Você em Goiás vai ganhar com isso? Inpasa investe R$ 2,4 bi em Rio Verde e mira 1 bi até 2026

Você em Goiás vai ganhar com isso? Inpasa investe R$ 2,4 bi em Rio Verde e mira 1 bi até 2026

Chapéu — Um movimento industrial no sudoeste goiano promete mexer com fretes, ração animal e preço do combustível já nos próximos anos.

A Inpasa confirmou a construção de sua primeira usina de etanol de milho em Goiás, em Rio Verde, com investimento de R$ 2,4 bilhões e operação prevista até o fim de 2026. O projeto mira escala, integra a cadeia do milho e cogita mexer na dinâmica de renda do campo ao posto de combustíveis.

O anúncio e os números

A cerimônia de lançamento da pedra fundamental ocorreu às margens da BR-060, no trecho Rio Verde–Jataí, em área cedida pela prefeitura. A unidade nasce com uma proposta de grande porte para o padrão brasileiro do etanol de milho.

R$ 2,4 bilhões em investimento, 1 bilhão de litros/ano de etanol, 450 mil t/ano de DDGS e 47 mil t/ano de óleo de milho.

Segundo o cronograma divulgado, a planta começa a operar até o fim de 2026. O desenho industrial prevê produção de etanol anidro (misturado à gasolina) e hidratado (vendido nos postos), além de coprodutos estratégicos para a pecuária regional.

Onde a planta ficará e quando opera

O canteiro se instala em zona rural de Rio Verde, na beira da BR-060, um eixo logístico que conecta a produção agrícola a mercados internos e exportação. O uso do terreno municipal acelera a implantação e reduz custos de acesso e escoamento.

Item Valor
Investimento R$ 2,4 bilhões
Local Rio Verde (GO), às margens da BR-060
Início de operação Até o fim de 2026
Moagem de milho 2 milhões de t/ano
Produção de etanol 1 bilhão de litros/ano
DDGS 450 mil t/ano
Óleo de milho 47 mil t/ano

Por que Rio Verde

O município figura entre os maiores produtores de milho do País. Em 2023, colheu cerca de 2,5 milhões de toneladas, com R$ 1,9 bilhão em valor de produção, de acordo com o IBGE. Essa abundância de matéria-prima reduz risco de desabastecimento e encurta fretes.

A usina vai absorver 2 milhões de toneladas de grãos por ano, ancorando contratos e logística no entorno de Rio Verde.

Executivos da empresa citaram três pilares para a escolha: base agrícola robusta, posição geográfica favorável e infraestrutura de escoamento em expansão. A leitura estratégica encaixa a nova unidade na rota de grãos do Centro-Oeste e na demanda crescente por biocombustíveis.

Impactos para o produtor e para a cidade

Uma usina desse porte cria demanda estável por milho e diversifica a receita do campo. O DDGS (farelo proteico gerado no processo) retorna à região como ração, encurtando a cadeia de suprimentos de bovinos, suínos e aves. Já o óleo de milho alimenta indústrias de alimentos e biodiesel.

O que muda para você

  • Produtores rurais: mais opções de venda e maior previsibilidade de contratos na entressafra.
  • Pecuária e granjas: acesso a DDGS local, com menor custo logístico, favorecendo dietas e desempenho animal.
  • Transportadores: fluxos de ida (grãos) e volta (coprodutos), reduzindo caminhão vazio.
  • Consumidor final: maior oferta de etanol na região tende a dar competitividade nas bombas.
  • Município: arrecadação e serviços associados a uma operação industrial contínua.

O governo de Goiás trata o projeto como vetor de transformação: vende-se mais produto final agregado, e não apenas o grão. O efeito multiplicador atinge comércio, oficinas, alojamentos e formação técnica.

Quem é a Inpasa e onde ela já opera

A companhia faturou R$ 14,9 bilhões no ano passado. O mapa atual inclui duas usinas no Mato Grosso (Sinop e Nova Mutum), duas no Mato Grosso do Sul (Sidrolândia e Dourados), uma no Maranhão (Balsas) e duas no Paraguai. Na Bahia, a empresa ergue uma refinaria em Luís Eduardo Magalhães, com aporte de R$ 1,2 bilhão.

O contexto do setor e os próximos passos

O etanol de milho ganhou tração no Brasil, puxado pela segunda safra abundante e por políticas de descarbonização. O anidro abastece a mistura obrigatória na gasolina. O hidratado disputa preço diretamente com a gasolina nas bombas. Em paralelo, créditos de carbono e eficiência energética agregam receita ao negócio quando a planta atende critérios de sustentabilidade.

A tentativa com a Amaggi e o plano solo

Em agosto, Inpasa e Amaggi anunciaram uma joint venture para erguer ao menos três usinas em Mato Grosso, com capacidade de 2 milhões de toneladas de grãos por planta e investimento inicial estimado em R$ 7,5 bilhões. A primeira unidade ficaria em Rondonópolis, e outras cidades surgiam como candidatas.

Em 14 de outubro, as empresas desistiram do acordo em comum acordo, sem revelar motivos. Com o recuo, a Inpasa sinalizou que mantém apetite para avançar por conta própria. Rio Verde se tornou a vitrine desse movimento.

DDGS, óleo e etanol: como cada produto gira a economia

O DDGS concentra proteína e energia. Pecuaristas costumam usar o insumo para substituir parte do milho e do farelo de soja em dietas, ajustando custos e desempenho. O óleo de milho atende indústrias alimentícias e vira componente para biodiesel. O etanol anidro segue para distribuidoras para mistura compulsória; o hidratado abastece diretamente veículos flex.

Integração vertical reduz perdas, diminui custos logísticos e cria um circuito regional de valor com milho, energia e alimentação animal.

Riscos, oportunidades e como se preparar

Quem vende milho precisa monitorar preços, base local e contratos de longo prazo. A indústria costuma travar parte do insumo e trabalha com prêmios regionais. Volatilidade cambial e frete podem alterar margens. A diversificação de cultivares e a gestão de armazenagem ajudam a capturar melhores janelas de venda.

Para pecuaristas e granjas, vale comparar o DDGS com alternativas nutricionais em proteína e energia, incluindo análise de fibra, palatabilidade e logística. Testes em pequenos lotes indicam ajustes de formulação. Transportadores, por sua vez, devem planejar rotas integrando colheita, fábrica e distribuição de coprodutos para reduzir ociosidade.

No campo regulatório, o produtor que fornece milho para biocombustível pode buscar certificações que valorizem boas práticas. Na esfera ambiental, a usina tende a operar com cogeração e reaproveitamento de água, mas a região precisa observar gestão de efluentes e tráfego pesado no período de pico de safra.

O que acompanhar daqui em diante

  • Licenças e evolução das obras no canteiro às margens da BR-060.
  • Contratos de fornecimento de milho e formação de preços locais.
  • Curva de contratação de mão de obra qualificada e cursos técnicos na região.
  • Movimento nas revendas de máquinas e serviços agregados à operação.
  • Preço relativo entre gasolina e etanol hidratado nos postos do sudoeste goiano.

Se o cronograma se confirmar, Rio Verde consolida um polo completo: produção de grãos, processamento industrial e oferta de energia renovável. Essa combinação tende a reter renda na região e a criar mais previsibilidade para quem planta, cria e abastece.

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