Após 8 dias intubada, técnica do Santa Rita deixa a UTI: você já pensou nos 104 casos e no fungo?

Após 8 dias intubada, técnica do Santa Rita deixa a UTI: você já pensou nos 104 casos e no fungo?

Em meio a um surto investigado em Vitória, famílias aguardam respostas enquanto profissionais lutam para retomar a rotina segura no hospital.

Giane Coutinho, técnica de enfermagem do Hospital Santa Rita, deixou a UTI na quarta-feira (5) após dias em estado grave. O momento da transferência para o quarto foi registrado em vídeo, com aplausos e agradecimentos aos colegas. A melhora ocorre no contexto do surto de uma infecção ainda sob investigação na unidade, que levanta dúvidas e preocupação entre pacientes, trabalhadores da saúde e moradores da Grande Vitória.

Quem é a profissional e como foi a evolução

Funcionária do Santa Rita, Giane foi internada em 15 de outubro. O quadro piorou nos dias seguintes, o que levou a equipe a transferi-la para a UTI em 23 de outubro. Ela precisou de intubação por 8 dias, até retomar a consciência em 29 de outubro. Agora, segue em recuperação no quarto, com previsão de alta hospitalar nos próximos dias, segundo a família.

Alta da UTI em 5/11. Intubação por 8 dias. Recuperação segue no quarto, com evolução positiva monitorada.

Data Evento
15/10 Internação de Giane após início de sintomas
23/10 Transferência para a UTI
23/10 a 29/10 Suporte ventilatório com intubação
29/10 Despertar e retirada da ventilação mecânica
05/11 Saída da UTI e ida para o quarto

Surto no Santa Rita: o que se sabe

A investigação começou em 19 de outubro, quando profissionais da ala oncológica relataram sinais respiratórios semelhantes aos de pneumonia. O número de casos em apuração cresceu dia a dia e, até terça-feira (4), chegou a 104. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) comunicou na segunda (3) que a principal hipótese é a presença do fungo histoplasma. A confirmação laboratorial ainda não saiu, e as coletas e análises seguem em andamento.

104 casos em investigação até 4/11. Hipótese principal: histoplasma. Origem e fonte ainda sob apuração.

  • Início do surto: 19/10, com relatos de quadro respiratório na ala oncológica.
  • Características clínicas relatadas: febre, tosse, dor torácica e falta de ar, semelhantes a pneumonia.
  • Medidas esperadas: rastreio de contatos, coletas diagnósticas, limpeza ambiental e protocolos de proteção aos trabalhadores.
  • Comunicação oficial: Sesa aponta histoplasma como hipótese, sem laudo conclusivo.

O que é o histoplasma e por que preocupa

O histoplasma é um fungo ambiental que prolifera em solos com fezes de aves e morcegos. A infecção, chamada histoplasmose, ocorre por inalação de esporos liberados no ar, especialmente em locais com poeira levantada por obras, limpeza de áreas fechadas ou manejo de material contaminado. O quadro costuma variar de assintomático a doença respiratória com febre, tosse e cansaço. Em pessoas com fragilidades imunológicas, o risco de complicações aumenta.

Transmissão ocorre por inalação de esporos no ambiente. Não há transmissão direta entre pessoas.

O diagnóstico combina avaliação clínica e testes laboratoriais, que podem incluir sorologia, antígeno, cultura e técnicas moleculares. O tratamento, quando indicado, emprega antifúngicos por tempo definido, sempre com acompanhamento médico. Profissionais de saúde com sintomas respiratórios merecem avaliação rápida, já que trabalham em áreas de maior risco de exposição ambiental e atendem pacientes mais vulneráveis.

Como o hospital e as autoridades costumam agir em surtos respiratórios

Em cenários como este, equipes técnicas mapeiam casos, definem linhas de tempo de exposição e reforçam a proteção respiratória. O foco recai sobre ambientes com potencial contaminação por poeira e matéria orgânica, com inspeções em áreas externas, casas de máquinas, caixas d’água, telhados e forros. A manutenção de sistemas de ventilação e o controle de obras reduzem a chance de aerossóis com esporos.

  • Inspeção ambiental e coleta de amostras em áreas internas e externas.
  • Reforço de máscaras adequadas para equipes e protocolos de limpeza úmida.
  • Revisão de rotas de circulação de pacientes e trabalhadores.
  • Monitoramento diário de sinais e sintomas entre colaboradores.

O que você, paciente ou visitante, pode fazer agora

Quem frequenta serviços de saúde precisa redobrar cuidados respiratórios durante investigações de surto. Medidas simples ajudam a reduzir riscos e dão tranquilidade para quem acompanha um familiar.

  • Use máscara bem ajustada em áreas internas e em corredores movimentados.
  • Higienize as mãos ao entrar e sair de quartos, elevadores e banheiros.
  • Evite áreas com poeira, pombos ou morcegos, especialmente em estacionamentos e telhados.
  • Se tiver febre persistente, tosse ou falta de air, procure avaliação médica.
  • Respeite orientações de fluxo, horários de visita e restrições temporárias.

O impacto humano por trás dos números

A trajetória de Giane lembra o que vive quem adoece enquanto cuida dos outros. Colegas acompanharam a intubação, torceram pela retirada dos aparelhos e celebraram a saída da UTI. Para a família, o retorno ao quarto traz alívio e esperança. Para quem trabalha na linha de frente, o caso reforça a necessidade de proteção ocupacional contínua, com treinamentos, equipamentos adequados e comunicação transparente.

Recuperações como a de Giane dão rosto às estatísticas e fortalecem a confiança nos protocolos de segurança.

Próximos passos da investigação e o que esperar

O avanço do inquérito sanitário depende de etapas que levam tempo. As autoridades costumam cruzar dados clínicos com achados laboratoriais e vistorias ambientais. O resultado define medidas definitivas de prevenção e a eventual reabertura de áreas restritas.

  • Confirmação laboratorial do agente com testes específicos.
  • Mapeamento detalhado de locais e períodos de maior exposição.
  • Ações estruturais: vedação de acessos de aves e morcegos, manejo seguro de resíduos e limpeza técnica.
  • Comunicação periódica à sociedade sobre número de casos e recomendações.

Informações úteis para ampliar o entendimento

Pneumonia bacteriana e histoplasmose podem se parecer no início, mas nem sempre seguem a mesma curva. Se os exames apontarem fungo, o tratamento muda, e esse ajuste precoce evita complicações. Profissionais que atuam em oncologia, terapia intensiva e manutenção predial têm atenção redobrada, pois circulam por áreas sensíveis e podem inalar partículas ao acessar locais pouco ventilados.

Para famílias que acompanham pacientes, vale organizar uma rotina com revezamento nas visitas, checagem de sintomas entre os acompanhantes e uso correto de máscaras. Em casa, mantenha a vacinação em dia, ventile ambientes e minimize poeira ao limpar áreas com presença de aves e morcegos. Esses cuidados reduzem exposição a esporos ambientais e fortalecem a proteção de todos.

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