Você trabalharia assim: pintor desmaia em caixa d’água de 12 m e é salvo por 15 socorristas

Você trabalharia assim: pintor desmaia em caixa d’água de 12 m e é salvo por 15 socorristas

Um trabalho comum em altura virou caso de tensão e mobilizou equipes inteiras no fim da tarde em Rio Preto.

No bairro Gonzaga de Campos, em São José do Rio Preto (SP), uma rotina de manutenção em um reservatório de água terminou com uma operação complexa de resgate. A movimentação reuniu bombeiros e profissionais de saúde e exigiu técnicas específicas de salvamento em altura.

Como foi o resgate

Equipes do Corpo de Bombeiros atenderam a ocorrência nesta quinta-feira (30). O pintor trabalhava na parte interna de uma caixa d’água com cerca de 12 metros de altura. Ele passou mal e, por instantes, perdeu a consciência, segundo a corporação. A equipe estabeleceu protocolos de segurança e montou ancoragens no topo da estrutura.

Os socorristas içaram o trabalhador com uma cadeira de salvamento em altura nível 3. O equipamento estabilizou o corpo e permitiu manobras de subida controlada. Do topo, os profissionais organizaram a descida até o solo por meio de cordas e sistemas de freio.

Operação durou 1h30, mobilizou 5 viaturas e envolveu 15 profissionais, entre bombeiros e equipe do GRAU.

Técnicas e equipamentos usados

  • Ancoragem redundante na borda da caixa d’água.
  • Uso de cadeira de salvamento em altura nível 3 para estabilização.
  • Sistemas de içamento com vantagem mecânica para reduzir esforço.
  • Linhas de vida independentes para ida e retorno.
  • Controle de bordo com descensores e freios automáticos.

A cadeira de salvamento manteve a via aérea livre, reduziu o risco de queda e facilitou o transporte seguro.

No solo, integrantes do Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências (GRAU) avaliaram sinais vitais. A equipe verificou respiração, nível de consciência e possíveis efeitos de calor ou vapores. A comunicação entre bombeiros e profissionais de saúde orientou o tempo de permanência em suspensão, medida crucial para prevenir trauma por suspensão.

O que pode ter causado o mal-estar

Pintura em reservatórios reúne dois fatores de risco: altura e espaço confinado. O interior da caixa d’água limita a ventilação. Tintas e solventes podem liberar vapores que irritam vias aéreas e alteram o estado de consciência. O calor interno também pode elevar a temperatura corporal e acelerar a desidratação.

Sem ventilação forçada, o ar pode concentrar compostos orgânicos voláteis. Em alguns cenários, sensores detectam queda de oxigênio. O corpo reage com tontura, náusea, dor de cabeça e desmaio. A combinação de escada, cordas e superfícies escorregadias aumenta o potencial de acidente.

Espaço confinado requer preparo

O trabalho em estruturas como caixas d’água se enquadra como espaço confinado. A Norma Regulamentadora NR-33 define a necessidade de autorização formal para entrada, monitoramento contínuo do ar e presença de um vigia treinado. A NR-35 trata da proteção em altura, com sistemas de ancoragem, cinturões e plano de resgate já delineado antes do início do serviço.

NR-33 e NR-35 exigem permissão de entrada, monitoramento de gases, ventilação e plano de resgate pronto antes do trabalho.

Números da ocorrência

Data Quinta-feira (30)
Cidade e bairro São José do Rio Preto (SP), Gonzaga de Campos
Estrutura Caixa d’água
Altura aproximada 12 metros
Duração do resgate 1 hora e 30 minutos
Equipes envolvidas Corpo de Bombeiros e GRAU
Efetivo 15 profissionais
Viaturas 5

Como você pode se proteger no trabalho

Quem trabalha com pintura de reservatórios, limpeza de silos, manutenção de tubulações ou inspeção em tanques enfrenta riscos semelhantes. Medidas práticas reduzem a exposição e elevam a margem de segurança.

  • Realize Análise Preliminar de Risco antes de subir ou entrar.
  • Implemente ventilação forçada e monitore gases com detector calibrado.
  • Use máscara com filtro adequado para solventes quando aplicável.
  • Adote cinto paraquedista, talabarte com absorvedor e pontos de ancoragem certificados.
  • Mantenha um vigia do lado de fora, com rádio e visão da atividade.
  • Planeje o resgate com sistemas já montados antes do início do serviço.
  • Hidrate em intervalos regulares e respeite pausas em dias quentes.
  • Treine a equipe em NR-33 e NR-35 com reciclagem periódica.

Quando acionar ajuda

Sinais de alerta pedem resposta rápida: perda de consciência, tontura persistente, confusão mental, falta de ar e náusea forte. Interrompa o trabalho, afaste a pessoa da fonte de calor e ventile a área. Em espaços confinados, não entre para socorrer sem EPI, sem linha de vida e sem monitoramento. Ligue 193 para o Corpo de Bombeiros e informe o tipo de estrutura, altura, acesso e quantidade de pessoas.

Em caso de mal-estar durante trabalho em altura ou espaço confinado, ligue 193 e descreva o cenário com precisão.

O que acontece no corpo durante um desmaio em ambientes quentes

O calor excessivo e a desidratação reduzem o retorno venoso. A pressão arterial cai e o cérebro recebe menos oxigênio por alguns segundos. O corpo apaga para se proteger. Em ambientes com vapores, o sistema respiratório também sofre. A soma dos fatores pode acelerar a síncope.

Primeiros cuidados: mantenha a pessoa deitada com as pernas elevadas, afrouxe roupas, garanta ventilação e observação constante. Se ela recuperar a consciência e não houver vômito, ofereça água em pequenos goles. Se persistirem sintomas, acione atendimento médico.

Detalhes que fazem diferença em operações de resgate

Resgates em altura exigem coordenação, controle de comunicação e redundância de sistemas. A equipe prepara um ancoramento principal e um secundário. Um profissional gerencia a borda, enquanto outro controla a descida. O monitoramento do tempo de suspensão reduz o risco de síndrome ortostática. A avaliação prévia do paciente define se a descida deve ocorrer mais rápido ou em ritmo gradual.

Empresas que atuam com reservatórios podem simular cenários de evacuação com tripé, polia e corda de segurança. Testes periódicos com detector de gases, manutenção de EPI e registro de permissões de entrada criam rastreabilidade e previnem falhas. Pequenos ajustes de rotina, como checklists diários e reuniões de cinco minutos, também reduzem acidentes.

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