Uma transformação silenciosa ganha forma na cidade. Projetos, prazos e vizinhanças entram na conversa sobre esporte, serviços e futuro.
A proposta do Governo do Paraná para uma nova Arena Olímpica e dois complexos esportivos abriu fase de escuta pública e diálogo com o mercado. A movimentação promete mexer com o alto rendimento, a rede de formação e o uso do espaço urbano nas regiões de São Lourenço e Capão da Imbuia, em Curitiba.
O que está na mesa
O plano prevê uma arena para competições nacionais e internacionais, preparada para receber mais de 6 mil pessoas. O empreendimento será contratado via Parceria Público-Privada, na modalidade de concessão administrativa. O parceiro privado ficará responsável por construir, expandir, operar, manter e explorar economicamente os espaços durante 30 anos. Ao fim do contrato, todos os bens retornam ao Estado do Paraná.
Arena com mais de 6 mil lugares, PPP por 30 anos e duas estruturas complementares em bairros estratégicos de Curitiba.
Além da arena principal, dois polos complementares integram o projeto. Um complexo aquático no bairro São Lourenço, com piscina voltada à natação de alto nível, apta a receber provas oficiais. E um complexo multiesportivo no Capão da Imbuia, dedicado a ginástica, lutas e voleibol, com modernização da estrutura já existente no local.
Dois polos, uma estratégia
Os espaços prometem atender tanto a performance quanto a formação de base, com impacto direto nas rotinas de treinos, eventos e atendimento à comunidade esportiva.
| Local | Foco | Estrutura prevista | Público-alvo |
|---|---|---|---|
| São Lourenço | Esportes aquáticos | Piscina para alto rendimento, instalações para competições nacionais e internacionais, áreas de apoio | Atletas federados, seleções, clubes e projetos de base |
| Capão da Imbuia | Multiesportivo (ginástica, lutas, voleibol e afins) | Ginásio, modernização da sede existente, salas de preparação e serviços à comunidade | Equipes de rendimento, escolas de iniciação e programas comunitários |
Como participar agora
A consulta pública recebe contribuições até as 17h do dia 28 de novembro. Qualquer cidadão, entidade ou atleta pode enviar sugestões, apontar riscos e propor melhorias. Em paralelo, haverá sondagem de mercado com investidores e interessados nos dias 24, 25 e 26 de novembro, de forma virtual e gratuita, mediante agendamento.
Prazo para enviar propostas: até 28/11, às 17h. Rodadas de diálogo com o mercado: 24 a 26/11, on-line e gratuitas.
- Envie observações sobre operação, acessibilidade, mobilidade e vizinhança das áreas.
- Sugira formas de uso comunitário e integração com a rede escolar e universitária.
- Apresente ideias para receitas acessórias, sustentabilidade e eficiência energética.
- Empresas podem avaliar riscos, cronograma e modelo de remuneração na sondagem.
Dinheiro, riscos e ganhos
No modelo de concessão administrativa, o Estado contrata o parceiro privado para entregar e gerir os equipamentos, com metas de desempenho. A remuneração segue a qualidade do serviço e pode prever abatimentos por falhas. Receitas acessórias, como locação de espaços, naming rights e eventos corporativos, ajudam a diminuir o custo do contrato ao longo do tempo.
Riscos de construção, operação e manutenção tendem a ficar com a concessionária, que também assume a responsabilidade por manter padrões técnicos compatíveis com competições oficiais. O poder público concentra fiscalização, definição de metas e regulação de tarifas e usos prioritários. Ao fim do prazo, a infraestrutura retorna ao Estado, com exigência de conservação em níveis pré-definidos.
Impacto para atletas e vizinhanças
Estruturas desse porte alteram deslocamentos, padrões de treino e serviços ao redor. Atletas ganham acesso a calendário estável de competições, áreas de recuperação e instalações de apoio. Famílias e estudantes podem encontrar mais vagas em programas de iniciação esportiva e projetos sociais em horários de menor demanda.
Nos bairros, eventos geram fluxo adicional e oportunidades a pequenos negócios. Planejamento de transporte público, ciclovias e rotas de pedestres reduz ruído e congestionamentos em dias de prova. Estudos de sombreamento, arborização e reuso de água tornam o complexo mais confortável e barato de operar.
Integração com escolas, clubes e universidades amplia o uso diário e fortalece a formação esportiva local.
Calendário e próximos passos
Depois da consulta, a equipe técnica consolida contribuições e ajusta o edital. Publicada a licitação, empresas apresentam propostas e habilitação. Definido o vencedor, o contrato é assinado e a obra inicia, com marcos de desempenho e prazos de entrega por etapas.
- Consulta pública: até 28/11, às 17h.
- Sondagem de mercado: 24, 25 e 26/11, on-line.
- Etapa seguinte: versão final do edital e abertura da concorrência.
- Execução: obras, comissionamento e operação assistida antes da abertura integral.
O que muda no esporte paranaense
A arena mira competições de grande porte, com transmissão, hospitalidade e segurança. O complexo aquático abre chance de sediar torneios que exigem piscina longa, cronometragem eletrônica e áreas de aquecimento separadas. O polo multiesportivo cria ambiente para ginástica artística, rítmica e trampolim, além de tatames e quadra modular para vôlei, com calendário que pode alternar treinos de alto rendimento e aulas de base.
Para que o projeto gere retorno social, a contratação pode amarrar percentuais mínimos de uso gratuito para escolas públicas, reservas de horários a paratletas e integração com equipes regionais. Critérios de paridade de gênero, bolsas-atleta e programas de iniciação ajudam a distribuir oportunidades.
Detalhes técnicos que fazem diferença
Piscinas aptas a competições internacionais costumam ter 50 metros de comprimento, largura suficiente para 8 a 10 raias, profundidade que reduz turbulência e bordas extravasantes. Sistemas de cronometristas, placas de toque e áreas de aquecimento elevam a qualidade das provas e do treino.
Em ginástica, pé-direito alto, amortecimento do solo e equipamentos homologados pela federação internacional garantem segurança e precisão. Salas de fisioterapia, força e condicionamento, além de áreas de recuperação, completam o ciclo do atleta.
Como a comunidade pode se beneficiar mais
Moradores podem sugerir um calendário aberto de atividades em horários ociosos, como aulas para crianças, idosos e pessoas com deficiência. Voluntariado, estágios e parcerias com cursos de Educação Física e Fisioterapia aproximam estudantes da prática profissional. Feiras de esporte, capacitações técnicas e eventos escolares ocupam a agenda quando não houver competições.
Para pequenos negócios, vale propor rotas de food trucks ordenadas, feiras de economia local e protocolos de reciclagem em dias de grande público. Indicadores públicos de desempenho — consumo de água, energia, ocupação e impacto econômico — ajudam a acompanhar o legado e ajustar rotas ao longo do contrato.


