Enquanto o Oriente Médio enfrenta tensões, um projeto bilionário em Gizé promete mexer com viagens e memória coletiva global.
No Cairo, o Egito inaugurou o Grande Museu dedicado à era dos faraós, um complexo moderno com investimento superior a US$ 1 bilhão. O espaço fica de frente para as pirâmides de Gizé e reúne um acervo estimado em 100 mil peças da antiguidade egípcia. A abertura oficial trouxe delegações de dezenas de países e acendeu expectativas de crescimento turístico. A visitação ao público começa na terça-feira (4), com atrações que combinam tecnologia, conservação e narrativa histórica.
Um gigante cultural com vista para as pirâmides
Projetado para receber milhões de pessoas por ano, o Grande Museu Egípcio ocupa um complexo com mais de 50.000 m². A arquitetura privilegia linhas limpas, grandes espaços e transparências, de modo a integrar o interior às paisagens de Gizé. À noite, a iluminação cênica realça volumes e corredores, criando um caminho visual até as galerias.
O visitante encontra ambientes imersivos, luz de precisão sobre relíquias delicadas e recursos de realidade virtual. Um museu infantil apresenta a mesma história com linguagem acessível e atividades práticas. A proposta combina conservação rigorosa com experiências pensadas para diferentes perfis de público.
Mais de US$ 1 bilhão investidos e 100 mil peças: o Egito aposta no turismo cultural para reaquecer a economia.
Tesouros de Tutancâmon reunidos pela primeira vez
O grande chamariz é o conjunto de 5.000 peças ligadas a Tutancâmon, mostrado integralmente em um só local pela primeira vez desde 1922, quando o arqueólogo britânico Howard Carter revelou a tumba do jovem faraó no Vale dos Reis. A montagem atual permite ler a coleção como um organismo vivo: objetos de uso diário, ornamentos, mobiliário ritual e joias aparecem em contexto, e não como peças isoladas.
As 5.000 peças de Tutancâmon aparecem juntas pela primeira vez desde a descoberta da tumba em 1922.
Um colosso chamado Ramsés II
Outro ponto obrigatório é a estátua de granito de Ramsés II, com 11 metros de altura, que recepciona os visitantes no átrio. A peça marca a escala do projeto e lembra a longa duração do poder faraônico, que atravessou mais de 5.000 anos e trinta dinastias. Curadores montaram vitrines próximas com inscrições, relevos e objetos de culto para contextualizar o período de governo do faraó, conhecido pelo vigor construtivo e pela diplomacia.
Por que o governo aposta no turismo
A inauguração mobilizou cerca de 80 delegações oficiais e funciona como vitrine internacional. O plano egípcio mira um redesenho do planalto de Gizé: melhorias nas rodovias, sistema de ingressos eletrônicos, ônibus com ar-condicionado circulando na área das pirâmides e um aeroporto próximo para encurtar deslocamentos. A ideia é oferecer um corredor cultural contínuo, do museu às necrópoles.
Especialistas locais reforçam um ponto sensível: a manutenção. Preservar um edifício desse porte e suas peças exige rotina, equipe e orçamento. Sem constância, a atração perde fôlego e o público se dispersa. O país sentiu os impactos da Primavera Árabe, de atentados e da pandemia; agora, o setor começa a reagir e precisa de estabilidade para sustentar o crescimento.
Meta oficial: até 7 milhões de visitantes por ano no museu e 30 milhões no país até 2030.
| Indicador | Número |
|---|---|
| Custo do projeto | mais de US$ 1 bilhão |
| Área do complexo | mais de 50.000 m² |
| Acervo total | cerca de 100.000 peças |
| Tesouro de Tutancâmon | 5.000 objetos |
| Estátua de Ramsés II | 11 metros |
| Delegações na inauguração | cerca de 80 |
| Meta de público anual | até 7 milhões |
| Visitantes estrangeiros (9 meses) | 15 milhões |
| Receita turística (9 meses) | US$ 12,5 bilhões |
| Visitação pública | terça (4) |
O laboratório vivo da conservação
Uma janela de vidro permite ao público acompanhar a restauração de uma barca solar com 4.500 anos, encontrada nas proximidades da pirâmide de Quéops. A equipe mostra etapas de limpeza, estabilização de madeiras e montagem. O procedimento explica ao visitante como ciência de materiais, arqueologia e climatização se combinam para manter a integridade das relíquias.
Esse acesso ao bastidor da museologia funciona como aula prática. Crianças e adultos entendem por que controle de umidade, filtragem de luz e suporte estrutural definem a vida útil de um artefato antigo.
O que muda para você, brasileiro
Com a reabertura em alta do destino, o museu tende a reorganizar roteiros no Cairo. Para quem planeja viajar, a proposta é reservar ao menos meio dia para o complexo e combinar a visita com as pirâmides no mesmo turno, evitando deslocamentos repetidos.
- Compre ingressos antecipados pelo sistema eletrônico para horários menos concorridos.
- Chegue cedo ou ao fim da tarde para fugir do calor e das filas.
- Use calçados confortáveis: as galerias somam longos percursos.
- Verifique exigências de visto e vacinas com antecedência; contrate seguro viagem.
- Considere áudio-guia em português para aproveitar melhor as narrativas.
- Separe verba para transporte entre museu, pirâmides e hotel; o trânsito no Cairo é intenso.
Riscos e desafios que podem afetar a visita
Instabilidade regional pode alterar fluxos e preços de última hora. A variação cambial também pesa no orçamento de hospedagem e passeios. Altas temperaturas exigem hidratação, protetor solar e pausas em áreas climatizadas. Em feriados locais, a lotação cresce e reduz a permanência em salas populares, como as de Tutancâmon.
Infraestrutura e experiência do visitante
O entorno de Gizé ganhou pistas reformadas e controle de circulação, com ônibus climatizados para pontos-chave. O museu oferece iluminação de precisão para objetos sensíveis, sinalização bilíngue e áreas de descanso. A tecnologia de realidade virtual ajuda a reconstituir contextos originais de tumbas e templos, ampliando a leitura de peças fragmentadas.
No antigo museu do centro do Cairo, a densidade de vitrines dificultava a navegação. Agora, a curadoria trabalha com eixos temáticos claros, que organizam períodos, materiais e funções. O resultado reduz a fadiga e melhora a retenção de informação.
Informações úteis para planejar melhor
Quem viaja com crianças encontra salas interativas e linguagem adequada, sem perder profundidade histórica. Para pessoas com mobilidade reduzida, elevadores e rampas conectam os principais níveis do circuito. Fotografia costuma ser permitida em áreas definidas, mas algumas peças exigem proibição; placas e equipe orientam o público.
Se o objetivo é economizar, avalie combinar a visita com dias de menor procura e utilizar transporte por aplicativo fora dos horários de pico. Grupos pequenos dividem guias credenciados e ganham repertório sem elevar muito o custo. Ao final, a lojinha oficial vende réplicas com procedência, opção segura para quem busca lembranças sem cair em peças de qualidade duvidosa.


