Moradores de Guaraqueçaba convivem com atoleiros, fretes caros e ambulâncias atrasadas, enquanto o asfalto promete virar realidade.
Depois de um edital fracassado e meses de expectativa, o DER/PR marcou a disputa para contratar o EIA/RIMA e o anteprojeto de engenharia da PR-405. A decisão reacende a esperança de quem depende da estrada para estudar, vender e receber atendimento, mas também cobra atenção aos prazos e ao orçamento.
Calendário e números que mexem com a vida de quem usa a PR-405
Sessão de disputa em 5 de dezembro e orçamento estimado de R$ 9.270.090,17 para estudos e anteprojeto.
O pacote em licitação inclui a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), o anteprojeto de engenharia e os estudos ambientais para viabilizar as licenças. O trecho previsto soma cerca de 80 km, ligando Guaraqueçaba à PR-340, em Antonina. Concluída essa etapa, o governo promete licitar a execução das obras de pavimentação.
| Etapa | Data | Valor | Situação |
|---|---|---|---|
| 1ª tentativa de contratação de estudos | junho (processo anterior) | R$ 8.651.916,73 | fracassado (propostas técnicas ausentes e preços acima do teto) |
| Nova sessão para EIA/RIMA e anteprojeto | 5 de dezembro | R$ 9.270.090,17 | a disputar |
O aumento de valor entre um edital e outro decorre da atualização do referencial de preços. Segundo o DER/PR, a primeira tentativa usou base de outubro de 2024 e a atual, de março de 2025. Na sessão anterior, cinco empresas chegaram a se inscrever, mas foram desclassificadas por falhas na entrega de propostas e valores acima do teto.
Por que a estrada custa caro para quem vive lá
A PR-405, hoje de terra, isola Guaraqueçaba quando chove, encarece fretes agrícolas e atrasa o atendimento de saúde. Caminhoneiros recusam viagens em períodos críticos. O transporte escolar quebra com frequência e absorve recursos que poderiam ir para manutenção preventiva. Sem acesso confiável, o município perde atrações e público que se concentram em Morretes e Antonina.
Impactos no orçamento municipal
- mais gastos com consertos de veículos que fazem o transporte de estudantes;
- rotas intermunicipais inviáveis em dias de lama e atoleiro;
- cancelamentos de serviços por parte de fornecedores e transportadores;
- deslocamentos médicos mais longos e inseguros.
80 km sem asfalto não afetam só o turismo: atingem estudantes, produtores, pacientes e trabalhadores todos os dias.
O que será contratado agora
A contratação mira três frentes que caminham juntas. Cada uma delas define o ritmo do cronograma e a qualidade do projeto executivo que virá depois.
- EIA/RIMA: estudo completo sobre impactos na população, na fauna, na flora, em rios, áreas alagáveis e no patrimônio histórico e arqueológico;
- anteprojeto de engenharia: traçado, soluções de drenagem, interseções, acessos e áreas de uso comum ao longo do trecho;
- estudos para licenças ambientais: base para solicitar as autorizações que permitem seguir às obras.
A obra só vai a leilão após a entrega do EIA/RIMA e do anteprojeto — etapa decisiva para definir traçado e custos.
Licenciamento ambiental: como funciona e o que esperar
Estradas em regiões sensíveis passam por licenciamento em fases. Em geral, o órgão ambiental avalia o EIA/RIMA e, se aprovar, emite a Licença Prévia (LP), que valida a viabilidade. Depois vêm a Licença de Instalação (LI), para iniciar a obra, e a Licença de Operação (LO), para abrir o tráfego. Cada licença exige estudos, condicionantes e ajustes de projeto.
Esse caminho define soluções para pontes, bueiros, contenções de encostas, passagens de fauna e manejo de áreas alagáveis. Também avalia impactos diretos nas comunidades, na pesca, no patrimônio histórico e nas unidades de conservação do entorno. O objetivo é reduzir riscos, evitar perdas ambientais e garantir que o investimento não se dilua em remendos futuros.
O que o EIA/RIMA precisa responder
- efeitos do asfalto sobre áreas de preservação e rios do trecho;
- medidas de mitigação para fauna e flora nativas;
- alternativas de traçado e de materiais em trechos críticos;
- gestão de água e drenagem para períodos de chuva intensa;
- planos de comunicação com comunidades e produtores rurais;
- monitoramento pós-obra para corrigir impactos residuais.
O que muda no seu dia a dia se a PR-405 ganhar asfalto
Uma estrada pavimentada tende a reduzir o tempo de deslocamento, o custo do frete e as interrupções por causa da chuva. Para quem transporta hortaliças, peixes e produtos perecíveis, a previsibilidade vale tanto quanto a economia.
Exemplo prático
- no cenário atual, um percurso de 80 km em estrada de terra pode levar cerca de 2h30 a 3h em dias ruins;
- com pavimento e drenagem adequados, o mesmo trecho tende a ficar entre 1h e 1h20, a depender do limite de velocidade e do tráfego;
- na logística agrícola, a redução de quebra de carga e de retorno em vazio ajuda a puxar o frete para baixo.
Menos tempo na estrada significa mais aulas cumpridas, mais consultas realizadas e mais produtos chegando frescos ao destino.
Quem está no jogo político
O governo estadual incluiu a PR-405 na lista de prioridades e reafirmou a promessa de pavimentação. O prefeito Alessandro Carneiro Soares Truchinski, o Sandro da Saúde, relata apoio de Antonina, Paranaguá e Morretes. A articulação regional pressiona por um cronograma factível e por manutenção enquanto o asfalto não vem.
O que observar até dezembro
- publicação de respostas a questionamentos das empresas interessadas;
- eventuais recursos após a sessão de disputa;
- contratação e início efetivo dos estudos, com previsão de entregas parciais;
- medidas de manutenção emergencial no trecho para atravessar o período de chuvas.
Pontos de atenção para o projeto
Drenagem robusta e passagens de nível bem desenhadas evitam que o asfalto vire um corredor de enxurradas. Em áreas alagáveis, soluções com aterros controlados, geossintéticos e bueiros múltiplos reduzem recalques. Em encostas, contenções e revegetação diminuem deslizamentos e custos de conservação.
A participação social durante o EIA/RIMA ajuda a mapear travessias usadas por estudantes, linhas de ônibus e operação de ambulâncias. Esses dados orientam a localização de acostamentos, baias de ônibus e acessos rurais, itens que pesam no uso diário e no custo total de operação da via.


