Você ouviu e não sabia: 9 músicas do Metallica levam a mão de Dave Mustaine — qual te tocou mais

Você ouviu e não sabia: 9 músicas do Metallica levam a mão de Dave Mustaine — qual te tocou mais

As velhas rixas deram lugar à curiosidade: fãs revisitam o início do Metallica e querem saber onde Dave deixou sua marca.

A regravação de Ride the Lightning no derradeiro álbum do Megadeth reacendeu uma pergunta que mexe com memórias de cabeceira. Quais faixas do Metallica trazem ideia, riff ou solo que nasceram com Dave Mustaine antes da demissão de 1983?

Como Dave Mustaine moldou o começo da banda

Nos meses anteriores a abril de 1983, Mustaine participava ativamente da escrita do repertório que formaria os dois primeiros discos do Metallica. Ele levava riffs prontos, sugeria arranjos e costurava estruturas. O estúdio registrou esse traço. A discografia também. Parte do material entrou no álbum de estreia já sem ele no grupo.

Seis faixas têm crédito oficial para Mustaine, enquanto outras três aparecem em relatos e registros de bastidores sem reconhecimento formal.

O capítulo mais sensível sempre foi o crédito. A banda indica mudanças significativas entre esboços e versões finais como argumento para não nomeá-lo em certos casos. Mustaine, por sua vez, mantém que riffs e ideias de base vieram de sua mão.

As faixas com crédito oficial

Kill ’Em All (1983)

  • The Four Horsemen — nasceu a partir de The Mechanix, ideia de Mustaine que ganharia outra vida no Megadeth.
  • Jump in the Fire — origem atribuída principalmente a Mustaine, que já a tocava em ensaios pré-Metallica.
  • Phantom Lord — riffs e trechos estruturais assinados em parceria.
  • Metal Militia — contribuição direta na base rítmica e no drive das guitarras.

O disco de estreia ainda guarda outra história: o solo de Seek & Destroy é apontado por James Hetfield como obra de Mustaine. O trecho permanece sem crédito oficial.

Ride the Lightning (1984)

  • Ride the Lightning — a faixa-título carrega assinatura de Mustaine, com motivos melódicos marcantes no esqueleto da música.
  • The Call of Ktulu — instrumental final do álbum, com sequência de acordes de Dave reaproveitada anos depois em Hangar 18, do Megadeth.

Essas participações mostram que Dave não era apenas um solista veloz. Ele ajudava a definir o “mapa” das composições, costurando partes, transições e ataques de palhetada que viraram marca do thrash oitentista.

Contribuições contestadas e histórias de corredor

Ao longo dos anos, Mustaine afirmou ter escrito riffs usados em Motorbreath, do álbum de estreia, e em Leper Messiah, presente em Master of Puppets (1986). Músicos do Metallica discordam e citam alterações profundas nas gravações para justificar a ausência de crédito. A fricção se manteve discreta na fase recente, mas a discussão nunca morreu entre fãs de ambos os lados.

Seek & Destroy, Motorbreath e Leper Messiah concentram o debate: menções públicas do próprio grupo, reivindicações de Dave e lacunas nos encartes.

Para ouvir o “DNA Mustaine”, vale focar em três pistas: cadências cromáticas, convenções rápidas entre guitarras e bateria e soluções de ponte que desembocam em refrão por contraste. Essas escolhas aparecem com nitidez nas composições creditadas e dão contexto às reivindicações.

O tema volta com força por causa de 2026

O álbum final do Megadeth, batizado de Megadeth e anunciado para 23 de janeiro de 2026, inclui uma nova gravação de Ride the Lightning. Mustaine tratou a faixa como fechamento de ciclo. O gesto fala com a história. Ele reconhece que a trajetória começou antes do Megadeth e alinha essa despedida ao período em que fermentou ideias que moldaram o Metallica.

Regravar Ride the Lightning no disco de despedida sugere reconciliação com o passado e entrega aos fãs um marco emocional.

O primeiro single, Tipping Point, já saiu e prepara terreno para um repertório que dialoga com origens e legado. Para quem acompanha desde as fitas demo, a escolha da cover soa como um aceno direto.

Mapa das músicas atribuídas a Dave Mustaine

Canção Álbum (ano) Tipo de contribuição Crédito oficial Observações
The Four Horsemen Kill ’Em All (1983) Riffs e estrutura Sim Deriva de The Mechanix, lançada pelo Megadeth em 1985
Jump in the Fire Kill ’Em All (1983) Composição principal Sim Ideia prévia de Mustaine em ensaios
Phantom Lord Kill ’Em All (1983) Riffs e arranjo Sim Contribuição nas partes rápidas
Metal Militia Kill ’Em All (1983) Riffs e arranjo Sim Base rítmica com assinatura marcante
Ride the Lightning Ride the Lightning (1984) Ideias harmônicas Sim Faixa-título com motivos de Dave
The Call of Ktulu Ride the Lightning (1984) Sequência de acordes Sim Base reaproveitada em Hangar 18 (1990)
Seek & Destroy (solo) Kill ’Em All (1983) Solo de guitarra Não Hetfield já reconheceu a origem do solo
Motorbreath Kill ’Em All (1983) Riff reivindicado Não Diferenças apontadas entre demo e versão de álbum
Leper Messiah Master of Puppets (1986) Riff reivindicado Não Banda contesta a autoria alegada

Como ouvir com atenção e separar as camadas

  • Compare The Mechanix (Megadeth) com The Four Horsemen e repare no andamento e nos encaixes de palhetada.
  • Em Seek & Destroy, isole o solo e observe a construção melódica antes do clímax; ele contrasta com o riff de base.
  • Em The Call of Ktulu, identifique a progressão que mais tarde vira a espinha dorsal de Hangar 18.
  • Anote diferenças entre demos antigas e edições de estúdio; arranjos mudam e podem diluir a pista de autoria.

O que essa história ensina sobre crédito e criação

Crédito autoral em bandas de metal costuma nascer no ensaio, não no cartório. Quem traz o riff? Quem propõe a ponte? Quem reorganiza as partes? Quando a gravação muda a ideia original, o reconhecimento pode evaporar. No caso Metallica–Mustaine, há registros, relatos e memórias que nem sempre batem, e o debate acaba nas mãos dos fãs.

Para quem compõe, vale um aprendizado prático: documente versões, guarde datas e registre esboços. Essa rotina protege a autoria e ajuda a contar a história da música sem ruído. Para quem ouve, comparar versões eleva a escuta e revela como uma canção ganha cara de clássico.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *