Korin muda a gestão e vai além do frango e dos ovos: como os bioinsumos podem afetar você?

Korin muda a gestão e vai além do frango e dos ovos: como os bioinsumos podem afetar você?

Mudanças discretas no comando da Korin sinalizam uma guinada estratégica que mexe com lojas, produtores e famílias brasileiras em 2025.

A companhia ligada à Igreja Messiânica Mundial quer ser percebida como plataforma de alimentos e soluções agro, não apenas frango e ovos orgânicos. O plano combina portfólio mais diverso, parcerias produtivas e governança centralizada para ganhar escala e clareza diante do público.

Por que a Korin quer mudar a conversa

A marca, nascida e reconhecida pelo bem-estar animal em frangos e ovos orgânicos, trabalha para que consumidores e varejistas enxerguem uma cesta mais ampla. A diretriz se ancora na Agricultura Natural inspirada por Mokiti Okada, com produção que fortalece o solo e respeita dimensões ambientais, sociais e econômicas.

Korin quer ser vista como mais que frango e ovos: a mensagem agora envolve comida do campo à mesa e soluções para produzir.

Esse reposicionamento mira relevância além da gôndola. Ao lado dos alimentos, a companhia pretende dar mais peso aos bioinsumos — insumos biológicos que estimulam processos naturais, reduzem dependência externa e abrem caminho para a regeneração de áreas agrícolas.

Do frango ao feijão: a cesta que cresce

O portfólio inclui hoje arroz, feijão, carne bovina, tilápia e salmão, além de linhas orgânicas e livres de antibióticos. A produção ocorre com parceiros sob protocolos próprios de qualidade, rastreabilidade e bem-estar.

  • Carnes bovinas processadas pela Bio Carnes, com padrões definidos em conjunto.
  • Tilápias fornecidas pela Brazilian Fish, dentro de critérios de manejo da marca.
  • Salmão de origem chilena, produzido por grupo ligado à Mitsubishi, com controles acordados.
  • Arroz e feijão integrados ao sortimento para reforçar presença no dia a dia das famílias.

Com mais variedade, a empresa busca aumentar tíquete médio nas lojas próprias e nos pontos de venda parceiros, mantendo coerência com o posicionamento de alimentação responsável.

Parcerias que ampliam o alcance

O modelo de parceria é o eixo da expansão. A Korin desenha protocolos, audita processos e aplica a marca nos produtos validados. O arranjo reduz ativos próprios, acelera prazos e dá fôlego para testar categorias sem comprometer capital de forma pesada.

Frente Status Movimento 2024–2025
Korin Alimentos Frango, ovos e linha ampliada Parcerias para bovinos, tilápia e salmão; mix maior nas lojas
Korin Agricultura Bioinsumos Capacidade ampliada e foco em mercado nacional
Korin Varejo Consciente Lojas próprias Sortimento mais variado e curadoria reforçada
Korin Cozinha Industrial Uso interno Operação a serviço do grupo religioso
E-commerce próprio Em pausa Projeto adiado, sem data para relançamento

Governança sob novo desenho

Para sustentar a virada, a holding passou por reestruturação. O comando foi centralizado em Edson Matsui, CEO do Grupo Korin. As subsidiárias operam integradas e serviços como finanças, contabilidade, marketing, controladoria e TI migraram para um centro comum na holding.

Comando integrado e serviços compartilhados buscam reduzir custos, acelerar decisões e alinhar a estratégia entre as quatro empresas do grupo.

Luiz Demattê, antes CEO da Korin Alimentos, assumiu a diretoria técnica e de sustentabilidade da holding. O movimento consolida a atuação transversal e elimina sobreposições. A abertura do capital ou entrada de investidores permanece fora do radar; o controle segue com a Igreja Messiânica Mundial.

Quem assume o comando e o que muda nas rotinas

A decisão de integrar as operações foi tomada no início do ano passado e ganhou corpo na virada para 2025. Projetos considerados periféricos para a receita, como o e-commerce, foram colocados em espera para liberar equipes e orçamento ao redesenho da governança e ao fortalecimento do sortimento nas lojas físicas.

Bioinsumos ganham palco

A Korin Agricultura ganhou protagonismo com um portfólio que vai além do carro-chefe Bokashi, um melhorador de solo responsável por mais de 80% das vendas. A fábrica em Ipeúna (SP) passou de cerca de 1 milhão de litros/ano para aproximadamente 2,5 milhões de litros/ano, mirando a demanda crescente.

A capacidade produtiva de bioinsumos mais que dobrou e prepara terreno para atender cooperativas, revendas e produtores independentes.

O Bokashi comercial foi lançado em 2004, após décadas de uso interno. De lá para cá, a divisão somou itens como aditivos para aves e suínos, aceleradores de compostagem e neutralizadores de odores para pets, formando um guarda-chuva de soluções biológicas para diferentes necessidades do campo e do ambiente doméstico.

Bokashi e novas aplicações no campo

Bokashi é um insumo produzido por fermentação controlada, rico em microrganismos e compostos que estimulam a vida do solo. Agricultores usam para aumentar a eficiência de ciclagem de nutrientes, melhorar estrutura do solo e favorecer raízes. Em sistemas orgânicos e de baixo uso de químicos, o produto ajuda a manter produtividade e reduzir estresse das plantas.

O que a nova lei pode destravar

A lei nacional sancionada no ano passado estabeleceu diretrizes para registro, produção e uso de bioinsumos, facilitando escalabilidade e previsibilidade regulatória. O marco pode simplificar acesso a crédito, programas de compras e extensão rural, além de fortalecer a indústria local e reduzir a dependência de fertilizantes importados.

Para empresas como a Korin, o ambiente regulatório mais claro ajuda a ampliar distribuição e garantir suporte técnico no pós-venda, etapa decisiva para adoção consistente por médios e grandes produtores.

O que isso significa para você

  • Consumidor: mais opções no mesmo ponto de venda, do feijão ao salmão, com curadoria alinhada a bem-estar animal e manejo do solo. O bolso sente quando o mix ganha escala, pois a variedade tende a equilibrar preços em promoções e combos.
  • Varejista: sortimento mais amplo com uma marca conhecida em orgânicos ajuda a diferenciar a gôndola. Protocolos padronizados simplificam comunicação de origem e reduzem rupturas.
  • Produtor rural: acesso a bioinsumos e protocolos pode reduzir custos com insumos importados e dar estabilidade a sistemas orgânicos ou de transição agroecológica.

Como testar bioinsumos no dia a dia da fazenda

Para quem produz, o ideal é começar pequeno e medir. Separe uma área-teste, defina dose e época de aplicação do Bokashi, registre produtividade, umidade do solo, incidência de pragas e custo por hectare. Compare com a área controle por dois ciclos. Ajuste dose e frequência com apoio técnico e, confirmando ganho econômico, avance para áreas maiores.

Riscos comuns envolvem qualidade irregular entre lotes e manejo inadequado que reduz eficiência. Mitigue com fornecedores certificados, armazenamento correto e plano de aplicação. Vantagens aparecem em solos de baixa matéria orgânica e em sistemas integrados com uso racional de nutrientes.

O que observar nas gôndolas

Ao escolher carnes e pescados da marca, verifique origem, data de processamento e selos de produção responsável. No caso do salmão importado, avalie seu orçamento e preferência por manejo. Produtos de valor agregado podem custar mais, mas a presença de parcerias tende a criar faixas de preço diferentes dentro da mesma categoria.

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