Estudantes relatam tensão e desconfiança após relatos de irregularidades durante o provão. O debate sobre regras reacende na rede.
A Secretaria da Educação de São Paulo apura denúncias de registros de prova feitos por alunos e publicados em redes sociais. O exame vale vagas em USP, Unesp, Unicamp e Fatec e mobiliza centenas de milhares de jovens da rede estadual.
O que aconteceu
Pelo menos seis estudantes de escolas públicas paulistas são investigados por terem fotografado trechos do Provão Paulista e postado no TikTok e no Instagram. As imagens foram feitas durante a aplicação do exame, momento em que o uso de celular é proibido por regulamento.
A Seduc-SP afirma que se trata de ocorrências pontuais de indisciplina e que não houve acesso prévio ao conteúdo das provas. Em ao menos quatro episódios, a banca organizadora (Vunesp) já identificou os responsáveis e encaminhou a desclassificação.
Sem indício de vazamento antecipado: as publicações ocorreram durante a aplicação e resultaram na anulação das provas dos envolvidos.
Enquanto a gestão estadual sustenta que a integridade do exame foi preservada, estudantes denunciaram, em comentários nas redes, “vista grossa” de aplicadores e uso indevido de celular em algumas unidades. A hashtag #provaopaulista acumulou relatos de salas sem fiscalização rigorosa e menções a aplicativos de IA durante a avaliação.
O que diz o governo até agora
- Casos sob análise: ao menos seis publicações de trechos de prova por alunos da rede estadual.
- Medidas imediatas: provas anuladas e desclassificação dos identificados pela banca.
- Integridade do exame: governo afirma que não houve acesso antecipado às questões.
- Segurança reforçada: diretores orientados e protocolos de fiscalização reiterados.
- Alcance do exame: cerca de 375 mil estudantes da rede estadual realizaram a avaliação.
A pasta reforça que episódios isolados não comprometem a credibilidade do Provão Paulista e que a segurança foi reforçada nas escolas.
Pressão por resultados e debate sobre bônus
Nos comentários de perfis oficiais, surgiram queixas de facilitação em algumas escolas. A crítica mais frequente liga possíveis falhas de fiscalização à política de metas de desempenho — que influencia um bônus recebido por diretores e professores, segundo a própria secretaria indicou em entrevistas recentes. A lógica premia unidades que atingem patamares como “ouro” e “diamante”.
Especialistas em gestão educacional apontam que modelos de incentivo podem elevar indicadores, mas exigem contrapesos para evitar fraudes e distorções. Transparência em metas, auditorias amostrais e fiscalização externa reduzem conflitos de interesse e fortalecem a confiança de alunos e famílias.
Metas atreladas a bônus pedem controles independentes. Sem auditoria, a suspeita contamina a percepção de mérito dos estudantes.
Quem pode ser punido e como
O regulamento prevê sanções para condutas que comprometam a lisura do exame. A Vunesp e a Seduc-SP relatam desclassificação de candidatos identificados com celular ou registro de prova. Em casos de facilitação por servidores, a rede pode abrir processos administrativos para apurar responsabilidades.
| Situação | Medida prevista |
|---|---|
| Aluno flagrado com celular durante a prova | Anulação da prova e desclassificação |
| Publicação de imagem feita durante a aplicação | Identificação e anulação; análise do caso pela banca |
| Servidor que facilita colas ou uso de celular | Apuração interna e possível processo disciplinar |
| Denúncia procedente de fraude organizada | Aplicação de sanções previstas no regulamento e comunicação aos órgãos competentes |
Regras de segurança em sala
- Celular desligado e lacrado fora do alcance do candidato.
- Proibição de fotografar caderno de questões, cartão de respostas ou ambiente da sala.
- Fiscalização constante por aplicadores e registro de ocorrência em ata.
- Saída autorizada apenas após tempo mínimo e com acompanhamento.
O impacto para quem presta o Provão
O Provão Paulista virou porta de entrada para universidades públicas paulistas. Além de ampliar chances de acesso, oferece uma via direta para estudantes da rede estadual, que disputam com colegas de perfil socioeconômico semelhante. Qualquer abalo na confiança do processo afeta a percepção de justiça e o valor do resultado para quem se preparou ao longo do ano.
Mesmo com episódios investigados, a manutenção da prova e a resposta rápida às irregularidades evitam prejuízo a quem cumpre as regras. O controle de danos passa por comunicação clara, punição tempestiva e revisão de protocolos para as próximas etapas.
Como agir se presenciou irregularidade
Candidatos e funcionários podem colaborar com a apuração sem infringir o regulamento.
- Registre o relato por escrito, com local, horário e descrição objetiva do fato.
- Procure a coordenação da escola e informe a situação de imediato.
- Encaminhe a denúncia aos canais oficiais da Seduc-SP e à banca organizadora.
- Evite usar o celular dentro da sala para “provar” a denúncia; isso gera nova infração.
O que está em jogo
As provas abrem caminho para vagas em USP, Unesp, Unicamp e Fatec, sonho de muitos estudantes da rede estadual. A competição é alta e o calendário é apertado. A credibilidade do Provão precisa se sustentar na igualdade de condições durante a aplicação e em mecanismos de auditoria que detectem e desestimulem trapaças.
O fortalecimento dos protocolos — como detectores de metal, lacres visíveis, varredura de sinais e rodízio de aplicadores — reduz brechas. A formação de equipes externas de fiscalização, com amostragem por sorteio de escolas e salas, aumenta a percepção de risco para quem cogita burlar regras.
Para onde a discussão deve avançar
Transparência sobre metas e bônus, relatórios públicos de ocorrências e divulgação das medidas adotadas criam um ciclo de confiança. Programas de preparação que incluem ética acadêmica e simulação de prova, com regras idênticas às do dia oficial, ajudam a fixar comportamentos corretos. O recado aos candidatos é direto: o custo da infração supera qualquer ganho momentâneo, e a anulação anula também meses de estudo.


