Um deslize numa placa rodoviária em Santa Catarina virou assunto público e expôs quanto erros simples podem pesar no orçamento.
O caso ocorreu na SC-110, em Pomerode, e envolve duas correções: primeiro, o nome “Itoupava” saiu sem a letra “t”. Depois, a versão substituta apareceu sem a crase em “Acesso à Vila Itoupava”. A confusão reacendeu uma pergunta direta ao contribuinte: quanto custa refazer uma placa quando a grafia falha?
Quanto custa corrigir uma placa em SC
Segundo valores de referência da SIE (Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade), a produção de placas em aço nº 16 com película retrorrefletiva tipo I + SI sai a R$ 364,81 por metro quadrado. A empresa contratada, Freedom Engenharia e Construção, atende o trecho onde ocorreu o erro.
Com base nas dimensões estimadas pelas imagens da rodovia — cerca de 1,3 metro de altura por 2,0 metros de largura — a área chega a 2,6 m². Aplicando a tabela de preços, o valor de fabricação fica próximo de R$ 948,51. Nesse número, não entram a retirada, o transporte, a implantação e a substituição em campo.
Para uma placa de 1,3 m × 2,0 m, a fabricação estimada atinge R$ 948,51. Instalação e logística elevam a conta.
Quanto pesa o erro no orçamento
Erros de ortografia podem parecer inofensivos, mas geram um efeito cascata: retrabalho no fornecedor, deslocamento de equipes e nova interferência no tráfego para remoção e instalação. Em contratos públicos, a soma desses itens se multiplica por escala, especialmente em malhas rodoviárias extensas.
- Placa de regulamentação (aço, 1 m de diâmetro): R$ 697,38 (fornecimento e implantação).
- Placa em aço galvanizado com película tipo I + SI: R$ 509,44 (unidade, referência para modelos menores).
- Conjunto de fixação em aço galvanizado: R$ 25,39 (unitário).
No cálculo do contribuinte, o que pesa é a soma: material, impressão da mensagem correta, estrutura de sustentação, mão de obra, deslocamento e sinalização temporária para o serviço.
Comparação com custos municipais
Para dar escala ao debate, vale olhar uma referência municipal. Em Blumenau, o preço de substituição de placas chega a R$ 563,00 por metro quadrado. Aplicando a mesma área estimada de 2,6 m², a conta escalaria para R$ 1.463,80 apenas na fabricação.
Na referência de Blumenau, a mesma placa de 2,6 m² poderia custar R$ 1.463,80 para produzir.
| Local | Custo por m² | Placa 1,3 m × 2,0 m | Observação |
|---|---|---|---|
| Rodovia estadual (SC) | R$ 364,81 | R$ 948,51 (fabricação) | Sem instalação e transporte |
| Blumenau (referência municipal) | R$ 563,00 | R$ 1.463,80 (fabricação) | Preço de substituição por m² |
Como o processo funciona
Quando uma placa apresenta erro, a fiscalização comunica a empresa contratada e emite a ordem para substituir. Técnicos checam layout, ortografia, símbolos e setas antes da impressão. Depois, equipes programam a troca, com cones, sinalização provisória e bloqueios parciais de pista para garantir segurança.
O ciclo inclui quatro etapas principais: validação do conteúdo, produção do painel, logística até o ponto de instalação e fixação definitiva. Cada etapa tem custo e prazo. Em rodovias movimentadas, janelas de trabalho curtas aumentam a complexidade.
Quem paga a conta
Em contratos por fornecimento e implantação, o governo estadual remunera a contratada conforme itens da planilha. Quando o erro nasce na arte enviada, a responsabilidade tende a recair sobre quem aprovou o layout. Já quando o equívoco ocorre na fabricação, a empresa corrige sem repasse, conforme cláusulas contratuais. A definição exata depende do contrato e dos relatórios técnicos de cada caso.
Fabricação, instalação e logística seguem regras contratuais. A origem do erro define se há reembolso ou retrabalho da contratada.
Por que erros acontecem
Três fatores costumam aparecer nos relatórios: ortografia de topônimos (nomes de bairros, distritos e vilas), acentuação e uso correto de crase, além de abreviações padronizadas. No caso de Pomerode, a primeira placa grafou “Ipoupava” sem o “t” de Itoupava. A segunda falhou na crase em “Acesso à Vila Itoupava”.
Falhas assim surgem por falta de revisão final, pressa de entrega, bancos de dados desatualizados e divergência entre padrões internos e normas técnicas. Padrões de sinalização viária exigem legibilidade, padronização de cores e materiais retrorrefletivos. A ortografia integra a mesma lógica: clareza para quem dirige.
Como evitar novas falhas
- Checklist de revisão com dupla conferência de texto antes de imprimir.
- Banco de nomes oficiais atualizado com base em leis municipais e estaduais.
- Provas impressas em escala real para avaliar legibilidade.
- Validação por equipe distinta da que produziu a arte, reduzindo viés.
- Treinamento sobre acentuação e uso de crase em design de placas.
O que muda para o motorista
Uma placa escrita de forma incorreta confunde e alonga o tempo de reação do condutor. Em acessos urbanos, isso significa conversões tardias, frenagens bruscas e risco de colisões traseiras. Em viagens turísticas, o visitante que não conhece a região depende integralmente da sinalização. Manter nomes corretos e acentuação precisa reduz ruídos no deslocamento e melhora a segurança viária.
Como calcular o impacto no seu bolso
Um exercício simples ajuda a entender a escala do gasto público. Multiplique a área da placa pelo valor por metro quadrado do contrato e adicione itens operacionais. Em rodovias, raramente a substituição ocorre isolada: equipes reúnem várias intervenções num mesmo trecho para diluir custos de deslocamento.
- Área estimada: altura × largura (ex.: 1,3 × 2,0 = 2,6 m²).
- Custo por m² (SC): R$ 364,81 → R$ 948,51 de fabricação.
- Itens adicionais: fixação, postes, caminhão, cones, equipe e sinalização temporária.
Informações úteis para ampliar o debate
Relatar erros ajuda a melhorar o serviço. Moradores podem registrar apontamentos com fotos, localização, sentido da via e mensagem correta. Órgãos de infraestrutura recebem as manifestações por ouvidoria e repassam aos fiscais, que avaliam em campo e encaminham o ajuste.
Outra frente envolve educação para mobilidade: escolas, associações e empresas podem promover ações simples de leitura de placas, explicando cores (regulamentação, advertência, indicação), siglas e diacríticos. Isso reduz a estranheza diante de palavras menos conhecidas, como nomes históricos de bairros.
Para quem trabalha com contratos e projetos, vale padronizar artes em arquivos editáveis, manter catálogos de tipografia legível e seguir a mesma especificação de película retrorrefletiva em toda a rota. Isso assegura uniformidade noturna, durabilidade e menor necessidade de retrabalho.
Se quiser simular outros cenários, calcule áreas diferentes. Uma placa de 1,0 m × 1,5 m tem 1,5 m². No preço estadual de R$ 364,81 por m², a fabricação sairia por R$ 547,22. Em série, pequenas economias de conferência evitam grandes perdas de campo.


