Uma manhã inesperada na Baía de Guanabara colocou uma pequena ilha no centro das conversas, das câmeras e das redes.
O príncipe William, herdeiro do trono britânico, visitou a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (4/11), durante sua passagem pela cidade para sediar o Prêmio Earthshot. A presença, mantida sem anúncio prévio, mobilizou moradores e curiosos, produziu filas para selfies e rendeu um raro contato direto entre o Príncipe de Gales e o público em um cenário histórico da capital fluminense.
Manhã discreta que virou evento público
William chegou a Paquetá de barco da Marinha, desembarcou no interior da Baía de Guanabara e caminhou por trechos da ilha. Ele cumprimentou moradores, posou para fotos e aceitou presentes. Um intérprete apoiou as conversas com quem se aproximou. O herdeiro do trono britânico também segurou um bebê no colo, gesto que acelerou os pedidos de foto e ampliou a roda de celulares no entorno.
Cerca de 350 pessoas acompanharam a passagem do príncipe pela ilha, número que transformou uma agenda discreta em encontro espontâneo de bairro.
A visita não constava em comunicados oficiais. A notícia circulou rapidamente entre as ruas de Paquetá e atravessou grupos de mensagens locais. Essa dinâmica sustentou a presença de famílias, comerciantes e trabalhadores do transporte marítimo, que registraram a movimentação e lotaram o pequeno cais.
Agenda ambiental no Rio e o Earthshot Prize
O motivo principal da viagem de William ao Rio foi o Earthshot Prize, prêmio criado por ele e apelidado de “Oscar da sustentabilidade”. A premiação estimula soluções concretas para enfrentar as mudanças climáticas e difundir inovação ambiental. A escolha do Rio, cidade litorânea exposta a eventos climáticos extremos e a desafios de saneamento, conecta o discurso do prêmio à realidade de uma metrópole que convive com enchentes, ilhas urbanas de calor e poluição hídrica.
Por que o prêmio mira o Brasil agora
O Brasil concentra biomas estratégicos e comunidades que dependem diretamente de ecossistemas costeiros. Projetos que restauram manguezais, reduzem emissões locais e ampliam saneamento básico oferecem ganhos ambientais medidos em captura de carbono, biodiversidade e saúde pública. A Baía de Guanabara funciona como termômetro dessas iniciativas: melhorias ali se irradiam para pesca artesanal, turismo, segurança hídrica e qualidade de vida.
O Earthshot mira ideias replicáveis e mensuráveis. A vitrine carioca ajuda a conectar soluções locais a financiamento, mentoria e visibilidade global.
Do cais ao manguezal: deslocamento até Guapimirim
Depois do encontro em Paquetá, o príncipe seguiu de bote para uma área de manguezal em Guapimirim. Técnicos apresentaram ações voltadas a reduzir impactos sobre a Baía de Guanabara, incluindo rotinas de manejo e proteção de unidades de conservação. Representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) detalharam o papel do órgão na gestão de áreas federais, na fiscalização e no estímulo a iniciativas de conservação que envolvem comunidades locais.
- Equipes mostraram como o mangue retém sedimentos e filtra poluentes, melhorando a qualidade da água.
- O grupo debateu pressões típicas do entorno urbano, como esgoto irregular, lixo e ocupação de margens.
- Foram discutidas ações de educação ambiental, monitoramento e recuperação de áreas sensíveis.
| Local | Atividade | Objetivo |
|---|---|---|
| Ilha de Paquetá | Interação com moradores | Aproximação simbólica e apoio à agenda ambiental na Baía de Guanabara |
| Guapimirim | Visita ao manguezal e reunião com o ICMBio | Conhecer ações de conservação e mitigação de danos à baía |
Repercussão entre os moradores
Como foi o contato
Moradores relataram um encontro rápido e cordial. William acenou para quem se aglomerava, manteve conversa breve com quem se aproximou e respeitou o ritmo da movimentação local. A presença de um intérprete abriu espaço para perguntas simples. Presentes típicos da ilha, como lembranças artesanais, apareceram nas mãos de quem aguardava um registro.
Números e imagens
O público estimado em 350 pessoas ocupou áreas próximas ao desembarque. Fotos e vídeos circularam rapidamente nas redes sociais. Comerciantes reagiram com cartazes improvisados e vitrines adaptadas para receber o fluxo repentino de visitantes. A circulação de imagens ampliou a percepção de Paquetá como ponto de interesse turístico e histórico, dentro e fora da capital.
A agenda ambiental aliada a gestos simples com moradores ampliou a visibilidade de Paquetá e do manguezal de Guapimirim.
O que Paquetá representa para o Rio
Paquetá é um bairro insular do Rio, com rotina mais lenta e ruas tranquilas. A ilha fica no interior da Baía de Guanabara e mantém forte identidade cultural. O acesso ocorre por transporte aquaviário, o que preserva um ritmo próprio e reforça o apelo de refúgio urbano. Esse perfil favorece turismo de baixa escala, cultural e de natureza, sensível a boas práticas de visitação e à manutenção do patrimônio.
Serviço para quem quer visitar Paquetá com responsabilidade
- Chegue por barcas regulares que saem do Centro do Rio e verifique horários com antecedência.
- Leve água, protetor solar e recolha seu lixo para reduzir impactos nas áreas costeiras.
- Respeite áreas sinalizadas e evite caminhar em trechos de mangue, que são frágeis e escorregadios.
- Prefira deslocamentos a pé ou de bicicleta, mantendo o clima de baixa velocidade da ilha.
- Valorize comércio local e iniciativas culturais que mantêm viva a memória do bairro.
Manguezais e clima: o que você ganha quando esse bioma é protegido
Manguezais funcionam como barreiras naturais contra tempestades e marés mais altas. As raízes reduzem a erosão, estabilizam o solo e protegem habitações costeiras. Esse bioma captura e estoca grandes volumes de carbono em sedimentos, ajudando a frear o aquecimento global. A sombra e a umidade geradas pelos mangues atenuam ilhas de calor em zonas urbanas próximas, elevando o conforto térmico.
Os mangues também são berçários de espécies que sustentam cadeias alimentares e pesca artesanal. Quando o manguezal está íntegro, o ciclo reprodutivo de peixes, crustáceos e moluscos se mantém. A qualidade da água melhora e a fauna retorna. O visitante ganha paisagens mais saudáveis, gastronomia com base local e oportunidades de lazer ligadas à natureza.
As principais ameaças vêm do descarte de lixo, do esgoto sem tratamento e da ocupação irregular das margens. O manejo adequado depende de fiscalização, saneamento e educação ambiental. Projetos apoiados por prêmios como o Earthshot conseguem conectar soluções simples e eficazes, como captação de resíduos, replantio em áreas degradadas e monitoramento comunitário, a redes de financiamento e conhecimento técnico.
Para quem quer transformar interesse em ação, é possível apoiar associações locais, participar de mutirões de limpeza e priorizar produtos e serviços de cadeias que respeitam o litoral. Pequenas escolhas somadas a políticas públicas consistentes reduzem pressão sobre a Baía de Guanabara e tornam visitas como a de hoje mais do que um registro de celebridade: um convite a resultados práticos, medidos em água mais limpa, bem-estar e resiliência climática.


