Leilão em Betim: você compraria imóvel de Fernandinho Beira-Mar por 50% do preço?

Leilão em Betim: você compraria imóvel de Fernandinho Beira-Mar por 50% do preço?

Na mesma rua de um bairro residencial, dois edifícios discretos voltam ao mercado com uma história que desperta curiosidade e cautela.

Os bens, já confiscados pela Justiça mineira, retornam ao circuito de venda pública com avaliação milionária e regras atrativas de lance. A disputa promete movimentar investidores locais, curiosos e quem busca renda com locação.

O que vai a leilão

O Ministério da Justiça e Segurança Pública abriu a venda de dois imóveis em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ambos localizados na Rua Conceição Rosa Lima, no bairro Horto. As propriedades somam avaliação superior a R$ 2 milhões e aceitam lances a partir de 50% desse valor. O leilão ocorre com a leiloeira oficial Sandra de Fátima Santos e recebe propostas até 14 de novembro.

Lances começam em 50% da avaliação e o prazo para ofertar termina em 14 de novembro.

Um dos imóveis serviu como sede do 33º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais por mais de duas décadas, após decisão judicial que cedeu o espaço à corporação. O outro terreno, vizinho, guarda estrutura inicial para um prédio e amplia as possibilidades para quem pensa em construir e vender ou alugar.

Detalhes das propriedades

  • Imóvel 1: terreno de 360 m², com seis apartamentos de dois quartos e garagem, área construída total de 404 m².
  • Imóvel 1: avaliação de R$ 1,28 milhão; lance inicial de R$ 640 mil; matrícula 100335 no CRI de Betim.
  • Imóvel 2: terreno de 720 m², com 397,74 m² de área construída, base preparada para erguer um prédio com garagem.
  • Imóvel 2: avaliação de R$ 1,010 milhão; lance inicial de R$ 505 mil; matrículas 100330 e 100331 no CRI de Betim.

As duas unidades estão desocupadas. A combinação de valores de entrada reduzidos, metragens funcionais e localização urbana faz os bens chamarem atenção de quem busca escala de aluguel, retrofit ou desenvolvimento imobiliário.

Por que esses bens foram confiscados

As compras ocorreram na década de 1990 e, segundo decisões judiciais, serviram para lavar recursos provenientes do tráfico de drogas. Após condenação do então proprietário em 1996, as propriedades em Betim passaram a integrar o rol de bens sequestrados. Em ato posterior, a Justiça determinou que uma das casas fosse utilizada temporariamente pela Polícia Militar, o que efetivamente ocorreu entre 2000 e 2024, até a transferência do batalhão para outra sede no município.

Os imóveis integraram um esquema de lavagem via mercado imobiliário e foram sequestrados por decisão judicial.

Quem é o antigo dono hoje

Fernandinho Beira-Mar, apontado como liderança do Comando Vermelho, cumpre pena superior a 300 anos no Presídio Federal de Catanduvas (PR). Ele passou por diversas condenações e, segundo autoridades, manteve influência mesmo atrás das grades em anos recentes. O histórico do réu e a repercussão de seus bens costumam atrair atenção popular, mas o leilão obedece aos mesmos ritos legais de qualquer outra alienação de patrimônio apreendido.

Como participar

A disputa ocorre em ambiente eletrônico, sob condução de leiloeira pública oficial, até 14 de novembro. Pessoas físicas e jurídicas podem ofertar lances, mediante cadastro prévio na plataforma da leiloeira.

  • Faça o cadastro com documento de identificação e dados de contato.
  • Leia o edital com atenção e verifique as condições de pagamento e prazos.
  • Programe seus lances e acompanhe a evolução do pregão até o encerramento.
  • Guarde comprovantes de propostas e, se vencedor, atente aos prazos de assinatura e quitação.

O valor arrecadado vai ao Funad. Parte retorna às forças de segurança responsáveis pelas apreensões; o restante financia prevenção, tratamento e reinserção social.

O que cada imóvel sugere de potencial

Seis unidades prontas para renda

O edifício com seis apartamentos de dois quartos oferece entrada no mercado de locação sem obra pesada. Interessados podem projetar reformas pontuais, adotar gestão profissional de aluguel e diluir riscos com portfólio de seis contratos. A garagem valoriza a taxa de ocupação, sobretudo para trabalhadores da região industrial de Betim.

Base para prédio com mais unidades

O terreno vizinho, com base e garagem projetadas, sugere um empreendimento com múltiplas unidades. Quem atua como incorporador vê margem para aumentar o VGV, desde que regularize projeto, alvarás e financiamento. O custo do lance mínimo, somado à adequação de obra, pode render preço final competitivo por metro quadrado.

Linha do tempo do caso

Ano Fato
Anos 1990 Aquisição das propriedades com recursos ilícitos, segundo decisões judiciais.
1996 Condenação do réu e sequestro dos bens em Betim e outras cidades.
2000–2024 Uso de um dos imóveis pelo 33º Batalhão da PMMG, por determinação judicial.
2024 Leilão público dos dois imóveis, com lances até 14 de novembro.

O que você precisa checar antes de ofertar

  • Documentação no CRI: confirme matrículas e eventuais averbações pendentes.
  • Condições físicas: visite, avalie elétrica, hidráulica e estrutura da base do segundo terreno.
  • Cenário de aluguel: pesquise preços por metro quadrado no Horto e bairros próximos.
  • Custos no pós-arremate: calcule ITBI, emolumentos e eventuais adequações exigidas pela prefeitura.
  • Plano de obra: no imóvel-estrutura, estime cronograma, licenças e capital necessário.

Riscos e estratégias para reduzir prejuízos

Leilões podem atrair disputas acirradas perto do encerramento. Defina um teto de oferta e evite lances por impulso. Em imóveis com estrutura para ampliação, simule cenários com aumento de custos de material e mão de obra. Em prédios prontos, prefira reformas que valorizem banheiros, cozinhas e vagas, focando no que acelera a ocupação. A leitura atenta do edital esclarece responsabilidades sobre taxas e prazos de desocupação, mesmo que os bens estejam vazios hoje.

Quanto pode render

Quem arremata a 50% da avaliação encontra uma folga importante. No prédio com seis apartamentos, uma taxa de ocupação de 90% e aluguel compatível com a região tende a gerar fluxo mensal regular. Já no terreno com base, o potencial está no número de unidades futuras: mais portas alugadas diluem vacância, mas exigem gestão profissional e controle de custos.

Para além de oportunidade, o caso mostra como o confisco e a destinação de bens do crime alimentam políticas públicas. O Funad usa o dinheiro para ações de prevenção e cuidado. Ao mesmo tempo, o retorno de parte dos recursos às forças de segurança sustenta novas investigações. Quem participa do leilão, portanto, injeta capital em um ciclo que reforça a política de enfrentamento às drogas.

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