Mudanças no alto escalão de redes de fast-food reacendem debates sobre preços, experiência nas lojas e ganhos para franqueados e clientes.
A ZAMP, operadora de Burger King e Subway no Brasil, cravou dois movimentos de peso: Gabriel Guimarães passa a liderar o Burger King, e Ricardo Camiz assume o comando do Subway. As trocas sinalizam um novo ciclo de gestão focado em execução nas lojas, finanças mais apertadas e disputa por preferência do consumidor em um setor que exigirá eficiência e velocidade.
Quem são os novos presidentes
Gabriel Guimarães atuava como presidente interino do Burger King e acumulava o cargo de CFO da ZAMP. Com 11 anos de casa, ele já conduziu a estratégia comercial do BK e, nos últimos seis anos, comandou a área financeira. Formado em administração pela UFMG, levou experiências anteriores na Ambev e na Monster Energy para a rotina da companhia.
Ricardo Camiz chega ao Subway após construir carreira de mais de duas décadas na Ambev. Ele ocupou a posição de country manager em mercados da América Central e Caribe, como Guatemala, Porto Rico e Costa Rica. Carrega repertório de execução comercial e de gestão de times em operações multiculturais, algo valioso para redes com forte capilaridade e base de franquias expressiva.
Gabriel Guimarães assume o Burger King; Ricardo Camiz lidera o Subway. A ZAMP inaugura um ciclo com foco em rentabilidade e qualidade da experiência.
Por que a ZAMP mexe agora
A operadora acelera ajustes em marcas que exigem respostas rápidas a inflação de custos, competição por preço e mudanças nos hábitos de consumo. A combinação de um líder com visão financeira no BK e de um executivo forjado em execução comercial no Subway aponta para uma agenda de disciplina e crescimento com retorno.
O recado da cúpula
Segundo a direção da ZAMP, Guimarães traz consistência e leitura de negócio para consolidar o Burger King. Camiz chega com visão estratégica para acelerar o Subway com qualidade e foco em margem. O time executivo ganha lastro para decisões mais duras na operação, do cardápio ao capex.
Prioridades públicas: elevar a experiência, proteger margens e crescer sem abrir mão da qualidade nas lojas.
O que esperar do Burger King sob Gabriel Guimarães
O histórico do novo presidente sugere pragmatismo. Quem opera caixa e P&L tende a atacar gargalos de produtividade e calibrar promoções com o olhar no retorno. Consumidores e franqueados podem ver movimentos em três frentes.
- Cardápio e preço: combos mais racionais, ofertas calibradas por praça e horários para reduzir ruptura e desperdício.
- Operação de loja: simplificação de processos, metas de tempo de atendimento e reforço de qualidade no pico.
- Digital e fidelidade: campanhas segmentadas por ticket e frequência, com ajustes finos no aplicativo para elevar recorrência.
O BK pode intensificar iniciativas de “barbell pricing” (mix de ofertas de entrada e itens premium), estratégia que melhora tráfego sem corroer margem média quando bem executada. A revisão do sortimento por loja também tende a ganhar força, com foco em giro e complexidade operacional.
Como Ricardo Camiz pode acelerar o Subway
O Subway depende de padronização, velocidade e abastecimento sem falhas. A experiência de Camiz em mercados variados indica atenção à execução e à disciplina comercial, três alavancas possíveis:
- Padronização de montagem: treinamento e checklists que reduzam variação entre lojas e fortaleçam a promessa de produto.
- Parcerias de suprimentos: renegociação de contratos e ganhos logísticos para estabilizar custos de insumos-chave.
- Lojas rentáveis: critérios mais firmes para abertura, conversão e reforma, mirando produtividade por metro quadrado.
Há espaço para retomar relevância no almoço corporativo e no delivery de baixa fricção. Campanhas simples, com comunicação clara de preço final e porção, tendem a responder mais rápido do que grandes reinvenções de cardápio.
Quem ganha e quem precisa ajustar a rota
| Marca | Novo presidente | Experiência-chave | Sinais de prioridade |
|---|---|---|---|
| Burger King | Gabriel Guimarães | Finanças, estratégia comercial, 11 anos na ZAMP | Eficiência operacional, promoções rentáveis, fidelidade digital |
| Subway | Ricardo Camiz | Execução comercial, liderança regional na Ambev | Padronização, rentabilidade de franquias, abastecimento |
Para franqueados
Planos mais rígidos de performance devem orientar negociações de abertura e de reformas. Manuais operacionais atualizados e metas de NPS e de tempo de atendimento podem entrar no centro da conversa. O acesso a melhores condições de compra depende de volume e compliance às rotinas de loja.
Para clientes
Os consumidores tendem a ver campanhas com preços claros, combos ajustados ao bolso e aplicativos com metas de cashback mais transparentes. Lojas que entregam padrão consistente ganham prioridade em investimentos e equipes.
Você pode perceber cardápios mais objetivos, filas menores e benefícios digitais com regras simples e mensuráveis.
Como a ZAMP deve orquestrar o portfólio
A companhia também detém Popeyes e Starbucks no Brasil. Esse portfólio permite sinergias em compras, logística e tecnologia. Uma liderança afinada pode distribuir capital conforme o retorno por formato e praça, reduzindo dispersão de projetos e priorizando iniciativas com payback mais curto.
Três métricas para acompanhar em 2025
- Tráfego e ticket médio por canal: salão, delivery e viagem.
- Tempo de atendimento e taxa de reclamação por loja.
- Rentabilidade do franqueado e retorno de reformas no primeiro ano.
Riscos e pontos de atenção
Pressão de custos de proteína e pão pode friccionar margens. Guerras de preço no setor comprimem retornos se a execução falha. Ajustes de cardápio exigem cuidado para não reduzir percepção de valor. No Subway, qualquer ruído no abastecimento impacta a experiência. No BK, filas longas no pico derrubam satisfação e recorrência.
O que você pode esperar na prática
Se a estratégia andar, o BK tende a oferecer combos ancorados em clássicos com variação regional de preço. O Subway deve reduzir variações de montagem e reforçar linhas mais vendidas. Aplicativos mais leves, com promoções por jornada de consumo, podem substituir campanhas genéricas. Lojas ganharão metas visíveis para equipes e rotina de checagem de qualidade em horários críticos.
Como essa virada pode afetar seu bolso
Promoções previsíveis ajudam você a planejar o gasto no mês. Programas de fidelidade com acúmulo por frequência podem elevar o benefício médio por compra. Reformas e padronização tendem a reduzir erros de pedido e retrabalho, o que evita desperdício de tempo e de dinheiro para quem usa delivery.
Informações adicionais para ampliar a análise
Termo a acompanhar: “mix de canal”. Se o delivery crescer acima da média, as marcas precisam proteger margem com taxas, embalagem e composição de combo. Se o salão voltar a ganhar relevância, a experiência no ponto de venda vira o motor do NPS.
Exemplo prático: simule sua própria economia. Se você gasta duas vezes por semana em fast-food, um programa de pontos que retorna 5% em crédito pode financiar uma ou duas refeições no mês. Para franqueados, uma melhoria de 30 segundos por pedido no pico libera capacidade e pode aumentar vendas sem ampliar quadro de funcionários.


