Uma obra gigante avança na zona sul e promete mexer com a rotina da cidade, com novos fluxos, vistas e negócios.
A torre Alto das Nações, em execução sobre um terreno histórico, quer assumir o posto de prédio mais alto de São Paulo. Com 219 metros, 39 andares e um mirante 360º com piso de vidro, o complexo multiplica usos, serviços e visitantes num ponto ligado à rede de trens.
O que muda com a torre Alto das Nações
O complexo nasce no lote do primeiro Carrefour do país, em área de 58 mil m². O plano reúne torre corporativa de alto padrão, um edifício residencial, um futuro teatro e um centro de conveniência com mais de 40 operações. Tudo se abre para uma praça pública de 32 mil m² sem grades, com circulação de pedestres integrada à estação Granja Julieta.
Altura prevista de 219 m e 39 pavimentos, superando os 172 m do Platina 220; entrega do conjunto indicada para 2026.
A proposta não se limita a escritórios. A praça pretende atrair moradores dos bairros vizinhos, trabalhadores e turistas, com cafés, restaurantes e atividades culturais. A estimativa é de 10 mil pessoas por dia após a abertura. O desenho urbano busca criar percursos claros e seguros, favorecendo caminhabilidade e acesso ao transporte público.
Ritmo da obra e cuidados estruturais
Desde 2021, a torre avança com mais de duas lajes por mês. O sistema em concreto e vidro passou por ensaios em túnel de vento do IPT para lidar com rajadas de até 40 km/h nas alturas. A flexibilidade do edifício foi calibrada para reduzir oscilações e garantir conforto interno.
Testes em túnel de vento definiram rigidez, amortecimento e limites de aceleração humana em dias de rajada.
Quanto custa e por que custa tanto
O investimento total previsto para o Alto das Nações é de R$ 3 bilhões. O valor empata com o do complexo catarinense Senna Tower, em Balneário Camboriú, que mira mais de 550 m e 157 andares no segmento residencial. Em São Paulo, o maior apelo recai no pacote corporativo, no espaço público e na conexão com infraestrutura de mobilidade.
Preços de metro quadrado e comparação regional
Levantamentos do mercado apontam o metro quadrado em Balneário Camboriú na casa de R$ 14,5 mil e, em áreas nobres de São Paulo, por volta de R$ 11,5 mil. A diferença não impede que projetos de escalas distintas fechem contas parecidas quando combinam engenharia complexa, fundações profundas, equipamentos de segurança, tecnologia predial e grandes áreas comuns.
- Terreno amplo requer contenções e escavações mais robustas.
- Heliponto, sistemas de automação e 33 elevadores encarecem a instalação.
- Praça pública extensa implica drenagem e paisagismo de maior porte.
- Materiais de alto desempenho elevam a eficiência energética e o custo inicial.
Mirante 360º: a experiência do visitante
O topo da torre vai receber um mirante aberto ao público com vista para a avenida Paulista, marginal Pinheiros e represa de Guarapiranga. Um volume de vidro projetado para fora da fachada cria a sensação de caminhar sobre a cidade, numa referência direta à atração de Chicago.
Mirante com piso de vidro e operação à noite e nos fins de semana para ampliar o fluxo turístico.
Operação, acesso e segurança
A circulação vertical será zonificada com 33 elevadores para reduzir espera em horários de pico. Haverá heliponto. O projeto define roteiros de visita, controle de capacidade e evacuação. O piso de vidro usa múltiplas camadas laminadas, redundância estrutural e sensores, com manutenção programada e inspeções regulares.
| Indicador | Valor previsto |
|---|---|
| Altura | 219 m |
| Andares | 39 |
| Entrega estimada | 2026 |
| Investimento | R$ 3 bilhões |
| Terreno | 58 mil m² |
| Praça pública | 32 mil m² |
| Elevadores | 33 |
| Concreto | 108.842 m³ |
| Aço | 10.231 t |
| Lojas e serviços | 40+ operações |
Números que explicam a escala
O volume de concreto corresponde a cerca de 20 mil caminhões-betoneira. Enfileirados, formariam uma coluna de 400 quilômetros, distância próxima entre São Paulo e Rio de Janeiro. Já as 10.231 toneladas de aço equivalem ao necessário para reproduzir uma estrutura do porte da Torre Eiffel, evidenciando o grau de planejamento e logística.
Do canteiro ao cotidiano
O cronograma concentra atividades pesadas agora para liberar, depois, frentes de acabamento, instalações prediais e comissionamento. A operação diária, já ativa, será um capítulo à parte: limpeza de fachadas unitizadas, gestão de resíduos, controle de acessos, monitoramento por câmeras e sensores, manutenção dos elevadores e dos sistemas de ar-condicionado de alto desempenho.
Com até 10 mil usuários por dia, circulação e sombreamento exigem desenho de rotas, paisagismo e mobiliário urbano bem distribuído.
Impactos no bairro e na economia
O adensamento de empregos perto da estação de trem favorece deslocamentos mais curtos e previsíveis. Restaurantes e comércio locais tendem a ganhar demanda, enquanto serviços de logística e manutenção encontram mercado. A praça sem muros cria espaço de convivência e pode reduzir deslocamentos por lazer de quem mora nas imediações.
Turismo e a disputa pela vista
São Paulo já tem mirantes concorridos, como os do Farol Santander e do Edifício Itália. A nova atração carrega diferenciais: zona sul, visão ampla sobre a marginal e um piso de vidro sensorial. A operação noturna agrega valor para quem busca luzes da cidade e fotos sem a pressa do horário comercial.
O que observar se você pretende visitar
- Chegar de trem pela estação Granja Julieta reduz tempo e custo de deslocamento.
- Escolher horários intermediários ajuda a evitar filas nos elevadores zonificados.
- Quem tem vertigem pode optar por áreas envidraçadas tradicionais, sem o trecho suspenso.
- Previsão de chuva e vento influencia a sensação térmica e a experiência no topo.
Por que tanta engenharia para “apenas” 219 m
Construções altas, mesmo sem bater recordes mundiais, exigem combinação de rigidez e leveza. A fachada em vidro de alto desempenho controla ganho de calor e ruído. Núcleos rígidos em concreto formam o “osso” do edifício. Dispositivos de amortecimento e conexões metálicas trabalham para reduzir vibrações. O objetivo é manter acelerações abaixo de limites de conforto humano em diferentes frequências de vento.
Custos hoje que reduzem despesas amanhã
Materiais mais eficientes encarecem a construção, mas diminuem gastos de operação com energia, água e manutenção. Vidros seletivos, automação de ar-condicionado, reuso de águas e iluminação inteligente pesam menos no caixa mensal. Em prédios corporativos, o condomínio é fator decisivo para atrair locatários e manter áreas ocupadas.
Informações práticas e pontos para ficar de olho
Quem planeja trabalhar ou abrir negócio no endereço precisa considerar impacto de fluxo e acesso. A chegada por transporte público deve aliviar vagas de garagem e filas na rua. A praça pública amplia a permanência das pessoas, o que tende a valorizar lojas de conveniência e gastronomia de horário estendido.
Para visitantes e moradores, a chegada do mirante representa nova opção de lazer com apelo fotográfico e educativo. Percursos interpretativos sobre engenharia e história do terreno podem enriquecer a experiência. Simulações de vento e maquetes táteis ajudariam crianças e pessoas com deficiência visual a entenderem a tecnologia por trás da estrutura. A gestão do piso de vidro deve publicar parâmetros de carga, testes periódicos e capacidade por grupo, o que dá transparência e aumenta a confiança do público.


