Aroma de grãos moídos, histórias centenárias e famílias inteiras marcaram um sábado que ganhou gosto de tradição renovada.
Na Fazenda Cascata, a Secretaria Municipal do Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico reuniu produtores, especialistas e curiosos para um encontro que uniu passado, inovação e identidade regional.
Um sábado que virou referência para os amantes do café
O 1º Festival do Café de Marília superou expectativas e transformou a Fazenda Cascata em vitrine do agronegócio local. Em meio aos 100 anos da propriedade, o público passeou por estandes, provou microlotes, aprendeu com especialistas e assistiu a shows ao ar livre. A cidade também formalizou sua entrada nas Rotas do Café, programa estadual que integra circuitos turísticos e produtivos ligados ao grão.
Primeira edição, público numeroso, fazenda centenária e selo das Rotas do Café: quatro peças que reposicionam Marília no mapa do turismo do grão.
Destaques que fizeram a diferença
- Produtores de Marília e região apresentaram grãos e métodos, com nomes como Café Dona Santina, Le Verdon e Café América.
- Artesanais ganharam espaço: o Empório Esmeralda levou geleias e pimentas; grupos Mulheres Empreendedoras e Mistura Criativa ofereceram itens autorais.
- Conteúdo gratuito e prático: APTA tratou da regionalização de cultivares; a Fatec abordou café fermentado; o Sebrae trouxe Inteligência Artificial na gestão.
- Música ao vivo com Vitrola 3 e a dupla Lucas e Viana manteve o clima festivo durante todo o dia.
- Responsabilidade social: doação voluntária de 1 kg de alimento ao Fundo Social de Marília.
Conhecimento que vira renda
As palestras atraíram filas e conectaram a realidade da lavoura com tendências de mercado. Do manejo no campo à gestão do negócio, o recado foi claro: inovação paga a conta quando respeita a vocação local.
| Instituição | Tema | Aplicação prática |
|---|---|---|
| APTA | Regionalização de cultivares | Escolha de variedades adequadas ao microclima para reduzir perdas e elevar qualidade |
| Fatec | Café fermentado | Protocolos controlados para alcançar perfis sensoriais diferenciados e maior valor agregado |
| Sebrae | IA na gestão | Previsão de demanda, precificação, controle de estoque e atendimento personalizado |
O que muda para Marília com as Rotas do Café
Com a adesão ao programa estadual, Marília passa a integrar um circuito planejado de experiências ligadas ao café. Isso favorece rotas sinalizadas, calendário unificado de eventos, capacitação de guias e visibilidade para as fazendas históricas. A conexão entre produtores, cafeterias, escolas técnicas e artesãos tende a aumentar, com impacto direto no fluxo turístico e na renda local.
Para o visitante, a vantagem está na curadoria. A viagem deixa de ser um passeio isolado e vira um roteiro com paradas temáticas: lavoura, torra, degustação, história e cultura. Para quem produz, a janela de oportunidade inclui vender direto ao consumidor, testar lotes especiais e posicionar marcas regionais em prateleiras mais disputadas.
A Fazenda Cascata, aos 100 anos, virou palco de encontro entre tradição e futuro: café de origem, turismo rural e economia criativa no mesmo terreiro.
O que disseram as lideranças
O vice-prefeito Rogério Alexandre da Graça, o Rogerinho, destacou que a forte presença do público confirma a potência da cadeia do café na cidade e abre caminho para consolidar Marília como destino do grão com qualidade e cultura.
Aprendizados práticos que o festival deixou
Café fermentado deixou de ser novidade para se tornar estratégia. Quando bem conduzida, a fermentação controla tempo, temperatura e microrganismos para realçar doçura e complexidade aromática. Falhas no processo podem gerar defeitos sensoriais; por isso, protocolos e monitoramento fazem a diferença. O interesse do público por métodos de preparo — coado, prensa, espresso — também confirma uma tendência: consumidores querem rastreabilidade, notas sensoriais claras e frescor.
Na gestão, a IA surge como ferramenta de apoio ao pequeno produtor. Aplicativos já permitem registrar colheita, simular custos e prever demanda em cafeterias. Para quem torra, dados de perfil térmico ajudam a manter consistência entre lotes. O caminho passa por testar, medir e ajustar, com foco no cliente e no ticket médio.
Guia rápido para você aproveitar as próximas edições
- Leve caneca reutilizável e água. Degustações são frequentes e a hidratação ajuda a apreciar melhor os perfis.
- Converse com os produtores. Pergunte sobre variedade, altitude, torra e data de colheita.
- Planeje compras. Microlotes costumam esgotar; compare métodos e moagens antes de decidir.
- Participe das palestras. Conteúdo técnico costuma gerar ideias para negócios e carreira.
- Contribua com alimentos não perecíveis. A ação social continua sendo parte do evento.
Para quem quer transformar paixão em negócio
Marília oferece terreno fértil para cafeterias de bairro e torrefações artesanais. Um caminho possível é começar com assinatura de cafés de origem, rotas guiadas de visita a fazendas e oficinas de preparo. A combinação de turismo rural com venda direta amplia margens e fideliza clientes. Quem já produz pode testar parcerias com artesãos de alimentos, criando cestas temáticas e experiências de harmonização.
Termos de bastidor que valem seu tempo: “regionalização de cultivares” significa escolher variedades adaptadas ao microclima local, reduzindo riscos climáticos e melhorando a xícara; “fermentação dirigida” aponta para controle de variáveis para alcançar notas específicas, como frutas amarelas ou chocolate; “gestão com dados” implica acompanhar métricas simples — giro de estoque, custo por xícara e satisfação do cliente — para decidir com menos achismo.
O 1º Festival do Café de Marília mostrou que a cidade tem público, produto e história para sustentar um calendário anual. Entre a roda de viola, o cheirinho de torra fresca e a doação voluntária de 1 kg de alimento, fica a percepção de que o café — da lavoura à xícara — pode movimentar famílias, negócios e memória afetiva.


