Um detalhe erguido a dezenas de metros alterou o horizonte de Barcelona e reacendeu debates sobre turismo, fé e engenharia contemporânea.
A instalação de uma nova peça na torre central da Sagrada Família elevou a basílica a 162,91 metros. O número colocou o templo catalão à frente da Catedral de Ulm, na Alemanha, que tem 161,53 metros. A mudança aconteceu nesta quinta-feira e reposiciona um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha no mapa dos recordes mundiais.
O feito que muda a lista de recordes
O avanço ocorreu quando um guindaste posicionou e fixou o novo segmento no topo da torre central. Com isso, a Sagrada Família passou a liderar a lista das igrejas mais altas em atividade. A administração do templo não transformou a marca em competição, mas confirmou as medições.
162,91 metros: a nova altura oficial da Sagrada Família supera a Catedral de Ulm por 1,38 metro.
A diferença é pequena no número, mas grande no significado. A primazia de Ulm remontava ao século XIX. Agora, o conjunto iniciado em 1882 por Antoni Gaudí assume o protagonismo com uma obra que ainda está em andamento.
Quanto mede cada referência
| Igreja | Cidade/País | Altura (m) | Status |
|---|---|---|---|
| Basílica da Sagrada Família | Barcelona, Espanha | 162,91 | Em construção |
| Catedral de Ulm (Ulmer Münster) | Ulm, Alemanha | 161,53 | Concluída |
| Catedral de Colônia | Colônia, Alemanha | 157 | Concluída |
| Catedral de Rouen | Rouen, França | 151 | Concluída |
De Gaudí ao século XXI
A primeira pedra foi assentada em 1882. Gaudí sabia que não veria o projeto finalizado. Ao morrer, apenas uma torre estava pronta. O desenho original, de forte simbolismo cristão e formas orgânicas inspiradas na natureza, guiou sucessores por gerações.
Nas últimas décadas, a aceleração veio com tecnologia e fluxo de visitantes. A bilheteria financia a construção. Em 2024, 4,9 milhões de pessoas visitaram a basílica, e 15% vieram dos Estados Unidos. O turismo sustentou a continuidade das obras e também trouxe pressão para organizar o entorno urbano.
A torre de Jesus Cristo deve alcançar 172 metros quando concluída, tornando-se o ponto mais alto do conjunto.
O cronograma prevê a finalização total em cerca de uma década. Fachadas e elementos decorativos seguem em execução. A meta combina pré-fabricação, esculpimento in loco e logística de içamento milimétrica para reduzir riscos e manter o ritmo.
Como a obra avança a partir de agora
O foco recai sobre a torre central e sobre intervenções de acabamento interno. A gestão orienta as equipes por janelas de vento e períodos com menor impacto para os visitantes. Cada novo elemento exige testes, simulações estruturais e planejamento de montagem.
Etapas que seguem em paralelo
- Instalação progressiva dos segmentos da torre de Jesus Cristo.
- Escultura e colocação de elementos simbólicos nas fachadas.
- Acabamentos internos com soluções acústicas e de iluminação.
- Gestão de fluxo de visitantes e proteção de áreas de obra.
O trabalho combina engenharia de precisão e artesanato. A geometria helicoidal das torres demanda encaixes com tolerâncias rigorosas. O uso de materiais de alta resistência convive com pedras trabalhadas por artesãos, mantendo a linguagem visual de Gaudí.
O que muda para o visitante brasileiro
O título de “mais alta” tende a ampliar a procura em alta temporada. Filas maiores e ingressos disputados devem marcar os meses seguintes. Quem planeja viagem precisa organizar horários com antecedência e considerar visitas em períodos de menor fluxo, como o início da manhã.
Para quem tem interesse arquitetônico, a nova etapa amplia o repertório do que ver em campo. Da nave principal, a percepção de verticalidade cresceu. Em mirantes autorizados, a cidade revela novas linhas de fuga, com a torre central redesenhando o skyline de Barcelona.
Contexto histórico e comparações
O recorde de Ulm refletia um período em que torres agulhadas simbolizavam a conexão entre fé e cidade. A Sagrada Família reinterpreta essa verticalidade com curvas, luz filtrada por vitrais e uma estrutura que dialoga com a natureza. O resultado desconstrói o padrão gótico tradicional e, ao mesmo tempo, o reverencia.
A disputa por centímetros nunca foi o objetivo declarado da obra catalã. Mesmo assim, a marca ajuda a contar a história de uma construção que atravessa séculos, guerras e revoluções tecnológicas.
Linha do tempo essencial
- 1882: início das obras e lançamento do projeto.
- 1926: morte de Gaudí, com uma torre concluída.
- Final do século XX: uso ampliado de modelos digitais e pré-fabricação.
- 2025: instalação de novo segmento na torre central e 162,91 m alcançados.
- Próximos meses: torre de Jesus Cristo rumo a 172 m.
Turismo, cidade e patrimônio
O crescimento de visitantes gera renda para a obra e pressiona os bairros próximos. Mobilidade, comércio e moradia entram na discussão. Barcelona tem testado medidas para equilibrar os interesses de quem mora e de quem visita, sem perder a vocação cultural.
A agenda de 2026, quando se completam 100 anos da morte de Gaudí, promete eventos temáticos em vários pontos da cidade. A expectativa é de um novo pico de público, com reflexos na hotelaria e nos serviços.
4,9 milhões de pessoas passaram pela Sagrada Família no último ano, com forte presença de turistas estrangeiros.
Detalhes técnicos que ajudam a entender a escala
A margem de 1,38 metro sobre Ulm parece discreta. Na engenharia, esse número representa cargas adicionais, novo comportamento ao vento e revisão de acessos de manutenção. Cada incremento exige validação estrutural e operação de guindastes em ambientes urbanos densos.
Os vitrais modulam a luz para reduzir ofuscamento e realçar o volume interno. As torres, com superfícies torcidas, cortam rajadas e melhoram a estabilidade. O coroamento final da torre de Jesus Cristo trará elementos simbólicos que também cumprem função aerodinâmica e de escoamento de água.
Para você que pensa em visitar
Períodos com menos aglomeração favorecem uma experiência mais tranquila, principalmente para famílias e pessoas idosas. Guias especializados ajudam a decifrar detalhes iconográficos que passam despercebidos em visitas rápidas. A expectativa de ampliação de áreas acessíveis após novas etapas costuma acompanhar a evolução do canteiro.
Para quem viaja com orçamento controlado, vale monitorar faixas de preço e horários alternativos. A cidade oferece mirantes públicos que permitem observar o avanço das torres sem custo de entrada. Para fotógrafos, a luz do fim de tarde cria contraste forte nas fachadas, com sombras que valorizam o relevo escultórico.
Olhar além do recorde
A marca de 162,91 metros é um capítulo de uma narrativa maior. O projeto discute como a arquitetura contemporânea lida com legados históricos e com a pressão do turismo global. A Sagrada Família também serve de laboratório para técnicas de montagem em altura e desenho paramétrico aplicado à pedra.
Para estudantes e profissionais, observar as soluções de logística, segurança e conservação abre caminhos de aprendizado. E para o visitante comum, a experiência de caminhar sob o volume luminoso da nave oferece a medida concreta do que esses números significam no corpo e no olhar.


