Mudanças nas regras sanitárias podem afetar sua xícara diária. Quem compra pela internet sente primeiro quando algo sai do padrão.
Nos últimos dias, consumidores se depararam com alertas envolvendo marcas de café e produtos com promessas “funcionais”. O caso Vibe Coffee mostra como a fiscalização reage quando encontra falhas e o que você, cliente final, precisa checar antes de abrir o próximo pacote.
O que motivou a proibição
O governo federal, por meio da Anvisa, determinou nesta segunda-feira (3 de novembro) a proibição de todos os cafés da marca Vibe Coffee, empresa do Espírito Santo que vendia seus produtos também por e-commerce. A decisão publicada no Diário Oficial da União alcança oferta, fabricação, distribuição, propaganda e uso.
A Anvisa barrou a comercialização da Vibe Coffee após identificar empresa sem licença sanitária e produtos sem a devida regularização.
Irregularidades encontradas
Relatórios de inspeção apontaram falhas de boas práticas de fabricação e pendências regulatórias. Veja os principais pontos citados pelos fiscais:
- empresa sem licença sanitária válida;
- produtos sem regularização (comunicado de início de fabricação não apresentado);
- ausência de rastreabilidade de lotes e de procedimentos operacionais padrão;
- condições de higienização consideradas inadequadas;
- irregularidades verificadas pela Vigilância Sanitária do Espírito Santo.
De acordo com a agência, alguns itens continham extrato de Agaricus bisporus, cogumelo cujo uso em alimentos, nessa composição específica, não passou por avaliação de segurança. Isso elevou o nível de cautela, já que a empresa também vendia os cafés pela internet, ampliando o alcance nacional.
O uso do extrato de Agaricus bisporus no produto não teve avaliação de segurança para consumo alimentar na forma declarada.
O que diz a Vibe Coffee
A Vibe Coffee afirmou que não recebeu auto de infração, notificação ou processo administrativo. A empresa declarou ter solicitado a inspeção estadual para obter orientação técnica voltada ao alvará sanitário.
Após a vistoria, a companhia disse ter suspendido as atividades para executar obras e ajustes estruturais, além de implementar procedimentos operacionais padrão. Segundo a nota, os documentos que comprovam as correções serão enviados à Vigilância Sanitária para nova avaliação e possível retorno das operações.
A Vibe Coffee diz que interrompeu a produção por iniciativa própria para adequações e aguarda reavaliação da vigilância.
O que o consumidor deve fazer agora
Comprou Vibe Coffee nos últimos meses? Adote medidas simples para reduzir riscos e garantir seus direitos:
- pare o consumo imediatamente e separe as embalagens;
- anote lote, data de validade e CNPJ do rótulo;
- comunique o vendedor (loja física ou marketplace) e solicite solução (troca, estorno ou reembolso) com base no Código de Defesa do Consumidor;
- registre reclamação no Procon de seu estado e reporte à vigilância sanitária local para rastrear os lotes;
- se notar desconforto após o consumo, busque orientação médica e informe marca, lote e data.
Como descartar o produto
Mantenha a embalagem fechada até concluir os trâmites com o fornecedor. Se houver orientação de devolução, siga as instruções do SAC. Caso a devolução não ocorra, descarte o conteúdo na fração orgânica e encaminhe a embalagem limpa para reciclagem, preservando fotos do lote e do rótulo para eventual comprovação.
Irregularidades e impactos: guia rápido
| Problema identificado | Risco para o consumidor | Sinal de alerta ao comprar |
|---|---|---|
| Falta de licença sanitária | Operação sem controle oficial e sem inspeções periódicas | Ausência de CNPJ/razão social e endereço completos no rótulo |
| Produto não regularizado | Impossibilidade de verificar parâmetros mínimos de segurança | Rótulo genérico, sem informações técnicas consistentes |
| Sem rastreabilidade | Dificuldade de retirar lotes problemáticos do mercado | Lote ilegível ou inexistente na embalagem |
| Higienização inadequada | Maior chance de contaminação e variação de qualidade | Odor, cor e textura fora do padrão do café torrado |
| Ingrediente não avaliado | Reações imprevisíveis e ausência de parâmetros de uso | Promessas “funcionais” sem referências técnicas claras |
Como conferir se um café está regular
Antes de finalizar a compra, avalie o rótulo e o vendedor. Essa checagem reduz problemas em compras online e físicas:
- verifique razão social, CNPJ, endereço e canal de atendimento ao consumidor no rótulo;
- procure lote e data de validade legíveis; desconfie de etiquetas que apagam fácil;
- confirme se a empresa possui alvará/licença sanitária vigente no estado ou município onde opera;
- desconfie de alegações terapêuticas ou de “superingredientes”; alimentos não podem prometer cura;
- prefira vendedores que informam procedência dos grãos e responsabilidades no pós-venda.
Responsabilidade de lojas e marketplaces
Plataformas de e-commerce devem retirar ofertas de produtos irregulares quando notificadas e informar claramente CNPJ do vendedor, preço total, condições de entrega e canais de contato. Se a compra ocorreu em marketplace, acione tanto o lojista do anúncio quanto a plataforma.
Contexto: café com apelo “funcional” sob lupa
O mercado de cafés com aditivos ganhou força com promessas de foco, energia ou bem-estar. Esse movimento trouxe composições com extratos vegetais e de cogumelos. A fiscalização passou a mirar fórmulas sem comprovação de segurança e rotulagens que podem confundir o consumidor. Em ação recente, autoridades também barraram um pó para café em sachê de outra marca, sinalizando tolerância baixa para riscos sanitários.
No caso da Vibe Coffee, a empresa informava trabalhar com grãos capixabas e mineiros, vendidos moídos ou em grão. A medida da Anvisa se aplica à marca e aos seus produtos, não ao cultivo de café na origem. Produtores rurais não entram automaticamente nessa restrição, mas o bloqueio afeta a cadeia de torrefação e venda vinculada à marca inspecionada.
Efeitos para quem já tem Vibe Coffee em casa
Sem recall formal, a orientação é interromper o uso e procurar o canal de venda para resolver a relação de consumo. Guarde comprovante de compra e fotos do rótulo. Se o vendedor negar solução, registre reclamação no Procon e junto à vigilância do seu estado para facilitar a rastreabilidade dos lotes.
Quando a atividade pode voltar
A retomada depende de correções estruturais e documentais, confirmadas por nova avaliação da vigilância sanitária. A empresa diz que entregará evidências das adequações. Enquanto a proibição valer, a oferta de produtos da marca permanece impedida.
Dicas finais para o seu dia a dia
Considere montar um “checklist de compra rápida” para cafés e alimentos embalados. Leia rótulos, priorize origem transparente e desconfie de promessas exageradas. Em caso de produtos com aditivos pouco conhecidos, procure informações técnicas e verifique se a empresa sinaliza o uso com linguagem clara.
Quer testar novos cafés? Compre primeiro tamanhos menores, avalie aroma e frescor e guarde a embalagem até consumir todo o conteúdo. Esse hábito ajuda a acionar garantias com o vendedor se algo sair do padrão e protege seu bolso em compras online.
