Você vai ter lugar no vagão: plano do BNDES prevê 94 km de metrô e 107 km de VLT no Rio até 2054

Você vai ter lugar no vagão: plano do BNDES prevê 94 km de metrô e 107 km de VLT no Rio até 2054

Uma cidade que anda melhor transforma a rotina de quem trabalha, estuda e cuida da família. O Rio pode estar nesse caminho.

Um novo pacote de obras mapeado pelo Ministério das Cidades e pelo BNDES coloca o transporte de massa no centro da agenda. O estudo projeta uma malha ampliada de metrô e VLT, redesenho de corredores de ônibus e modernização de trens. A Região Metropolitana do Rio aparece com propostas robustas e prazos longos.

O que está no papel

O 5º Boletim do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU) identificou 187 projetos nas 21 maiores regiões metropolitanas. A lista reúne investimentos em metrôs, trens, VLTs, BRTs e faixas exclusivas. O horizonte de referência chega a 2054 e indica expansão contínua por etapas.

O pacote nacional soma R$ 430 bilhões. O relatório aloca R$ 230 bilhões para metrôs, R$ 31 bilhões para trens, até R$ 105 bilhões para VLTs, R$ 80 bilhões para corredores BRT e R$ 3,4 bilhões para faixas de ônibus. A modelagem financeira prioriza concessões e parcerias público-privadas.

Meta climática do ENMU: evitar 3,1 milhões de toneladas de CO₂ por ano até 2054, equivalente à absorção de 6,2 mil km² de Floresta Amazônica.

Rio de Janeiro no centro do plano

Para a Região Metropolitana do Rio, o estudo lista 15 projetos, com R$ 68 bilhões estimados. O foco recai na costura de ligações transversais, integração baía–continente e conversão de eixos sobre pneus para trilhos leves. A implantação se distribui até 2054 e prevê fases.

Metrô: 94,2 km para costurar a cidade

As propostas de metrô ampliam cobertura e criam novas conexões. A malha projetada busca encurtar viagens entre zonas residenciais e polos de emprego.

  • Nova linha Alvorada – Cocotá, conectando Barra, Ilha do Governador e eixos intermediários.
  • Extensão do metrô Gávea – Del Castilho para fechar lacunas na Zona Sul e Zona Norte.
  • Ampliação da Linha 2 até a Praça XV para integração direta com o Centro e a barca.
  • Trecho Centro – Deodoro para reforçar o eixo oeste com alta capacidade.
  • Conexão Praça XV – São Gonçalo para integrar Niterói e o Leste Fluminense ao coração do Rio.

VLT: 107,6 km para requalificar corredores

O plano propõe transformar eixos hoje ocupados por BRT em trilhos leves. A ideia é estabilizar a oferta, elevar capacidade e reduzir ruído e emissões locais.

  • Conversão do BRT TransOeste em VLT, criando um backbone litorâneo de média capacidade.
  • Conversão do BRT TransCarioca em VLT, conectando aeroporto e áreas densas com regularidade.
  • Novo VLT Botafogo – Leblon – Gávea, reforçando a mobilidade entre bairros turísticos e universitários.
  • VLT Niterói – Centro – Charitas para estruturar o eixo costeiro com parada de alta demanda.
  • VLT São Cristóvão para articular a malha próxima a polos educacionais e museais.

BRT elétrico: 78,1 km com frota nova

Os corredores previstos adotam veículos elétricos, com ganhos de conforto, custos operacionais e ruído urbano.

  • BRT TransBaixada, articulando municípios da Baixada Fluminense.
  • Extensão do BRT TransBrasil até Santa Cruz para ampliar a espinha dorsal oeste.
  • BRT Campo Grande – Magarça para atender bairros em crescimento.
  • BRT Jardim Oceânico – Taquara – Freguesia para encurtar deslocamentos na Zona Oeste.

O estudo projeta queda nas mortes no trânsito, com potencial de preservar cerca de 8 mil vidas por ano até 2054, e reduzir em 10% o custo médio da mobilidade urbana.

Quanto custa e quem paga

O avanço depende de estrutura de financiamento capaz de distribuir risco e garantir cronograma. Concessões podem atrair operadores com experiência em alta e média capacidade. PPPs ajudam a viabilizar material rodante, sistemas de sinalização e manutenção.

Receitas acessórias, como aluguel comercial e aproveitamento imobiliário junto às estações, tendem a compor a conta. A governança metropolitana precisa alinhar gratuidades, subsídios e integração tarifária para dar previsibilidade ao caixa do sistema.

Modalidade Extensão prevista no Rio Exemplos de eixos Observação
Metrô 94,2 km Alvorada–Cocotá; Praça XV–São Gonçalo Expansões e novas conexões transversais
VLT 107,6 km TransOeste; TransCarioca; Botafogo–Gávea Conversões e linhas novas em eixos densos
BRT elétrico 78,1 km TransBaixada; TransBrasil a Santa Cruz Frota elétrica e estações requalificadas
Trens urbanos Rede metropolitana Requalificação de frota e infraestrutura

Clima, saúde e tempo poupado

O ENMU calcula evitar 3,1 milhões de toneladas de CO₂ por ano até 2054. O número equivale à absorção de 6,2 mil km² de Floresta Amazônica. A troca de ônibus a diesel por trilhos e frotas elétricas reduz emissões locais e melhora a qualidade do ar.

Reduções de sinistralidade no trânsito aliviam o sistema de saúde e preservam renda. A previsão de 10% de queda no custo médio da mobilidade libera orçamento das famílias. O ganho de acesso a empregos e serviços encurta a distância econômica entre bairros.

Desafios e próximos passos

Obras lineares pedem licenciamento ambiental ágil e projetos executivos detalhados. A reconstrução de pavimentos para VLT exige planejamento de interferências em redes de água, esgoto, gás e telecom. A compra de trens e VLTs demanda contratos com prazos robustos e cláusulas de desempenho.

A integração tarifária precisa vir acompanhada de integração física. Plataformas acessíveis, sinalização clara e bilhetagem com teto diário reduzem fricção nos transbordos. A segurança pública nas estações e no entorno mantém a demanda e protege a receita prevista.

Como isso pode afetar seu dia a dia

  • Viagens mais curtas em eixos estruturantes reduzem tempo de deslocamento casa–trabalho.
  • Mais previsibilidade na frequência diminui a necessidade de sair com muita antecedência.
  • Integrações melhor desenhadas reduzem o número de baldeações demoradas.
  • Frotas elétricas cortam ruído e vibração nas ruas residenciais.
  • Requalificação de calçadas e travessias melhora segurança para pedestres.

R$ 68 bilhões em projetos para o Grande Rio, com entregas por fases até 2054, podem redefinir deslocamentos diários e a economia local.

Informações complementares

VLT é um veículo leve sobre trilhos, com estações em nível de rua e alta regularidade. A solução costuma atender médias demandas com reurbanização de corredores. Metrô opera em via segregada, geralmente subterrânea ou elevada, com maior capacidade e velocidade.

Uma simulação simples ajuda a visualizar impactos. Um trajeto Barra–Centro que hoje leva 80 minutos pode cair para cerca de 55 minutos com uma linha direta de alta capacidade. A redução depende do número de paradas, intervalos e integração nas pontas.

Conversões de BRT para VLT tendem a estabilizar operação e reduzir custos por passageiro em corredores com demanda sustentada. O risco está na execução em áreas urbanas densas e em eventuais atrasos de suprimentos. Benefícios incluem menor emissão, mais conforto térmico e regularidade em picos.

Concessões e PPPs podem acelerar cronogramas quando combinam metas de desempenho, medição de qualidade por sensor e transparência de dados. Câmeras, telemetria e painéis públicos permitem corrigir rotas rapidamente. A participação social nas fases de projeto ajuda a ajustar traçados e minimizar desapropriações.

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