e à noite, com atividades remotas.
Defesas civis municipais reforçam monitoramento de rios e arroios. Equipes orientam moradores de áreas ribeirinhas sobre rotas de saída. Serviços de limpeza liberam bueiros para aumentar a drenagem urbana. Concessionárias revisam redes elétricas para reduzir o risco de quedas de energia prolongadas durante as rajadas.
Como se proteger nas próximas horas
- Evite atravessar áreas alagadas a pé ou de carro. A lâmina d’água esconde buracos e correntezas.
- Guarde objetos soltos em varandas e quintais. Ventos fortes transformam itens leves em projéteis.
- Afaste-se de árvores, placas e fiações durante as rajadas. Procure abrigo em local fechado.
- Reveja rotas diárias. Prefira vias com menos pontos de alagamento e encostas.
- Recarregue celulares e lanternas. Tenha água potável e medicamentos de uso contínuo à mão.
- Em áreas de encosta, observe trincas, ruídos e portas que emperram. Saia do imóvel e acione a Defesa Civil.
- Pescadores e esportes náuticos devem suspender saídas. O mar tende a ficar perigoso, com ressaca.
- Acompanhe avisos do Inmet e da Defesa Civil estadual e municipal pelo celular e rádio.
Não tente resgatar veículos ou pertences durante a cheia. Priorize pessoas e animais. Acione o 193 em emergências.
Por que este ciclone preocupa
O sistema é extratropical. Ele nasce do contraste entre ar frio e ar quente, próximo a uma frente fria. Esse desenho favorece ventos intensos, linhas de instabilidade e chuva persistente em faixas do mapa. Diferente de um ciclone tropical, a energia vem do encontro de massas de ar e não do calor do oceano.
O corredor de umidade e o cisalhamento de vento em níveis médios e altos criam ambiente para tempestades organizadas. Em janelas curtas, as nuvens descarregam volumes expressivos. O solo saturado responde com enxurradas, principalmente em bacias urbanas. Encostas com histórico de movimentos de massa merecem vigilância redobrada.
Cidades: o que observar no seu bairro
Porto Alegre e cidades próximas podem registrar vento forte antes da chuva, sinal de nuvens com corrente descendente. No Litoral Norte, o mar agitado e a maré meteorológica aumentam o risco em orlas abertas e molhes. Na Serra, a combinação de chuva volumosa e relevo íngreme acelera enxurradas.
No Centro do estado, onde os acumulados podem chegar a 150 mm em poucas horas, córregos sobem rápido. Em bairros com galerias antigas, a água retorna por bocas-de-lobo. No Noroeste e no Norte, nuvens com topos muito frios aumentam a chance de granizo. Em áreas rurais, galpões e estufas precisam de amarração extra.
Informações práticas para os próximos dias
Monte um plano familiar simples. Defina um ponto de encontro seguro e um contato fora da cidade. Combine um check-in por mensagem em horários fixos. Guarde documentos em sacos plásticos. Deixe o carro com combustível e o celular com bateria.
Quer avaliar o risco no seu quarteirão? Observe três sinais: volume de chuva na última hora, velocidade do vento e nível dos cursos d’água mais próximos. Acúmulo acima de 30 mm em 60 minutos pede cautela imediata. Rajadas acima de 70 km/h derrubam galhos e estruturas frágeis. Arroios que sobem rápido em 15 a 30 minutos indicam enxurrada iminente.
Para quem depende da estrada, planeje janelas de deslocamento com base no período de menor instabilidade. Evite trechos com pontes baixas sobre rios conhecidos por subir depressa. Se dirigir sob ventos fortes, reduza a velocidade e mantenha distância de caminhões e ônibus, mais suscetíveis a deslocamento lateral.


