Nova tornozeleira com LED promete menos dor a quem tem pé diabético: você usaria 30 minutos por dia?

Nova tornozeleira com LED promete menos dor a quem tem pé diabético: você usaria 30 minutos por dia?

Um aparelho no tornozelo que não vigia, cuida. Ele promete aliviar o sofrimento diário de quem vive com feridas dolorosas.

Pesquisadores brasileiros apresentaram um dispositivo que faz o oposto do que muita gente imagina quando ouve “tornozeleira eletrônica”. Em vez de monitorar, ele trata. O sistema usa luz LED e um curativo de látex natural para acelerar a cicatrização e reduzir a dor em casos como o pé diabético, problema que frequentemente leva a internações e amputações.

O que é a tal tornozeleira

O equipamento, batizado de Rapha, envolve o tornozelo e a região do pé afetada por feridas crônicas. A aparência lembra uma tornozeleira, mas a função é terapêutica. O kit une um curativo biocompatível de látex natural a um emissor de luz LED. Essa combinação estimula a regeneração do tecido e favorece a formação de novos vasos sanguíneos, dois processos chave para fechar lesões que demoram a cicatrizar.

Ele não vigia. Ele trata. O Rapha atua com fotobiomodulação e curativo ativo para aliviar dor e acelerar a cicatrização.

De filha para pai: a origem

A ideia surgiu dentro de casa. A professora Suélia Rodrigues, da Universidade de Brasília (UnB), viu o pai sofrer com feridas do pé diabético e decidiu transformar a dor da família em pesquisa aplicada. O projeto ganhou corpo em parceria com equipes de engenharia e saúde, avançou em testes, conseguiu certificação do Inmetro e hoje aguarda o registro da Anvisa para chegar à rede pública e privada.

Como funciona na prática

O protocolo de uso foi desenhado para caber na rotina do paciente e do cuidador. O processo é simples e repetível, com tempo de aplicação definido.

  • Higienização da ferida sob orientação profissional.
  • Aplicação do curativo de látex natural diretamente sobre a lesão.
  • Exposição à luz LED por cerca de 30 minutos para estimular a cicatrização.
  • Manutenção do curativo no local por até 24 horas.
  • Repetição diária conforme prescrição da equipe de saúde.

Rotina do tratamento: 30 minutos de luz por dia e até 24 horas de proteção com o mesmo curativo.

O que muda para pacientes e famílias

Feridas crônicas costumam exigir trocas frequentes de curativos e causam dor persistente. O Rapha foi pensado para reduzir esse incômodo e dar mais autonomia a quem cuida. A expectativa é diminuir complicações, agilizar o fechamento das lesões e reduzir idas ao pronto-socorro.

  • Redução de dor durante o manejo da ferida.
  • Menos troca de curativos ao longo do dia.
  • Potencial de acelerar a cicatrização e reduzir infecções.
  • Uso domiciliar com acompanhamento de profissionais.
  • Maior adesão ao tratamento por ser um procedimento breve.

Evidências e próximos passos regulatórios

O dispositivo já recebeu certificação do Inmetro, requisito técnico para segurança elétrica e de desempenho. Falta o registro na Anvisa, etapa que libera a fabricação em escala e o uso clínico no país. A produção deverá ocorrer em São Paulo, pela Life Care Medical, com apoio de órgãos como Ministério da Saúde, CNPq, Capes e FAPDF. A meta é viabilizar a adoção no Sistema Único de Saúde (SUS) após a autorização regulatória.

Sem registro da Anvisa não há entrega no SUS. O processo regulatório define quando o equipamento chegará aos pacientes.

O que há de novo na tecnologia

A base do método é a fotobiomodulação com LED. A luz, em comprimentos de onda específicos, ativa processos celulares que estimulam a produção de ATP, modulam a inflamação e favorecem o crescimento de tecido saudável. O curativo de látex mantém o ambiente úmido e protegido, condição que ajuda a reorganizar a ferida e a reduzir traumas durante a troca.

Aspecto Curativo convencional Rapha (LED + látex)
Manejo da dor Trocas podem doer e irritar a pele Aplicação breve de LED e curativo menos agressivo
Tempo de aplicação Trocas frequentes ao longo do dia LED por ~30 minutos e curativo por até 24 horas
Cicatrização Depende de limpeza e oclusão Estímulo celular e vascular adicional pela luz
Risco de infecção Varia conforme técnica e ambiente Ambiente controlado e menor manipulação
Disponibilidade Ampla Depende do registro na Anvisa

Perguntas que você provavelmente tem

Quem pode usar

Pessoas com feridas crônicas, como em pé diabético, podem se beneficiar. A avaliação médica define indicação, frequência e duração do protocolo.

Existe contraindicação

Histórico de alergia a látex exige cautela. O profissional de saúde precisa testar compatibilidade e considerar alternativas. Lesões com sinais intensos de infecção exigem manejo clínico específico, às vezes com antibióticos. A luz LED não substitui terapias antimicrobianas quando necessárias.

Quando chega ao mercado

O cronograma depende do registro da Anvisa. Após a aprovação, a fabricante iniciará a escala produtiva e a negociação com clínicas, hospitais e secretarias de saúde. A incorporação pelo SUS passa por avaliação de custo-efetividade e logística de fornecimento.

Vai doer menos mesmo

O desenho do tratamento busca reduzir dor, porque o paciente manipula menos a ferida e recebe estímulo não invasivo. Profissionais relatam melhor tolerância à rotina. Resultados variam conforme o quadro clínico e a adesão ao plano prescrito.

Impacto no SUS e no cuidado domiciliar

Se aprovado, o equipamento tende a aliviar pressões sobre ambulatórios de curativos, que hoje concentram grande demanda de casos crônicos. Protocolos com 30 minutos de LED e 24 horas de curativo abrem espaço para manejo domiciliar assistido, com visitas de enfermagem e teleorientação. Equipes precisarão de treinamento para definir parâmetros da luz, sinais de alerta e intervalos de revisão.

Riscos, cuidados e limitações

  • Alergia a látex: testar antes e considerar substitutos quando necessário.
  • Feridas infectadas: exigir avaliação e, se indicado, antibiótico e desbridamento.
  • Fototerapia: seguir parâmetros seguros de LED definidos pelo fabricante.
  • Autocuidado: manter glicemia em metas, hidratação e inspeção diária dos pés.

O equipamento atua como parte de um plano amplo de cuidado do pé diabético. Sem controle glicêmico, calçados adequados e avaliação vascular, a ferida volta a abrir ou piora.

Para quem vive com diabetes, o que dá para fazer agora

Enquanto a Anvisa avalia o Rapha, vale reforçar medidas práticas que reduzem risco de novas lesões. Inspecione a sola e os espaços entre os dedos todos os dias. Seque bem os pés. Evite andar descalço. Prefira meias sem costura e calçados com palmilha macia. Qualquer corte, bolha ou vermelhidão precisa de atenção rápida, mesmo sem dor intensa.

  • Controle a glicemia com a equipe de saúde.
  • Agende uma avaliação podológica periódica.
  • Peça orientação sobre curativos e sinais de infecção.
  • Tenha um plano de ação para feridas com seu médico.

Quando o dispositivo chegar, profissionais poderão simular protocolos individualizados a partir do tamanho e da profundidade da ferida. Pacientes com neuropatia, que sentem menos dor, também se beneficiam de rotinas objetivas e de baixa manipulação. O objetivo é simples: cicatrizar mais rápido, com menos sofrimento e mais segurança no dia a dia.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *