MS-164, km 85, perto de Itamaraty, em Ponta Porã: você arriscaria a ultrapassagem que tirou 3 vidas?

MS-164, km 85, perto de Itamaraty, em Ponta Porã: você arriscaria a ultrapassagem que tirou 3 vidas?

Na MS-164, um trecho de pista simples e tráfego intenso perto da fronteira expôs, mais uma vez, o peso de decisões rápidas.

Na manhã desta segunda-feira, um encontro de trajetórias no km 85 terminou em choque frontal. Dois carros seguiam sentidos opostos quando uma tentativa de ultrapassagem falhou. O asfalto seco e a boa visibilidade não impediram o pior. As equipes chegaram rápido, mas três pessoas já não respondiam.

O que se sabe até agora

  • O acidente aconteceu no km 85 da MS-164, perto do distrito de Itamaraty, em Ponta Porã (MS).
  • Um carro seguia de Ponta Porã para Itamaraty com dois homens a bordo.
  • Durante uma ultrapassagem, esse carro bateu de frente em outro veículo que vinha no sentido contrário.
  • No segundo carro estavam duas mulheres, que retornavam para Ponta Porã.
  • Três pessoas morreram no local: duas mulheres, de 25 e 69 anos, e o condutor do primeiro carro, de 25 anos.
  • O passageiro do veículo que tentou ultrapassar teve ferimentos e recebeu atendimento médico.
  • Polícia Militar Rodoviária, perícia e Polícia Civil atenderam a ocorrência e abriram investigação.

Colisão frontal após ultrapassagem em pista simples no km 85 da MS-164 deixou três mortos e um ferido.

Como aconteceu a colisão

O trecho concentrava fluxo típico de início de semana. A pista é simples, com uma faixa para cada sentido. O carro que seguia para Itamaraty tentou concluir uma ultrapassagem. A manobra coincidiu com a aproximação do veículo que vinha de Itamaraty para Ponta Porã.

O impacto ocorreu no eixo das faixas. A frente dos dois carros absorveu a maior parte da energia. As cabines deformaram. As marcas de frenagem registraram a tentativa de evitar a batida, mas não houve espaço suficiente para corrigir o erro.

Ponto crítico da manobra

Ultrapassagem em rodovia de pista simples exige leitura ampla do cenário. O motorista precisa estimar distância, velocidade, tempo de retomada e potência do carro. Um cálculo apressado reduz margem de segurança. O erro cresce quando há curva, aclive ou tráfego oculto.

Em pista simples, a ultrapassagem só deve começar quando a faixa é seccionada, a visão é plena e a distância é folgada.

Vítimas e atendimento

As duas mulheres que seguiam para Ponta Porã morreram no local. Uma tinha 25 anos. A outra, 69. O motorista de 25 anos, que conduzia o carro que tentou a ultrapassagem, também não resistiu. As identidades não foram divulgadas até a publicação desta reportagem. O passageiro desse mesmo veículo sobreviveu e recebeu atendimento de urgência.

Equipes de resgate estabilizaram o ferido e o encaminharam a unidade de saúde da região. A perícia isolou a área. Os corpos seguiram para exames que vão apoiar o inquérito. Familiares serão ouvidos para auxiliar na identificação e no esclarecimento da rotina dos trajetos.

Ação das autoridades

A Polícia Militar Rodoviária registrou o acidente e controlou o tráfego. A Polícia Civil abriu investigação para apurar velocidade, dinâmica, sinalização e eventuais infrações. A perícia coletou vestígios, mediu distâncias e identificou danos estruturais dos veículos. Esses dados devem compor o laudo técnico.

O inquérito vai avaliar se houve imprudência na ultrapassagem e se as condições da via contribuíram para o desfecho.

Condições da via e fatores de risco

A MS-164 corta áreas rurais e recebe caminhões, carros de passeio e veículos utilitários. O desenho de pista simples eleva a chance de conflito frontal. Longas retas criam sensação enganosa de segurança. A pressa para recuperar tempo perdido incentiva ultrapassagens no limite.

Outros fatores elevam o risco: desníveis no acostamento, curvas suaves que escondem veículos ao longe, aclives que reduzem a potência na retomada e pequenos vales que “apagam” faróis até o último segundo. Qualquer uma dessas variáveis, somada a uma decisão precipitada, cria um cenário sem saída.

Ultrapassagem segura: sinais e distâncias

  • Cheque a sinalização horizontal: só inicie a manobra com faixa seccionada no seu sentido.
  • Garanta visão plena do trecho à frente por vários segundos, sem curvas ou lombadas.
  • Calcule se o seu carro acelera o bastante para completar e retornar com folga.
  • Mantenha distância do veículo à frente antes de começar a acelerar.
  • Abandone a manobra ao menor sinal de dúvida. Voltar para a faixa original salva vidas.
  • Jamais ultrapasse perto de cruzamentos, entradas de fazenda, pontes ou em faixa contínua.

Dicas práticas para quem dirige na MS-164 e rodovias similares

  • Use faróis baixos acesos durante o dia para aumentar a visibilidade do seu veículo.
  • Adote velocidade compatível com a leitura da pista, não só com o limite regulamentado.
  • Evite “grudar” em caminhões. O ponto cego maior impede ver o sentido contrário.
  • Redobre a atenção ao amanhecer e no fim da tarde, quando o sol baixo ofusca.
  • Planeje o trajeto com paradas. Cansaço piora o julgamento de distância e tempo.

O que fazer após uma batida grave

  • Proteja a cena. Ligue o pisca-alerta e posicione o triângulo em distância segura.
  • Acione emergência. Chame o 193 (Corpo de Bombeiros) e o 192 (SAMU).
  • Evite novos riscos. Não atravesse a pista e mantenha curiosos longe da via.
  • Não mova feridos com dor intensa ou suspeita de trauma. Aguarde o atendimento.
  • Se puder, registre fotos do local, da sinalização e das posições dos veículos.

O que muda para a investigação e para você

O laudo pericial deve apontar a velocidade estimada, o local exato da colisão, a existência de marcas de frenagem e a conformidade da sinalização. Esses elementos ajudam a Polícia Civil a definir responsabilidades. Testemunhas serão fundamentais para esclarecer o momento em que a ultrapassagem começou e se havia espaço para completá-la.

Para quem dirige, o caso reforça uma lição direta: em pista simples, a pressa costuma cobrar preço alto. Se o tempo apertar, segure o impulso, crie espaço e espere a janela certa. Uma manobra adiada preserva viagens, famílias e projetos.

Antes de acelerar para passar, pergunte a si mesmo: se algo der errado, onde você volta? Se não houver resposta clara, não ultrapasse.

Contexto que ajuda a prevenir

O Código de Trânsito Brasileiro classifica como gravíssima a ultrapassagem em locais proibidos e a realizada sem condições de segurança. A via pode parecer livre, mas veículos pequenos, motos e até um caminhão oculto por uma curva mudam a conta de segundos. O hábito de “forçar a passagem” transforma um cálculo simples em loteria.

Uma estratégia prática é simular mentalmente a manobra antes de executar. Some passos: ganhar velocidade, passar, retornar e estabilizar. Se qualquer etapa ficar apertada, espere. Outra ação útil é ajustar o relógio da viagem. Saia mais cedo quando o trajeto inclui trechos de pista simples. Reduzir a ansiedade reduz erros.

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