Você sabia? Lô Borges, Clube da Esquina e Sepultura se cruzam: 5 fatos que vão surpreender você

Você sabia? Lô Borges, Clube da Esquina e Sepultura se cruzam: 5 fatos que vão surpreender você

Um encontro improvável entre gerações musicais de Belo Horizonte aponta para lições práticas que você pode sentir no ouvido.

No bairro Santa Tereza, berço de experiências sonoras múltiplas, um gesto simples de vizinhança ajudou a moldar um futuro barulhento. A cena mineira, conhecida pela delicadeza harmônica, tocou o metal nascente de garotos que ainda buscavam o próprio som.

Uma origem comum em Santa Tereza

Santa Tereza, em Belo Horizonte, não acolheu só rodas de violão e harmonias sofisticadas. Ali, os primeiros ensaios do Sepultura tomaram forma, em garagens e quartos abafados. Max e Igor Cavalera, ainda adolescentes, tentavam tirar peso das guitarras, mas faltava base. A afinação tropeçava. O ruído tomava conta.

Segundo o relato presente no livro “Sepultura: toda história”, de Silvio Gomes e André Barcinski, os ensaios improvisados atraíam a curiosidade da vizinhança. O bairro, que viu o Clube da Esquina nascer, testemunhou também o metal mineiro engatinhar entre erros e acertos.

Ensaios barulhentos e a busca por afinação

A banda tocava alto. A técnica ainda não acompanhava a ambição. O resultado soava agressivo, mas impreciso. Foi nesse cenário que uma orelha treinada apareceu na calçada: Solange Borges, irmã de Lô e de Telo Borges.

Sem afinação não existe banda. A intervenção de Solange Borges virou a chave dos primeiros ensaios do Sepultura.

Ela percebeu o problema na hora. Nada de bronca longa. Em vez disso, ofereceu ajuda. Afinou guitarras. Conferiu o baixo. Explicou o passo a passo. O grupo saiu da sessão com outra consciência sobre timbre e tensão de cordas.

Solange Borges, a ponte inesperada

Solange não entrou para a história com holofote, mas sua atuação sintetiza o espírito de Santa Tereza: vizinhos, músicos e curiosos circulando por uma mesma rua. A cultura se costura assim, com pequenos gestos que geram grandes consequências.

  • Ela parou para ouvir, sem convite.
  • Identificou a desafinação como o nó central.
  • Passou a afinação de guitarra e baixo de forma prática.
  • Sugeriu atenção ao ouvido antes da distorção.
  • Deu aos garotos um método para o próximo ensaio.

Afinação não é detalhe técnico: é a diferença entre barulho aleatório e ataque com intenção.

O Sepultura antes de conquistar o mundo

Antes do inglês e das turnês, o repertório do Sepultura falava português, com energia crua e títulos diretos: “Filhos de Hitler”, “Sexta-Feira 13”, “Anticristo”. A fúria já existia. A precisão viria com prática, ouvido e convivência com músicos mais experientes pelos quarteirões do bairro.

Entre as composições do período inicial, “Adote um Rato” simboliza a fase. A letra repetia o verso principal, sem filtros ou metáforas sofisticadas. A banda sabia o que queria provocar, mas ainda tateava a forma.

“adote um rato / adote um rato / nem que seja / rato de esgoto”

Essa crueza conviveu, poucos metros adiante, com o refinamento harmônico do Clube da Esquina. Esse contraste explica por que a cena de Belo Horizonte gerou tanta variedade, do cancioneiro lírico ao peso metálico.

Clube da Esquina como ecossistema de ouvido

O movimento ligado a Lô Borges, Telo Borges e parceiros formou uma escola informal de audição. Casas abertas, ensaios próximos, trocas constantes. Resultado: um bairro que treinava ouvidos, não só instrumentos. Desse caldo vem a intervenção de Solange. Uma ponte entre linguagens sem cerimônia, feita no cotidiano.

Quando MPB e metal dividem a mesma rua

Não se trata de fusão de gêneros. Trata-se de infraestrutura humana. A proximidade permitiu correções rápidas e conversas curtas que renderam muito. O metal ganhou afinação. A canção manteve a ousadia. Todos saíram com mais repertório e disciplina.

O que você pode aplicar hoje

Bandas iniciantes repetem erros comuns. O caso de Santa Tereza oferece um roteiro simples para o próximo ensaio. Foque no que pode ser corrigido em 20 minutos e mude o som na hora.

Desafio Sinal Solução prática Resultado esperado
Afinação instável Acordes soam “flutuando” Usar afinador clip, checar oitavas Graves firmes e ataque definido
Volume excessivo Mistura embaralhada Equilibrar ganho e master, posicionar caixas Clareza entre guitarra, baixo e voz
Ritmo irregular Entradas fora do clique Ensaiar 10 min com metrônomo Andamento consistente
Arranjos confusos Partes se sobrepõem Distribuir frequências e funções por instrumento Dinâmica respirando

Fatos que conectam as pontas

A história relatada no livro sobre o Sepultura mostra o bairro como personagem ativo. A intervenção de Solange Borges comprova que técnica básica anda junto com atitude. E a memória do Clube da Esquina segue influente. O diálogo atravessa estilos. Até o repertório de Lô Borges já ganhou versões de músicos vindos do metal, mostrando que as canções resistem e se reinventam.

Gênero separa prateleiras. Bairro junta pessoas. Foi assim que a MPB afinou o metal na porta de casa.

Perguntas que ainda ecoam

Quantas bandas deixaram de existir por falta de um ouvido vizinho que cutucasse o óbvio? Quantos garotos teriam seguido adiante se alguém tivesse mostrado a diferença entre corda bem tensionada e distorção mascarando falhas? O caso de Santa Tereza sugere que o circuito local vale ouro.

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Como treinar o ouvido sem gastar muito

Separe cinco minutos diários para cantar referências de afinação: tônicos e quintas. Toque a nota no instrumento, tente reproduzi-la com a voz e confirme no afinador. Repita com variações de oitava. A prática fortalece a precisão em palco e reduz conflitos na mistura.

Roteiro rápido de ensaio inspirado em Santa Tereza

  • 5 min de afinação com todos em silêncio.
  • 10 min em metrônomo, com riff e virada-chaves do show.
  • 15 min para arranjar vozes e frequências, com guitarras alternando posições.
  • 10 min de gravação no celular para avaliar o resultado.

Para quem compõe, vale revisitar letras antigas e testar leituras cruas, como as primeiras do Sepultura. A experiência revela intenções escondidas e dá pistas de arranjo. Para quem vem da canção, ouvir o metal local melhora timing e percepção de dinâmica. Esse cruzamento, que começou casual numa calçada de Santa Tereza, continua à sua disposição toda vez que você afina, escuta e troca ideia com quem mora por perto.

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