Anvisa veta suplementos e energéticos com ozônio: você corre risco? veja o que muda hoje no rótulo

Anvisa veta suplementos e energéticos com ozônio: você corre risco? veja o que muda hoje no rótulo

Produtos que prometem rendimento e bem-estar voltaram ao centro da pauta sanitária. Quem compra suplementos e energéticos pede segurança.

Uma decisão recente da Anvisa colocou holofotes sobre fórmulas que adicionam ozônio a suplementos e bebidas energéticas. A agência bloqueou a presença do gás nesses itens, determinou recolhimento e sinalizou limites claros para as promessas feitas em propaganda e rótulo. A medida atinge consumidores, varejistas e fabricantes, com efeitos imediatos nas prateleiras.

O que a Anvisa decidiu

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiu a comercialização, distribuição, fabricação, propaganda e uso de todos os suplementos alimentares e energéticos produzidos pela empresa OZT Comércio Atacadista Especializado em Produtos Ozonizados. A determinação inclui a apreensão de itens com adição de ozônio, já que não há avaliação de segurança que autorize a ingestão desse gás em alimentos ou bebidas.

O ozônio não possui avaliação de segurança para consumo em suplementos ou energéticos e não pode ser usado como ingrediente.

No Brasil, o ozônio está autorizado somente como agente de desinfecção no tratamento de água. Isso não se traduz em permissão para sua adição direta a produtos destinados à ingestão.

  • Proibido fabricar, vender, distribuir e usar suplementos e energéticos com ozônio.
  • Determinada a apreensão de lotes disponíveis no mercado.
  • Propagandas com promessas terapêuticas ficam vetadas.

Por que o ozônio não pode estar no seu copo

O ozônio é um oxidante forte e altamente reativo. Em sistemas de tratamento de água, age como desinfetante e, por isso, não permanece como ingrediente do produto final. Em suplementos e energéticos, a adição direta significaria ingestão de uma substância instável, sem dossiê de segurança aprovado para essa finalidade.

A legislação brasileira sobre suplementos alimentares permite apenas alegações relacionadas ao papel metabólico de nutrientes e substâncias reconhecidas. Essas alegações precisam ser previamente autorizadas, baseadas em evidências e restritas a funções fisiológicas, não a tratamento de doenças.

Alegações de finalidade terapêutica pertencem ao campo dos medicamentos e demandam comprovação científica robusta, com registro específico.

Riscos associados à ingestão de ozônio

Por ser um agente oxidante, o ozônio pode irritar mucosas e alterar o equilíbrio redox do organismo. A ingestão, em teoria, oferece risco de dano celular e inflamação, especialmente sem padronização de dose, pureza e estabilidade. Não há avaliação regulatória que garanta margens de segurança, o que impede seu uso em alimentos, suplementos e bebidas.

Publicidade com promessas de saúde mira o consumidor

Segundo a agência, a empresa alvo da decisão veiculou peças publicitárias com promessas como suporte ao sistema digestivo, hepático, ocular e cardiovascular. Esse tipo de comunicação induz o consumidor a ler o produto como se tivesse propriedades terapêuticas, o que não é permitido para alimentos e suplementos. A vigilância sanitária trata essas promessas como infração e pode aplicar sanções.

Como identificar promessas problemáticas

  • Linguagem que sugere cura, prevenção ou tratamento de doenças.
  • Afirmações vagas sobre “saúde total”, “rejuvenescimento” ou “desintoxicação milagrosa”.
  • Ausência de número de registro ou de notificação quando aplicável.
  • Ingrediente não previsto na lista de substâncias autorizadas para suplementos.
  • Indicações terapêuticas sem referência a aprovação regulatória.

Reincidência no setor de produtos ozonizados

No mês anterior, a Anvisa já havia suspendido a venda e o uso de 69 cosméticos capilares à base de ozônio da marca Ozonteck. Apesar de registrados como cosméticos, os itens foram promovidos com alegações de atividade farmacológica. Cosméticos podem perfumar, limpar e proteger; não podem prometer ação própria de medicamento. O conjunto das medidas mostra atenção redobrada com a banalização de promessas de saúde em produtos que não passam pelo rigor de eficácia e segurança exigido para fármacos.

O que acontece agora

Fabricantes devem interromper imediatamente a produção e a circulação de suplementos e energéticos com adição de ozônio. Canais de venda precisam retirar os itens de prateleiras físicas e virtuais, sob risco de autuação. Consumidores podem solicitar troca ou devolução e reportar eventos adversos ao serviço de vigilância sanitária de seu município ou à ouvidoria da agência.

Quem Ação exigida Impacto prático
Consumidores Interromper uso e verificar rótulos Evitar exposição a ingrediente não autorizado
Varejistas Retirar e segregar estoque, orientar equipe Prevenir autuações e garantir conformidade
Fabricantes Cessar produção e publicidade, providenciar recolhimento Adequar portfólio e comunicação às regras
Influenciadores Suspender conteúdos promocionais e correções públicas Reduzir disseminação de alegações irregulares

Como se proteger e tomar decisões seguras

Passo a passo para avaliar um suplemento

  • Cheque se os ingredientes constam nas listas autorizadas para suplementos alimentares.
  • Procure no rótulo a indicação de categoria, por exemplo, “suplemento alimentar”.
  • Desconfie de promessas sobre tratamento de doenças ou órgãos específicos.
  • Em caso de condição clínica, converse com um profissional de saúde antes de usar.
  • Relate reações adversas ao serviço de saúde local para rastreamento de riscos.

Entenda a diferença entre alimento, suplemento e medicamento

Alimentos e suplementos fornecem nutrientes e substâncias com função nutricional ou metabólica. Não podem prometer tratar ou curar doenças. Medicamentos, por sua vez, requerem registro com dossiê de segurança e eficácia, ensaios clínicos e controle estrito de indicações. Quando um produto de consumo comum promete “normalizar” funções orgânicas específicas ou “reverter” doenças, entra no território de medicamento sem cumprir as exigências legais.

Perguntas que você deve fazer antes de comprar um energético

  • Quais são os ingredientes ativos e em que quantidades?
  • O produto usa apenas substâncias autorizadas para uso alimentar?
  • Há advertências claras para populações sensíveis, como hipertensos e gestantes?
  • O rótulo tem linguagem moderada, sem promessas de saúde que imitam fármacos?
  • Existe transparência sobre procedência e lote?

Pontos práticos para o dia a dia

A busca por desempenho com energéticos somada ao uso de suplementos pode levar a consumo cumulativo de cafeína e outros estimulantes. Um planejamento nutricional ajuda a reduzir excessos e a evitar interações indesejadas. Ajuste horários de ingestão para não afetar o sono. Em programas de treino, priorize hidratação, carboidratos e proteínas de fontes confiáveis, antes de pensar em qualquer “extra”.

O ozônio segue útil no saneamento, como desinfetante que não deve permanecer no produto final. Isso difere completamente da ideia de adicioná-lo a uma bebida. Se o rótulo mencionar “ozônio” como componente do suplemento ou do energético, a orientação é simples: não leve para casa. A decisão da Anvisa esclarece fronteiras e protege quem depende de informações corretas para escolher o que consome.

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