Binotto recoloca a Sauber nos trilhos antes da Audi: você espera 12 pontos a mais até agora?

Binotto recoloca a Sauber nos trilhos antes da Audi: você espera 12 pontos a mais até agora?

A torcida volta a olhar para Hinwil. Mudanças internas discretas elevam o ritmo de corrida e reabrem a disputa do meio do grid.

Chegado no meio de 2024 como COO e CTO, Mattia Binotto redesenhou processos, afinou decisões e reposicionou a Sauber. Com Jonathan Wheatley na chefia, a equipe ganhou tração antes da transição para a Audi. O reflexo aparece na pista: carro mais previsível, pilotos em zona de pontos e uma briga real com rivais diretos.

Reestruturação silenciosa em Hinwil

Binotto assumiu a operação técnica com dois cargos-chave: coordenar a execução diária e orientar o rumo do desenvolvimento. Ele ajustou fluxos entre fábrica e pista, reduziu o vai e vem decisório e definiu rituais de alinhamento que aceleram respostas. A meta é simples: transformar cada fim de semana em um ciclo de feedback útil para o próximo pacote do C45.

De coadjuvante a presença constante no meio do pelotão, a Sauber converte organização interna em tempo de volta e pontos.

Comunicação clara, decisões rápidas

  • Reuniões de decisão com janelas curtas entre simulação, CFD, túnel de vento e pista.
  • Critérios objetivos para aprovar peças: ganho medido, correlação e impacto no acerto.
  • Trilhas de atualização em paralelo para aerodinâmica e eficiência mecânica.
  • Integração dos engenheiros de performance no planejamento de estratégia.
  • Relatórios pós-GP padronizados, com responsáveis, prazos e indicadores de entrega.

Segundo o comando da equipe, esse encurtamento do ciclo de decisão destravou “ganhos pequenos, porém frequentes”. Em Fórmula 1, 0,1s por volta somado a uma boa janela de acerto muda o desenho de uma corrida inteira. E, no pelotão intermediário, esse detalhe decide a diferença entre P8 e P12.

Pilotos capitalizam a evolução do C45

Nico Hülkenberg usa a experiência para extrair voltas limpas em classificação. Gabriel Bortoleto cresce a cada stint, administra pneus com maturidade e executa ordens com precisão. A dupla tira proveito de um carro que se tornou menos temperamental e mais amigável no aquecimento de pneus, fator que vinha punindo a equipe em treinos e relargadas.

Hülkenberg e Bortoleto somam 60 pontos. A Sauber está 12 atrás da P6, ocupada pela Racing Bulls, o que mantém a disputa aberta.

Indicador Momento atual Leitura estratégica
Pontos da dupla 60 Ritmo de pontos consistente
Defasagem para P6 12 Meta alcançável com 2-3 GPs sólidos
Frequência em Q3 Mais regular Melhora a posição de pista e a gestão de desgaste

Efeito dominó no meio do grid

O meio do pelotão está espremido por margens mínimas. A Sauber passou a se qualificar melhor e, com isso, administra corridas com ar limpo por mais voltas, reduzindo consumo e temperatura de pneus. A equipe também encurtou paradas e adotou janelas de undercut mais agressivas, medidas que criam ultrapassagens estratégicas em vez de manobras no limite.

O que muda com a bandeira da Audi

A transição traz orçamento mais robusto, padrões de qualidade mais rígidos e metas técnicas de longo prazo. A gestão já trabalha para que os reforços não quebrem o ritmo atual. Binotto e Wheatley defendem estabilidade de processos: quem entrega hoje permanece com autonomia, enquanto áreas com gargalo recebem reforços sem sobreposição.

Preparar a casa antes da troca de escudo evita a “síndrome do reset” que costuma atrasar projetos por uma temporada inteira.

Riscos e oportunidades para o próximo passo

  • Risco: curva de aprendizado com novas ferramentas e rotinas de validação.
  • Risco: integração de fornecedores e cadeias logísticas sob novas exigências.
  • Oportunidade: atração de talentos interessados no projeto Audi.
  • Oportunidade: salto em correlação de dados com investimentos em simulação e dinamômetros.
  • Oportunidade: atualização de processos produtivos para acelerar lead time de peças.

Onde a Sauber pode ganhar pontos já

Pistas de média e alta com curvas de raio longo tendem a favorecer o atual pacote. Nessas praças, a equipe pode optar por asas traseiras com menos arrasto e explorar stints estendidos no composto médio. Planejar undercuts com volta de saída forte, apoiada por aquecimento mais previsível, segue no topo da cartilha.

Pequenas vitórias que viram classificação

Três frentes somam resultado imediato: reduzir o peso em componentes de fácil troca, treinar pit stops para manter a consistência abaixo de 2,5s e blindar o acerto contra variações de temperatura. Com essas bases, a equipe transforma P11 em P9 sem depender de safety car.

Por que o crédito a Binotto faz sentido

Além do histórico técnico, o duplo papel de COO e CTO dá a ele alavancas raras: ele pode priorizar projetos, arbitrar trade-offs entre desempenho e confiabilidade e pactuar prazos factíveis com a fábrica. Isso encurta a distância entre boas ideias e peças instaladas no carro, algo que a Sauber vinha buscando há anos.

O que observar nas próximas provas

  • Se a equipe mantiver entradas regulares em Q3, a projeção de 1 a 2 carros nos pontos por domingo se sustenta.
  • Se a diferença para a P6 cair de 12 para um dígito, a pressão muda de lado e rivais tendem a errar na estratégia.
  • Se o pacote do C45 correlacionar com calor extremo, o time amplia o leque de pistas favoráveis.

Para quem acompanha a categoria, vale guardar duas siglas que guiam esse impulso: COO cuida do “como” a fábrica entrega, CTO define “o que” merece prioridade técnica. Quando as duas rodas giram no mesmo eixo, o ganho aparece onde conta: na tabela de construtores.

Em termos práticos, a Sauber precisa transformar regularidade em maximização de fins de semana. Se o ritmo atual render poucos pontos em cada etapa, a P6 fica ao alcance. A chave está em preservar confiabilidade, dominar as janelas de pneus e seguir atacando com atualizações que tragam ganhos pequenos, porém cumulativos, até a bandeirada final da temporada.

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