Sete filmes perfeitos segundo Quentin Tarantino: você já viu 4 e vai discutir os outros 3?

Sete filmes perfeitos segundo Quentin Tarantino: você já viu 4 e vai discutir os outros 3?

Uma lista inesperada mexeu com memórias afetivas e velhos medos. Entre risos e sustos, o cinema mostra força rara e imbatível.

Em 2022, no programa de Jimmy Kimmel, Quentin Tarantino afirmou que existem “filmes perfeitos” e cravou sete títulos. A seleção corta gerações, mistura terror, comédia e western, e reacende uma pergunta direta para quem ama cinema: o que faz um filme funcionar sem sobras e sem desculpas?

“Pode não ser o seu tipo de filme, mas não há nada que você possa dizer para derrubá-lo.”

O que é um “filme perfeito” para Tarantino

Tarantino costuma avaliar obras por precisão narrativa, coesão de linguagem e impacto cultural. Ele valoriza direção com pulso, montagem sem gordura e atuações que constroem personagem já na primeira cena. Quando tudo se encaixa, a história segura o espectador do primeiro ao último quadro.

  • História sem cenas sobrando.
  • Ritmo claro, com escalada de tensão ou humor consistente.
  • Direção que cria identidade visual e sonora própria.
  • Elenco afinado com o tom do filme.
  • Memorabilidade: você lembra de sequências, falas e imagens anos depois.

Sete títulos diferentes, um mesmo efeito: terminar os créditos com a sensação de obra fechada.

Os sete escolhidos por Quentin Tarantino

O massacre da serra elétrica (1974)

Tobe Hooper filmou com nervo exposto e orçamento curto. O terror nasce de decisões realistas e da câmera que parece documentar um pesadelo diurno no interior do Texas. A fotografia áspera e o design de som incômodo criam claustrofobia. Não há alívio; cada minuto empurra o espectador para um desfecho inevitável. O gênero mudou depois desse filme.

Tubarão (1975)

Steven Spielberg trabalha o suspense por sugestão. O tubarão quase não aparece no início; a trilha de John Williams cumpre o papel do monstro. A articulação entre o prefeito que teme a crise econômica e o xerife que busca proteger a cidade dá lastro humano à aventura. Quando o barco parte, a narrativa vira uma aula de set pieces consecutivas e limpas.

O exorcista (1973)

William Friedkin combina drama familiar e terror metafísico. A progressão de pequenos estranhamentos até o embate final constrói plausibilidade emocional. O filme equilibra choque e silêncio. A montagem evita explicações fáceis e sustenta a dúvida onde muita produção cairia no didatismo. Resultado: medo que resiste à passagem do tempo.

Noivo neurótico, noiva nervosa (1977)

Woody Allen e Diane Keaton constroem uma comédia romântica que conversa com o espectador sem quebras gratuitas de tom. A metalinguagem serve ao personagem, não ao exibicionismo. O humor nasce de neuroses reconhecíveis, e a direção recusa a catarse tradicional. Relações terminam; memórias ficam. Difícil achar um diálogo frouxo aqui.

O jovem Frankenstein (1974)

Mel Brooks homenageia e satiriza o horror clássico com rigor de mise-en-scène. O preto e branco vintage, os cenários e a atuação de Gene Wilder criam um pastiche de alto nível. Piada tem timing, gesto e quadro. A paródia funciona porque respeita o original enquanto torce suas engrenagens. É comédia de precisão cirúrgica.

De volta para o futuro (1985)

Robert Zemeckis costura viagem no tempo, romance adolescente e fábula familiar com clareza rara. Toda causa em 1955 repercute em 1985, e o roteiro resolve cada pista plantada. Humor e aventura andam juntos, sem travar o relógio dramático. A trilha, o DeLorean e a química de Michael J. Fox selam a memória coletiva.

Meu ódio será sua herança (1969)

Sam Peckinpah filma um western crepuscular de violência coreografada e melancolia adulta. O cinema de ação moderno bebe dessa fonte. A abertura e o clímax mostram domínio de câmera lenta e montagem como linguagem. Não há heróis limpos; há código de lealdade e fim de era. Fecha como tragédia inevitável.

O que essa lista revela sobre o gosto de Tarantino

Os títulos formam um mapa de obsessões do diretor: gênero popular tratado com seriedade, ritmo que não oscila e personagens cravados no gesto. Ele respeita o terror como veículo de forma e ideias. Ele também defende a comédia quando há controle de tom. E há espaço para o western, berço de sua cinefilia.

Filme Ano Direção Essência
O massacre da serra elétrica 1974 Tobe Hooper Terror cru e documental
Tubarão 1975 Steven Spielberg Suspense por sugestão
O exorcista 1973 William Friedkin Terror psicológico e fé
Noivo neurótico, noiva nervosa 1977 Woody Allen Comédia romântica metalinguística
O jovem Frankenstein 1974 Mel Brooks Paródia com rigor formal
De volta para o futuro 1985 Robert Zemeckis Aventura e viagem no tempo
Meu ódio será sua herança 1969 Sam Peckinpah Western crepuscular

Como ver hoje e tirar mais da experiência

Esses filmes funcionam sozinhos, mas rendem mais quando organizados por afinidade. Monte blocos de sessão dupla com objetivos diferentes. Use som em bom volume. Evite pausas. A imersão faz diferença no terror e no suspense.

  • Terror em estado bruto: O massacre da serra elétrica + O exorcista.
  • Aventura e amizade: Tubarão + De volta para o futuro.
  • Humor com método: Noivo neurótico, noiva nervosa + O jovem Frankenstein.
  • Balas e crepúsculo: Meu ódio será sua herança isolado, para sentir o peso do final.

Sete filmes, quatro sessões, um fim de semana inteiro de referências que moldaram gerações.

Quer testar a ideia de perfeição? Propostas para o seu debate

Use critérios objetivos para comparar preferências pessoais com a lista. Avalie se o filme cumpre sua própria promessa, se mantém unidade estética e se fecha arcos sem atalhos. Tente dar nota separada para direção, roteiro, atuações e som. Depois veja se a soma conversa com a sensação final.

Atividade prática com amigos

Anote três cenas que você acha indispensáveis em cada filme. Pergunte ao grupo qual poderia sair sem prejuízo. Se ninguém concorda em cortar, o conceito de “perfeito” ganha força. Se todos concordam em cortar a mesma coisa, há um ponto de discussão claro.

Riscos e ganhos de listas assim

Listas geram exclusões e esquecimentos. Elas também viram porta de entrada. Quem chega agora ao terror clássico encontra dois títulos que ainda funcionam sem muletas digitais. Quem gosta de comédia descobre que precisão formal sustenta a graça. E quem vive a ação moderna reconhece ali muitas origens.

Vale acrescentar uma camada histórica. Os sete saíram entre 1969 e 1985, período de transição industrial e criativa em Hollywood. A ousadia conviveu com cinema comercial de grandes públicos. Isso ajuda a entender por que a lista fala com tanta gente, hoje, em diferentes idades.

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