Passagem em São Gonçalo sobe para R$ 5,55 neste sábado: seu bolso aguenta um aumento de 40%?

Passagem em São Gonçalo sobe para R$ 5,55 neste sábado: seu bolso aguenta um aumento de 40%?

Salário curto, custo de vida em alta e rotinas longas: o morador de São Gonçalo sente, no ônibus, o peso do mês.

Com o calendário virando, a cidade se organiza para mais um ajuste que mexe direto no bolso de quem depende do transporte público para trabalhar, estudar e cuidar da família.

O que já está decidido

A tarifa dos ônibus municipais de São Gonçalo passa de R$ 3,95 para R$ 5,55 a partir deste sábado (01). O reajuste, de cerca de 40%, foi definido após decisão judicial e formalizado no Decreto 504/2025, assinado pelo prefeito Capitão Nelson e publicado no Diário Oficial do Município na quinta-feira (30).

Nova tarifa de ônibus municipal: R$ 5,55, válida a partir de sábado (01), por determinação judicial e decreto municipal.

O caso foi judicializado pelo Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário do Estado do Rio (Setrerj). Em setembro, a 8ª Vara Cível do município concedeu liminar favorável ao pedido de reajuste. A primeira fixação chegou a ser de R$ 5,95, mas, após recurso da Prefeitura, a Justiça definiu o valor final em R$ 5,55.

Segundo o município, a Justiça ajustou o valor para R$ 5,55 depois de recurso contra a liminar que previa R$ 5,95.

O Setrerj baseou o pleito em custos operacionais crescentes e na defasagem tarifária, já que a passagem municipal estava congelada havia oito anos.

Quanto isso muda no seu orçamento

Para quem pega ônibus todo dia, a diferença pesa. Abaixo, uma simulação simples com ida e volta, sem integrações, em cenários comuns de jornada.

Frequência Cálculo Antes (R$ 3,95) Agora (R$ 5,55) Diferença
22 dias úteis (44 viagens) 44 × tarifa R$ 173,80 R$ 244,20 R$ 70,40
26 dias no mês (52 viagens) 52 × tarifa R$ 205,40 R$ 288,60 R$ 83,20

Em famílias com dois trabalhadores usando ônibus municipal, a conta pode adicionar algo entre R$ 140 e R$ 166 por mês. Para estudantes e trabalhadores informais, o impacto tende a ser integral. Já quem recebe vale-transporte no emprego formal tem parte do efeito amortecida pela regra: o trabalhador contribui até 6% do salário, e a empresa cobre o restante. Mesmo assim, trocas de linha, deslocamentos extras e trajetos fora do expediente ampliam o gasto fora do vale.

Quem usa mais de uma linha

Se o seu trajeto exige duas passagens municipais por sentido, o valor dobra. Uma rotina de 44 viagens vira 88 embarques no mês. Nesse caso, o gasto mensal salta de R$ 347,60 para R$ 488,40, uma diferença de R$ 140,80.

Por que a passagem subiu

O setor de ônibus alega três vetores principais: combustíveis e peças mais caros, folha de pagamento pressionada por reajustes salariais e perda de demanda em períodos recentes, o que diminui a divisão dos custos por passageiro. Como a tarifa municipal estava congelada havia oito anos, as empresas argumentaram defasagem acumulada.

O Judiciário arbitrou o valor e o município regulamentou via decreto. Na prática, a decisão desloca o equilíbrio do contrato para recompor receita operacional. O tema costuma gerar debate: de um lado, há a busca de sustentabilidade do serviço; de outro, o efeito direto no poder de compra do usuário, especialmente em bairros mais afastados que dependem totalmente do ônibus.

Após oito anos sem reajuste, o aumento foi judicializado; a liminar de setembro abriu caminho para o valor agora fixado.

O que fazer agora

Algumas medidas ajudam a reduzir o impacto imediato, sem comprometer a rotina:

  • Rever rotas: às vezes uma linha alimentadora e uma caminhada curta encurtam o número de integrações pagas.
  • Ajustar horários: fugir do vai-e-volta extra no meio do dia evita duas tarifas a mais por semana.
  • Organizar caronas de bairro: dividir deslocamentos até eixos com mais oferta pode compensar.
  • Negociar teletrabalho parcial: um ou dois dias remotos cortam de 8 a 16 embarques por mês.
  • Planejar compras e serviços no caminho do trabalho para evitar viagens dedicadas.

Gratuidades, meia e como reclamar

Alguns direitos seguem valendo, mesmo com a nova tarifa:

  • Pessoas idosas a partir de 65 anos e pessoas com deficiência têm direito à gratuidade, conforme legislação federal, mediante comprovação e cartão específico.
  • Benefícios estudantis variam conforme normas locais e estaduais. Verifique com a instituição de ensino e a operadora como ficam regras e cadastro após o reajuste.
  • Vale-transporte: a empresa deve ajustar o crédito ao novo valor da passagem. Observe seu saldo e reporte divergências ao RH.
  • Reclamações sobre cobrança, atendimento e frota podem ser registradas nos canais das viações, na ouvidoria municipal e no Procon-RJ.

O que observar nos próximos dias

Com o novo preço, as catracas devem refletir automaticamente o valor em todos os ônibus municipais. Usuários podem acompanhar:

  • Sinalização no interior dos veículos com o novo valor e a data de início da cobrança.
  • Tempos de espera e oferta de frota, para identificar eventuais ajustes de operação.
  • Se a cobrança corresponde ao trecho municipal. O decreto trata das linhas dentro de São Gonçalo.

Transparência e qualidade do serviço

Reajustes costumam vir acompanhados de cobranças por previsibilidade e qualidade. Pontualidade, limpeza, acessibilidade e informação em tempo real fazem diferença no cotidiano. Registre ocorrências com número da linha, horário e ponto de embarque. Esses dados fortalecem o controle social e ajudam a orientar fiscalizações e correções.

Entenda os termos do debate

Liminar é uma decisão provisória, com efeito imediato, usada para evitar dano enquanto o processo continua. No caso dos ônibus, ela abriu a possibilidade de reajuste antes do julgamento final. O decreto municipal transforma a decisão em regra administrativa local, detalhando a aplicação do novo preço e a data de início de vigência.

Simulações úteis para o seu mês

Se você recebe R$ 2.000 e gasta o teto de 6% com vale-transporte (R$ 120), uma rotina de 44 embarques a R$ 5,55 custa R$ 244,20. A diferença de R$ 124,20 deve ser coberta pela empresa, dentro das regras do benefício. Quem trabalha informalmente arca com o valor integral e pode precisar remanejar despesas variáveis — alimentação fora de casa, aplicativos de mobilidade em dias de chuva e serviços ocasionais — para caber no orçamento.

Para trajetos intermunicipais, o Bilhete Único Intermunicipal pode ajudar em integrações entre cidades, quando elegível e ativo. Já o reajuste em São Gonçalo atinge o sistema municipal; acompanhe a comunicação oficial das operadoras se você combina trechos municipal e intermunicipal na mesma jornada.

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