Você viaja com pet? latam é condenada por barrar vira-lata e terá de pagar R$ 18 mil ao casal

Você viaja com pet? latam é condenada por barrar vira-lata e terá de pagar R$ 18 mil ao casal

Ao viajar com animais, muitos brasileiros encaram regras confusas e mudanças de última hora. Conhecer seus direitos pode evitar prejuízos.

Um casal de São Paulo que se mudava para Manaus venceu na Justiça após ter o transporte do próprio cachorro negado às vésperas do voo. A Latam (Tam Linhas Aéreas) havia sido avisada com antecedência e recebeu toda a documentação exigida, mas, dois dias antes da viagem, informou que o embarque do pet não seria permitido. A decisão judicial reconheceu falha no dever de informar e fixou indenização por danos materiais e morais.

Negativa sem explicação e prejuízo imediato

Os passageiros comunicaram a companhia com quase 60 dias de antecedência sobre o deslocamento do animal. O cão, sem raça definida e com cerca de 22 kg, tinha laudo veterinário recente e seria acomodado em caixa de transporte adequada. Mesmo assim, veio a negativa às pressas, em 27 de dezembro de 2024, quando o planejamento já estava em curso.

Segundo a sentença, a empresa não apresentou justificativa específica, tampouco demonstrou que os tutores descumpriram alguma regra. O juiz Caio César Catunda de Souza entendeu que a recusa tardia violou o dever de informação previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC) e gerou transtornos que ultrapassam o mero aborrecimento.

Falha de informação: negativa comunicada dois dias antes do voo, sem motivo concreto, após o cumprimento das exigências pelos tutores.

Pela decisão, a Latam foi condenada ao pagamento de R$ 10.753,26 por danos materiais, com juros e correção monetária, além de R$ 4.000 a cada passageiro a título de danos morais.

Indenização definida: R$ 10.753,26 em danos materiais + R$ 4.000 para cada passageiro por dano moral.

O que disse a sentença

O magistrado destacou que, em relações de consumo, a empresa tem o dever de informar de forma clara, completa e tempestiva. Quando a comunicação falha ou chega tarde, o consumidor perde a chance de reorganizar a viagem e evitar custos.

O conjunto de provas demonstrou que os passageiros seguiram as exigências conhecidas para o transporte de pets em voos domésticos. Diante da ausência de justificativa plausível por parte da companhia, ficou reconhecido o dano material e o dano moral pela frustração e pelos impactos práticos causados ao casal.

O que muda para você que viaja com pet

Casos como esse reforçam que as regras para transporte de animais existem, mas precisam ser comunicadas de forma consistente e comprovável. Apesar de as companhias definirem condições próprias (peso, dimensões, número de vagas por voo, rotas restritas), o CDC garante transparência e respeito ao combinado.

  • Peça confirmação por escrito dos requisitos aplicáveis ao seu voo e do aceite da reserva do pet.
  • Guarde protocolos, e-mails, mensagens e laudos. Esses documentos sustentam eventuais reclamações.
  • Se a empresa mudar a regra perto do embarque, registre a comunicação e peça alternativa viável.
  • Havendo recusa sem justificativa, é possível pleitear reembolso de despesas e compensação por danos.

Documentos e requisitos comuns (variáveis por companhia)

  • Carteira de vacinação atualizada, com ênfase para antirrábica.
  • Atestado veterinário recente (muitas empresas pedem emissão em até 10 dias antes do voo).
  • Caixa de transporte rígida, ventilada e com espaço para o animal ficar em pé e dar volta; padrões IATA costumam ser referências.
  • Reserva antecipada da vaga para o pet e confirmação do peso total (animal + caixa).
  • Regras específicas para animais braquicefálicos e limite de peso para cabine e porão.
Situação Direitos típicos do passageiro
Recusa da companhia sem motivo válido, próxima ao voo Reembolso de despesas comprovadas, alternativas de reacomodação e possibilidade de dano moral
Descumprimento de requisito pelo passageiro (documento vencido, caixa inadequada) Companhia pode negar o embarque; custos tendem a ficar com o consumidor
Informações desencontradas ou contraditórias da empresa Registro formal ajuda a demonstrar falha de informação e buscar reparação

Como reduzir riscos antes do voo

Planejamento e prova documental reduzem surpresas. A seguir, práticas que ajudam a blindar a viagem.

  • Confirme regras por escrito e peça o envio do regulamento vigente com data e versão.
  • Solicite a inclusão da reserva do pet no localizador da passagem e o envio do protocolo.
  • Pese o conjunto animal + caixa e registre foto da pesagem, da etiqueta de identificação e da caixa fechada.
  • Chegue cedo ao aeroporto; imprevistos com checagem de caixa e documentação consomem tempo.
  • Tenha um plano B: voos alternativos, transporte terrestre especializado ou carga viva, quando aplicável.
  • Evite sedação sem orientação veterinária; algumas empresas não aceitam animais sedados.

Negativas tardias, sem explicação e com consumidor cumprindo as regras, tendem a gerar condenações por falha de informação.

Por que o caso repercute

O transporte de pets cresce junto com mudanças de cidade e trabalho remoto. A demanda pressiona as políticas das companhias e expõe divergências operacionais entre aeroportos e equipes. Quando o consumidor cumpre as exigências e, ainda assim, recebe um “não” em cima da hora, o conflito migra para o Judiciário.

O reconhecimento do dever de informação no CDC funciona como um balizador. Não se trata de obrigar o embarque a qualquer custo, mas de emoldurar decisões com clareza e antecedência, para que o cliente possa reagir e reorganizar a jornada sem arcar sozinho com o prejuízo.

O que as empresas precisam fazer

  • Padronizar orientações internas e externas, evitando contradições entre canais e aeroportos.
  • Registrar, em linguagem simples, o motivo específico de qualquer recusa.
  • Oferecer alternativas viáveis quando a restrição surgir perto do embarque.
  • Treinar equipes para checagens técnicas de caixa, peso e documentação com foco em solução.

Informações complementares para o consumidor

Transporte de animais em voos domésticos depende do cumprimento de requisitos de saúde, segurança e logística. As companhias adotam parâmetros próprios e, com frequência, usam as orientações da IATA como base. Já o CDC ampara o consumidor no que diz respeito à clareza das regras e à execução coerente do que foi informado no momento da compra.

Se você passou por situação parecida, junte comprovantes de despesas (compras de caixa, laudos, passagens, taxas), comunicações com a empresa e registros do aeroporto. Reclamações em órgãos de defesa do consumidor podem gerar solução rápida. Caso não resolva, ações no Juizado Especial Cível costumam tratar pedidos de valores moderados, com tramitação mais simples.

Quanto aos valores, decisões costumam considerar gastos comprovados e danos morais proporcionais ao impacto concreto. Juros e atualização monetária são definidos pelo juiz, a partir de marcos do processo. Como referência prática, somas de material mais moral podem ultrapassar a casa dos “R$ 10 mil” em cenários com negativa injustificada próxima ao embarque e documentação em dia.

Ao final, a melhor proteção continua sendo a prova escrita. Se a empresa confirmou por e-mail que seu pet voaria com caixa X, peso Y e documentos Z, esse histórico delimita o que ela deve cumprir. E, se algo mudar, você terá base para exigir coerência, alternativa viável ou reparação integral das perdas.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *