Uma novidade silenciosa começa a mudar a rotina entre Pinhais e Piraquara. Tecnologia aponta para um transporte mais limpo.
A partir desta quinta-feira (06/11), equipes da Amep iniciam a instalação de ímãs na Rodovia João Leopoldo Jacomel para preparar a circulação do Bonde Urbano Digital. O serviço ocorre em um trecho específico e exige atenção redobrada de quem passa pela via no período de obras.
Intervenções na João Leopoldo Jacomel: horários e impacto
As equipes atuam entre os quilômetros 6 e 7 da rodovia, em um segmento de 1,3 quilômetro. O trabalho acontece das 10h às 17h, fora dos horários de pico. Uma faixa terá interrupção temporária e haverá sinalização em toda a área, com suporte das prefeituras e do DER-PR.
O corredor liga cidades da Região Metropolitana de Curitiba à capital e concentra fluxo intenso. Por isso, a operação foi planejada para manter a circulação, mesmo com a intervenção na pista que, no futuro, será utilizada pelo BUD. Quando o sistema estiver funcionando, essa faixa não será exclusiva: o tráfego geral continuará permitido.
Trecho entre os km 6 e 7, das 10h às 17h, com interrupção temporária em uma única faixa e sinalização reforçada.
O que você precisa saber hoje
- Local da obra: Rodovia João Leopoldo Jacomel, entre os km 6 e 7.
- Janela de trabalho: 10h às 17h.
- Impacto imediato: uma faixa bloqueada de forma intermitente para perfuração e selagem.
- Operação assistida: equipes da Amep, prefeituras e DER-PR acompanham o trânsito.
- Velocidade reduzida e atenção a cones, placas e barreiras móveis.
- Evite a região nesse período, se possível; antecipe saídas ou busque rotas secundárias.
Como funcionará a faixa guiada por ímãs
Os ímãs serão instalados no pavimento como marcadores físicos que orientam o BUD com auxílio de sensores, radares e câmeras. Eles formam um “rastro” magnético que o veículo lê para se posicionar com precisão, garantindo rastreamento automático e correção de trajetória.
Segundo a Amep, os ímãs ficam a cada um metro, embutidos a apenas sete centímetros de profundidade. A intervenção é rápida e pouco invasiva, já que o procedimento se resume a perfurar, instalar e selar. O objetivo é viabilizar um sistema de guiagem autônoma que convive com a pista regular, dispensando trilhos e obras pesadas.
Ímãs a cada 1 metro e 7 cm de profundidade: guiagem precisa com mínima intervenção na pista.
Passo a passo da instalação
- Perfuração do pavimento no ponto marcado, com profundidade controlada.
- Implantação do ímã e conferência de posicionamento.
- Selagem do furo e acabamento nivelado com a superfície.
- Inspeção final do segmento e liberação do tráfego.
O Terminal de Piraquara serviu como campo de teste para calibrar o ritmo do serviço. Nesta primeira fase, estão previstos mil pontos: 750 na rodovia e 250 no Terminal São Roque.
Terminal de Piraquara vira base do BUD
O Terminal de Piraquara abrigará a garagem do BUD. As obras começaram em setembro e já foram concluídas. O espaço, nos fundos do terminal, funcionará como oficina de manutenção e base de recarga para o veículo, que é 100% elétrico.
Uma sala do terminal foi adaptada para o Centro de Controle Operacional. De lá, equipes acompanharão, em tempo real, o percurso do bonde digital por meio de câmeras no veículo e ao longo do trajeto. O monitoramento permite agir rápido diante de imprevistos e ajustar a operação conforme o trânsito.
Base, recarga e CCO no Terminal de Piraquara: operação centralizada e monitoramento em tempo real.
O que o Bonde Urbano Digital entrega ao passageiro
O BUD chega como uma alternativa elétrica e de alta capacidade para o eixo Pinhais–Piraquara, sem mudança de tarifa e com foco em conforto e segurança.
Principais atributos
- Capacidade para 280 passageiros.
- Tarifa igual à do sistema metropolitano: R$ 5,50.
- Veículo com 30 metros, ar-condicionado e operação bidirecional.
- Velocidade de até 70 km/h, superior à de ônibus do BRT no mesmo contexto.
- Vida útil estimada de 30 anos, o triplo dos veículos convencionais.
- Sensores, radares e câmeras para orientação autônoma e proteção eletrônica ativa.
Durante a fase de testes, as linhas de ônibus que fazem o trajeto entre Pinhais e Piraquara permanecem em circulação. O objetivo é garantir oferta de assentos e observar a convivência com a nova faixa guiada.
Custos e prazos: onde o BUD se encaixa
O BUD adota um arranjo tecnológico que reduz necessidades de infraestrutura. Não há trilhos nem catenária, o que encurta prazos e diminui obras civis. De acordo com as informações oficiais, a implantação pode custar até três vezes menos que um VLT e ser concluída em até um ano para vias de até 15 quilômetros.
Essa arquitetura faz sentido para corredores metropolitanos que já possuem base viária consolidada, como a João Leopoldo Jacomel. O sistema promete ganhos de eficiência ao oferecer um veículo mais rápido que os ônibus do BRT nesse trecho, sem impor canteiros pesados por toda a extensão.
Custo até três vezes menor que um VLT e implantação em até um ano para corredores de até 15 km.
O que muda para você nas próximas semanas
- Planeje deslocamentos entre 10h e 17h considerando possíveis retenções por obras pontuais.
- Respeite a sinalização temporária e a atuação das equipes em pista.
- Mantenha distância de segurança de máquinas e veículos de apoio.
- Para motociclistas e ciclistas, atenção redobrada a cones e desvios curtos.
- Ao se aproximar do trecho entre os km 6 e 7, reduza a velocidade e evite mudanças bruscas de faixa.
Próximos passos e prazos
A linha do BUD, desenvolvida pela chinesa CRRC Corporation, tem previsão de início de operação conectando Pinhais e Piraquara até o fim do ano. Até lá, a etapa de instalação dos ímãs avança, seguida por testes dinâmicos, calibração dos sistemas de guiagem e rotinas de segurança para a operação diária.
O que vem com a fase de testes
- Ajuste fino do alinhamento magnético e da leitura por sensores.
- Treinamento de equipes de condução, manutenção e controle operacional.
- Ensaios de frenagem, manobras bidirecionais e convívio com o tráfego misto.
Por que os ímãs e não trilhos
A guiagem magnética trabalha como um “fio invisível” embutido no asfalto. O BUD identifica esses pontos e corrige o curso de forma contínua. Diferente de um trilho, o sistema permite adaptações rápidas de traçado, intervenções curtas e custo mais baixo de implantação. A pista continua acessível a outros veículos, o que amplia a flexibilidade do corredor.
Entre os ganhos, estão a redução de ruído e a diminuição de emissões na operação, por se tratar de um veículo elétrico. Há também desafios: a necessidade de manutenção preventiva, calibrações periódicas e proteção contra danos no pavimento. As equipes de campo e o CCO monitoram esses fatores para manter a confiabilidade do serviço.
Como essa mudança pode afetar sua rotina
Se você cruza a João Leopoldo Jacomel no meio do dia, prepare-se para pequenos atrasos durante a instalação. Se o seu trajeto é no pico da manhã ou da tarde, a expectativa é que as obras não coincidam com esses horários. Quando o BUD começar a rodar, o passageiro terá um veículo de alta capacidade e climatizado, com tarifa familiar à rede metropolitana, sem ruptura no preço atual.
Para quem dirige, a faixa do BUD não será exclusiva, o que mantém a lógica de uso da via e evita mudanças drásticas no padrão de circulação. A presença de um veículo guiado por ímãs e assistido por tecnologia de proteção ativa tende a elevar o nível de segurança quando comparado à condução puramente humana em corredores saturados.


