Uma virada de tempo avança pelo nordeste paulista, com sinais de instabilidade, vento mais forte e mudanças no trânsito urbano.
Moradores de Ribeirão Preto e cidades vizinhas devem se preparar para horas de tempo severo entre a noite desta sexta (7) e o sábado (8). A Defesa Civil do Estado prevê rajadas intensas, chuva volumosa e risco de granizo por causa da passagem de um ciclone extratropical pela costa do Sul e do Sudeste.
Ventos podem atingir 95 km/h, com até 90 mm de chuva em curto período, raios frequentes e granizo isolado.
O que muda e quando
A virada começa no fim da tarde e se intensifica à noite, quando as primeiras células de tempestade ganham força. O sábado (8) concentra o maior potencial de danos. O domingo (9) tende a ter chuva mais fraca e irregular, mas ainda com reflexos da ventania do dia anterior em árvores, telhados e redes elétricas.
| Período | Fenômeno predominante | Impacto esperado | Ação recomendada |
|---|---|---|---|
| Sexta (7) à noite | Tempestades com raios e rajadas | Quedas pontuais de galhos e energia | Evitar vias arborizadas e áreas alagáveis |
| Sábado (8) | Vendavais, granizo local, chuva intensa | Danos a telhados leves e semáforos, trânsito lento | Ficar em casa, proteger telhados, estacionar longe de árvores |
| Domingo (9) | Chuva isolada | Resquícios: quedas de árvores e falta de luz | Rever rotas, acompanhar serviços essenciais |
Por que o ciclone extratropical muda tudo
O sistema em formação no oceano cria uma ampla área de baixa pressão. Quando a pressão cai rápido, o ar acelera para preencher esse “vazio”, gerando rajadas fortes. O contraste de temperatura entre o continente aquecido e o ar mais frio vindo do mar reforça correntes ascendentes, o que alimenta nuvens altas e muito carregadas.
Baixa pressão profunda e gradiente de pressão elevado atuam como motor de vento e fábrica de nuvens de tempestade.
Esse tipo de configuração é típico da primavera, quando a atmosfera mistura massas de ar de características opostas. O resultado combina pancadas localmente extremas, descargas elétricas frequentes e janelas curtas de tempo firme entre uma nuvem e outra.
Impactos esperados nas cidades
Vias e transporte
Ruas arborizadas podem ficar bloqueadas por queda de galhos. Semáforos podem apagar onde faltar energia. A visibilidade cai durante as cortinas de água, e a aquaplanagem aumenta nas pistas com drenagem deficiente. Linhas de ônibus podem sofrer desvios temporários.
Residências e comércio
Telhas leves, como as de fibrocimento, ficam mais vulneráveis a desencaixe. Lonas mal presas podem se soltar. Antenas e placas mal fixadas devem oscilar. Lojas com fachadas de vidro precisam reforçar portas e vitrines contra rajadas canalizadas pelas ruas.
Áreas de risco e drenagem
Bairros próximos a córregos respondem rápido à chuva intensa. Bocas de lobo obstruídas elevam o nível das ruas. Encostas instáveis podem encharcar e apresentar deslizamentos pequenos, principalmente após acumulados acima de 50 mm.
Como reduzir riscos agora
- Recolher objetos soltos em quintais e varandas, como vasos e cadeiras.
- Revisar telhas aparentes e fixar coberturas provisórias com ripas e parafusos, não apenas com pedras.
- Estacionar longe de árvores, postes e fachadas com placas grandes.
- Desligar eletrônicos sensíveis durante descargas e usar filtros de linha com proteção.
- Evitar abrigo sob árvores durante raios; buscar locais fechados e com aterramento.
- Separar lanterna, pilhas, power bank e água potável para um desabastecimento curto.
- Guardar documentos e remédios de uso contínuo em local fácil de levar caso precise sair rápido.
Emergências: Defesa Civil 199. Corpo de Bombeiros 193. Ligue ao perceber risco iminente, fios caídos ou árvores sobre vias.
Enem no domingo: o que fazer para chegar sem sustos
A previsão indica chuva isolada no domingo (9), mas os efeitos do sábado podem persistir. Quem vai fazer a prova precisa se antecipar. Verifique no sábado à noite se o bairro registrou quedas de árvores ou interrupções de energia. Programe uma rota alternativa que evite pontes estreitas e avenidas com histórico de alagamento. Saia de casa mais cedo do que o habitual para contornar bloqueios temporários.
Leve capa de chuva. Guarda-chuva com armação metálica não é indicado durante raios. Mantenha o celular carregado e com créditos para chamadas. Combine um ponto de encontro com familiares caso a rede de dados oscile.
Quanto é perigoso 95 km/h?
Rajadas nessa faixa já derrubam galhos grossos e deslocam telhas fixadas de forma precária. Caminhonetes e veículos altos sofrem desvio lateral em pistas abertas. Em vias expressas, reduzir a velocidade e manter duas mãos firmes no volante ajuda a compensar rajadas cruzadas. Para pedestres e ciclistas, o risco concentra-se sob árvores e perto de estruturas metálicas.
Acumulados de até 90 mm em poucas horas saturam o solo urbano e pressionam a drenagem. Em bueiros obstruídos, a lâmina d’água sobe rápido e invade calçadas. Evite atravessar áreas sob água, pois uma altura de 30 cm já movimenta carros leves. Em calçadas, a correnteza oculta buracos e tampas de inspeção soltas.
Quem está monitorando
A Defesa Civil de São Paulo mantém equipe de prontidão e montou gabinete de crise para o fim de semana. O monitoramento usa radares meteorológicos, imagens de satélite e estações de superfície para acionar avisos pontuais. Concessionárias de energia e prefeituras prepararam turmas para retirada de árvores e recomposição de rede, com prioridade para hospitais e serviços essenciais.
Entenda o cenário meteorológico
O ciclone extratropical, ao passar pelo oceano, organiza frentes frias e corredores de umidade que canalizam ar quente e úmido da Amazônia em direção ao Sudeste. Esse corredor encontra ar mais frio marítimo, gerando nuvens do tipo cumulonimbus. A corrente ascensional dentro dessas nuvens pode suspender gotas grandes e pedras de gelo, o que explica o granizo localizado. Quando o sistema se afasta da costa, o gradiente de pressão enfraquece e as rajadas perdem força, restando pancadas mais espaças.
Depois da tempestade: o que fazer
Evite contato com fios caídos. Não tente retirar galhos sobre a fiação. Se houver cheiro de gás, feche o registro e saia para um local ventilado. Registre danos com fotos e vídeos antes de iniciar reparos, o que acelera eventual acionar do seguro. Em telhados, espere a chuva cessar e use cinto de segurança. Para água em casa, priorize desconectar a energia antes de remover móveis.
Para quem mora próximo a áreas alagáveis, manter um kit com documentos plastificados, lanterna, chave de casa, remédios e uma muda de roupa reduz o tempo de resposta. Se a previsão indicar novo episódio em 24 a 48 horas, não guarde objetos no piso. Use prateleiras mais altas e crie barreiras simples com tábuas e silicone nas portas mais baixas.


