São Paulo guarda uma surpresa para quem ama arquitetura: três joias modernistas revelam histórias e materiais que raramente aparecem ao vivo.
De 3 a 9 de novembro, um circuito especial libera o acesso a residências icônicas do modernismo paulista, com visitas guiadas e atividades que aproximam público, obra e memória urbana.
Três casas abertas por tempo limitado
A Semana da Arquitetura Modernista estreia com um convite raro: ver por dentro três residências normalmente fechadas. O percurso passa por Cidade Jardim, Jardim Guedala e Morumbi, e destaca soluções que definiram a linguagem arquitetônica da cidade na segunda metade do século 20.
| Casa | Bairro | Ano | Arquitetos | Pontos de destaque |
|---|---|---|---|---|
| Residência Nadyr de Oliveira | Cidade Jardim | 1961 | Carlos Barjas Millan | Elementos industrializados, pré-fabricação, acabamento cru e mobiliário original |
| Residência João Marino | Jardim Guedala | 1969 | Edmilson Tinoco Júnior e Sylvio Sawaya | Concreto aparente em escala generosa e valor histórico reconhecido |
| Residência Max Define | Morumbi | 1976 | Eduardo de Almeida | Integração com a paisagem, aberturas amplas e diálogo direto com o terreno |
As residências abrem de 3 a 9 de novembro, das 8h às 18h, com visitas livres e guiadas em horários definidos.
Residência Nadyr de Oliveira: técnica e material à vista
A casa em Cidade Jardim evidencia a lógica construtiva. A pré-fabricação aparece em painéis, encaixes e ritmo estrutural. O acabamento cru não esconde texturas, o que reforça a honestidade dos materiais. O mobiliário original ajuda a entender como os espaços foram pensados para uso real.
Residência João Marino: concreto e memória
No Jardim Guedala, a residência integra o patrimônio histórico municipal. O concreto organiza vãos, sombras e vazios. A volumetria marca a presença da obra na rua e cria passagens internas claras. É um capítulo do período em que São Paulo consolidou a linguagem brutalista.
Residência Max Define: arquitetura desenhada pela paisagem
No Morumbi, a casa de 1976 aponta para um modernismo que busca leveza. A implantação considera o relevo e as visadas. A integração com o verde contrasta planos rígidos e transparências, criando uma experiência fluida entre interior e exterior.
Como funciona a visita
Há duas modalidades. A visita livre custa R$ 90 e permite percorrer os ambientes seguindo orientações de staff. A visita guiada sai por R$ 180 e conta com o historiador Mário Rodrigues, que contextualiza cada solução espacial, material e urbana. A meia-entrada já esgotou.
Parte dos ingressos já acabou. A procura é alta e as vagas para a opção guiada são limitadas.
- Datas: 3 a 9 de novembro
- Horário: 8h às 18h
- Locais: Cidade Jardim, Jardim Guedala e Morumbi
- Ingressos: R$ 90 (livre) e R$ 180 (guiada com historiador)
Programação paralela
Além das visitas, o evento oferece maquetes, fotografias históricas e rodas de conversa. Especialistas apresentam contextos de projeto, métodos construtivos e debates sobre preservação. A proposta reúne profissionais, estudantes, pesquisadores, entusiastas e quem tem curiosidade sobre a cidade.
As mostras ajudam a relacionar o desenho das casas com temas como industrialização, padronização de componentes, conforto térmico, ventilação cruzada e brises. As conversas abordam o impacto do modernismo no modo de morar e a relação desses projetos com o espaço público.
O que você vai ver de perto
Os interiores trazem pé-direito variado, esquadrias generosas e soluções de luz natural. A estrutura define a estética. Nas três obras, o concreto dialoga com madeira, vidro e um paisagismo que privilegia espécies da região. Circulações bem definidas, integração social-serviço e cozinhas funcionais revelam uma forma de morar que influenciou gerações.
A visita guiada destaca conceitos como planta livre, fachadas sombreadas, integração com jardins e ergonomia do mobiliário. O roteiro mostra como decisões técnicas se traduzem em conforto e durabilidade.
Dicas práticas para o visitante
- Chegue com antecedência de 15 minutos para facilitar o credenciamento.
- Use calçado confortável, pois parte do trajeto ocorre em áreas externas.
- Respeite as áreas sinalizadas e as orientações de conservação do acervo.
- Leve um caderno para anotar detalhes técnicos e referências de materiais.
- Se for à visita guiada, prepare perguntas sobre estrutura, ventilação e manutenção.
Por que o modernismo paulista ainda mexe com a cidade
O ciclo modernista em São Paulo consolidou recursos que hoje parecem triviais. A planta fluida eliminou barreiras desnecessárias. O concreto aparente encurtou caminhos entre estrutura e linguagem. A busca por sombra, ventilação e luz moldou fachadas e coberturas. Essas casas mostram como a técnica se alinhou ao cotidiano.
Ver esses projetos ativos ajuda a entender desafios atuais. A cidade lida com conforto térmico, uso eficiente de materiais e preservação. O circuito oferece exemplos práticos de soluções que equilibram custo, desempenho e estética. É um pontapé para discutir retrofit, manutenção e políticas de tombamento.
Informações complementares
Quem pretende ir em grupo deve alinhar horários para evitar filas, já que os percursos têm capacidade limitada. Famílias com crianças pequenas encontram ambientes amplos, mas vale atenção em desníveis e jardins. Pessoas com mobilidade reduzida podem consultar antecipadamente os trechos com escadas.
Estudantes de arquitetura e design se beneficiam ao comparar sistemas construtivos entre as três casas. Uma visita rende um caderno de referências com medidas de vãos, soluções de brise, tipos de esquadria e detalhes de guarda-corpo. Para quem atua em interiores, o mobiliário original da Nadyr de Oliveira funciona como laboratório de ergonomia e proporção.
Três casas, sete dias, horários fixos e ingressos já disputados: a janela para ver o modernismo de perto está aberta por pouco tempo.


