Decisões nas bases do serviço público avançam, e um acordo à vista promete mexer nos benefícios que impactam seu orçamento.
Após uma rodada intensa de assembleias pelo país, a maioria das entidades da base da Condsef/Fenadsef validou a proposta do governo para reajustar benefícios. Com esse aval, a Confederação vai ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para assinar o acordo. A negociação não encerra a pauta: pontos sensíveis ficaram para as próximas mesas.
O que foi aprovado
O governo apresentou uma oferta considerada final para três benefícios: auxílio-alimentação, auxílio-creche e assistência à saúde suplementar. As entidades consultaram suas bases, e a maioria aprovou a formalização do termo com o MGI.
Assinatura do acordo autorizada: reajuste no auxílio-alimentação e indexação pelo IPCA no auxílio-creche e na saúde a partir de abril de 2026.
Os valores e prazos definidos ficaram assim:
| Benefício | Como fica | Quando começa |
|---|---|---|
| Auxílio-alimentação | De R$ 1.000 para R$ 1.175 e, depois, R$ 1.200 | R$ 1.175 em dezembro de 2025; R$ 1.200 em 2026 |
| Auxílio-creche | Reajuste pelo IPCA | A partir de abril de 2026 |
| Assistência à saúde | Reajuste pelo IPCA | A partir de abril de 2026 |
Segundo a Condsef/Fenadsef, ao menos quinze outras entidades nacionais da bancada sindical comunicaram ao governo que suas bases também concordaram com a proposta, consolidando maioria.
MGI cravou que a oferta é definitiva; pedido de prorrogação de prazo apresentado pelo Fonasefe foi negado.
Quanto isso muda no seu bolso
Para quem recebe auxílio-alimentação, o efeito é direto. Em dezembro de 2025, o valor mensal salta de R$ 1.000 para R$ 1.175. Em 2026, chega a R$ 1.200.
- Impacto em dezembro de 2025: +R$ 175 no mês.
- Impacto mensal em 2026: +R$ 200 em relação ao valor atual.
- Acumulado anual do auxílio em 2026: R$ 14.400 (considerando R$ 1.200 por 12 meses).
No auxílio-creche e na assistência à saúde suplementar, a referência passa a ser o IPCA a partir de abril de 2026. Isso sinaliza uma correção inflacionária regular, alinhando esses benefícios ao custo de vida. Para famílias com crianças em idade de creche e para quem custeia plano de saúde, a indexação ajuda a preservar o poder de compra.
Pontos que seguem na mesa
A Confederação não dá por encerrada a pauta. Em ofício ao MGI, reforçou temas ainda sem atendimento e que afetam diretamente ativos e aposentados.
Equiparação de benefícios com os Três Poderes, criação do auxílio nutrição para aposentados e aprimoramento da política de saúde suplementar seguem entre as prioridades.
Demandas imediatas
- Equiparação dos benefícios aos praticados no Judiciário e no Legislativo, reduzindo disparidades entre carreiras de Estado.
- Criação do auxílio nutrição para aposentados, para mitigar gastos recorrentes com alimentação e saúde na terceira idade.
- Regras mais claras e sustentáveis para a assistência à saúde, com foco em cobertura e custo de planos.
| Tema | Status atual | Próxima etapa |
|---|---|---|
| Equiparação com os Três Poderes | Sem acordo | Debate na Mesa Nacional com dados comparativos de custo |
| Auxílio nutrição (aposentados) | Proposta da entidade | Construção de desenho orçamentário e critérios de elegibilidade |
| Saúde suplementar | IPCA a partir de 04/2026 | Discussão de cobertura, coparticipação e regionalização de valores |
Mobilização segue contra a reforma administrativa
O Conselho Deliberativo de Entidades (CDE) da Condsef/Fenadsef aprovou reforço do calendário de mobilização nacional contra a PEC 38/2025, apelidada de “PEC Trezoitão”. A agenda combina atos presenciais em Brasília e atividades de base.
Atos e agendas confirmadas
- Ações semanais no aeroporto e no Congresso Nacional, terças e quartas de novembro e dezembro.
- Audiência pública sobre a reforma administrativa em 25 de novembro, às 16h30.
- Plenária Nacional da Ebserh de 8 a 10 de dezembro, para construir a pauta do ACT 2026/2027.
- Seminários regionais sobre carreira, cargos e fortalecimento sindical no setor público.
- Apoio às atividades da COP-30, em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro, articulando clima e serviços públicos.
As entidades sinalizam que seguirão lado a lado com centrais sindicais na defesa de serviços públicos de qualidade e na valorização do funcionalismo.
Por que o governo fala em proposta “final”
O recado do MGI de que a proposta é definitiva aponta para restrições de calendário e de orçamento. A adoção de marcos temporais — dezembro de 2025 para o auxílio-alimentação e abril de 2026 para a indexação pelo IPCA — indica planejamento distribuído entre exercícios, prática comum para acomodar impacto fiscal. O desenho escalonado também reduz pressão imediata sobre o caixa, sem perder de vista a recomposição gradativa.
Como se preparar para as mudanças
Faça sua conta agora
- Auxílio-alimentação: some R$ 175 ao valor atual para dezembro de 2025 e R$ 200 a partir de janeiro de 2026.
- Auxílio-creche e saúde: estime um reajuste alinhado ao IPCA vigente em abril de 2026, aplicando o percentual aos seus valores atuais.
Exemplo: se seu reembolso de saúde hoje é de R$ 200 por pessoa, e o IPCA acumulado for de 4% no período de referência, o valor tende a subir para R$ 208 a partir de abril de 2026, sujeito à política final a ser pactuada na Mesa.
O que observar no contracheque
Ao entrar em vigor, o novo valor do auxílio-alimentação aparece como rubrica específica. Guarde os contracheques de dezembro de 2025 e janeiro de 2026 para comparar. No caso de creche e saúde, acompanhe comunicados do órgão sobre o índice aplicado, a data de referência do IPCA e possíveis ajustes de coparticipação.
Riscos e oportunidades
Risco: sem equiparação com os Três Poderes, as distorções entre carreiras podem se ampliar, afetando retenção de talentos e motivação. Oportunidade: a indexação pelo IPCA cria previsibilidade nos custos familiares com filhos e saúde, além de dar transparência ao debate orçamentário. A criação do auxílio nutrição para aposentados, se viabilizada, diminui uma lacuna histórica no cuidado com quem já se desligou da ativa, mas ainda arca com despesas que crescem com a idade.
O que vem pela frente
Com a assinatura do acordo, a Condsef/Fenadsef leva para a Mesa Nacional a segunda etapa: fechar pendências, detalhar regras da saúde suplementar e construir uma proposta sustentável para aposentados. A mobilização de base — atos, audiências e plenárias — seguirá como instrumento de pressão para que prazos e valores avancem sem perdas de direitos.


