Paraná instala ímãs do BUD entre Pinhais e Piraquara: você usaria um bonde sem trilhos a 70 km/h?

Paraná instala ímãs do BUD entre Pinhais e Piraquara: você usaria um bonde sem trilhos a 70 km/h?

Motoristas e passageiros da RMC encaram mudanças temporárias na rotina enquanto uma promessa de mobilidade limpa e silenciosa ganha forma.

O Governo do Paraná inicia nesta quinta-feira (6) a instalação dos ímãs que vão guiar o Bonde Urbano Digital (BUD) no eixo Pinhais–Piraquara. O trabalho começa na Rodovia João Leopoldo Jacomel, entre os quilômetros 6 e 7, numa extensão de 1,3 quilômetro. Equipes atuam das 10h às 17h, com bloqueio parcial de pista, sinalização reforçada e acompanhamento técnico.

O que muda na via nesta quinta

Os serviços ocorrem apenas na faixa por onde o BUD vai rodar. A circulação geral se mantém, mas com atenção redobrada ao trecho.

  • Quando: quinta-feira (6), das 10h às 17h.
  • Onde: Rodovia João Leopoldo Jacomel, entre os km 6 e 7.
  • Como fica o tráfego: uma faixa com intervenção; demais faixas liberadas.
  • Sinalização: cones, placas e equipes em solo orientam condutores.
  • Órgãos no local: Amep, DER-PR e prefeituras de Pinhais e Piraquara.

O BUD dividirá espaço com os demais veículos. A faixa não será exclusiva, o que preserva o fluxo atual da rodovia.

Trecho e ritmo de execução

No primeiro ciclo, as equipes perfuram, instalam e selam ímãs em série, com intervalos de um metro e profundidade de sete centímetros. O terminal de Piraquara já recebeu as primeiras peças, o que permitiu calibrar o tempo de trabalho por ponto. Nesta etapa, vão ao solo mil ímãs: 750 na rodovia e 250 no Terminal São Roque.

Como funcionam os ímãs e a orientação

Os ímãs cravam uma “linha” invisível sob o asfalto. Sensores embarcados leem esse trilho magnético e guiam o veículo com precisão. Radares e câmeras complementam a leitura do ambiente, detectam obstáculos e ajustam a trajetória em tempo real.

Instalação rasa, com 7 cm de profundidade, reduz o tempo de obra e a necessidade de quebrar a via. É intervenção de baixa fricção urbana.

Instalação com baixa interferência

Como a perfuração é pequena e seriada, o serviço entra e sai do trecho sem longos bloqueios. O desenho privilegia janelas fora do pico, o que diminui fila e atraso. A tecnologia permite expansão por módulos, em etapas curtas, sem canteiros extensos.

O veículo: capacidade, conforto e segurança

O BUD pertence a uma geração de bondes sem trilhos, 100% elétricos, de operação bidirecional. O modelo que chega ao Paraná mede 30 metros, leva até 280 passageiros e pode atingir 70 km/h, acima do patamar típico de um corredor de ônibus. A cabine usa ar-condicionado e piso nivelado para acessibilidade.

Para além do conforto, a segurança ativa sustenta a proposta. Sensores, radares e câmeras mantêm o rastreamento e a orientação na rota, com redundâncias para cenários de chuva, variação de luz e tráfego misto. O conjunto segura a trajetória e freia com assertividade em caso de risco.

Capacidade para 280 pessoas, passagem integrada a R$ 5,50 e vida útil estimada em 30 anos dão previsibilidade ao sistema.

Especificações principais

Item Valor
Capacidade Até 280 passageiros
Tarifa R$ 5,50 (igual à metropolitana)
Comprimento 30 metros
Velocidade máxima 70 km/h
Vida útil Estimativa de 30 anos
Energia 100% elétrica
Guia Ímãs a cada 1 metro, a 7 cm de profundidade
Segurança Sensores, radares e câmeras com proteção eletrônica ativa
Implantação Até 3 vezes mais barata que VLT; até 1 ano em vias de até 15 km

Base operacional em Piraquara

O BUD ficará estacionado no Terminal de Piraquara. A garagem começou em setembro e já está pronta. O espaço funciona como oficina e ponto de carregamento. Uma sala do terminal virou o Centro de Controle Operacional (CCO), com monitores que recebem as imagens do veículo. A equipe acompanha a rota em tempo real e intervém caso detecte anomalias.

Durante os testes, os ônibus que hoje ligam Pinhais e Piraquara continuam operando. A medida mantém a oferta e dá tempo para ajustar sinais, paradas e tempos de viagem do novo equipamento.

Quando começa a rodar e o que esperar

O Paraná se tornará o primeiro estado da América do Sul a testar um sistema coletivo guiado por ímãs, sem trilhos. A previsão de início de operação da linha Pinhais–Piraquara é até o fim do ano, após a fase de instalação e calibração, ainda com testes controlados e monitoramento intensivo do CCO.

A implantação modular permite estender o traçado por trechos, sincronizando obras, testes e operação assistida, sem parar a cidade.

O que você precisa saber antes de usar

A tarifa se alinha ao sistema metropolitano, a R$ 5,50. O tempo de viagem tende a repetir o atual, com ganho de conforto e redução de ruído. A operação bidirecional encurta manobras e melhora a regularidade. Nos primeiros dias, as viagens podem rodar com janela de segurança maior, até a equipe concluir ajustes finos de aceleração, frenagem e acoplamento às paradas.

Convivência no trânsito

Como o BUD compartilhará a pista, o comportamento dos motoristas ao lado do veículo influencia a fluidez. Manter distância lateral, evitar cortes bruscos e respeitar a sinalização reduz o risco de frenagens desnecessárias. A leitura magnética não depende de tinta ou de trilho, mas a visibilidade do entorno ajuda o sistema de câmeras nos cruzamentos.

Perguntas comuns dos moradores

Como funciona se chover forte? Os ímãs trabalham sob o pavimento, protegidos. O conjunto de sensores usa redundância para manter a orientação. E o CCO monitora a rota para ajustar frequência e velocidade conforme a condição da via. Haverá ruído metálico? O trem de rodagem é de pneus, com emissão sonora típica de ônibus elétrico.

O que muda no entorno das paradas? O desenho de plataformas segue padrão de acessibilidade, com piso nivelado e alinhamento fino para embarque rápido. A operação bidirecional dispensa retorno amplo e reduz pontos de conflito. Comerciantes próximos ao trajeto ganham previsibilidade de fluxo, especialmente em horários escolares e de pico de trabalho.

Por que essa tecnologia pode ganhar escala

O guia magnético se adapta a ruas já existentes, com recortes pontuais e pouco concreto novo. O custo menor frente a um VLT e o prazo curto de implantação favorecem cidades médias e ligações metropolitanas. A vida útil estimada em 30 anos dilui investimento e reduz a troca frequente de frota.

Para o usuário, o benefício direto aparece em conforto térmico, ausência de trepidação típica de piso irregular e ganho de regularidade por orientação assistida. Para a gestão pública, a manutenção de baixo impacto e a eletrificação aliviam despesas de combustível e emissões, abrindo margem para ampliar horários ou integrar novas linhas sem obras pesadas.

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