Hora do balanço da safra de café 2025: você vai pagar mais enquanto Minas leva os prêmios?

Hora do balanço da safra de café 2025: você vai pagar mais enquanto Minas leva os prêmios?

Do pé ao copo, a colheita avança em ritmos diferentes pelo país. Decisões pós-colheita já pressionam preço e sabor para todos.

Entre o fim do outono e os últimos ventos do inverno, o produtor organiza sua safra, escolhe como secar o fruto e define quais lotes disputarão prêmios. Esse ciclo, que passa pelos terreiros, pela xícara de prova e por Belo Horizonte, mexe com o mercado e com o que você bebe.

O calendário que manda no terreiro

O Brasil colhe café do fim de maio ao fim de setembro, entrando por outubro nos planaltos baianos. O ciclo começa pelo Norte do Paraná e pelo interior paulista, e termina em Barra do Choça e Chapada Diamantina. A janela muda conforme altitude e clima.

Produtores planejam cerca de 90 dias de colheita. Esse prazo dá fôlego logístico, ajusta mão de obra e preserva a qualidade dos lotes.

Colheita em 90 dias evita choque com a florada da primavera e garante uso eficiente das estruturas.

Do sul ao Nordeste, tempos diferentes

Regiões mais frias iniciam primeiro. No Sul de Minas e no Cerrado Mineiro, a maturação tende a ser mais uniforme. Já em áreas baianas, a colheita avança até outubro. Quem respeita o ponto certo do fruto colhe melhor doçura.

Depois do pano: a escolha que muda o sabor

Secagem define o estilo do café. O método Natural leva o fruto inteiro ao terreiro ou secador. O Cereja Descascado remove a casca e mantém parte da polpa. No Desmucilado, máquinas retiram a mucilagem. O Lavado usa água para limpar por completo. Crescem ainda os lotes com fermentação induzida, guiados por microrganismos selecionados.

A secagem coroa o trabalho no campo e abre espaço para frutos mais doces, limpos ou intensos, conforme o método.

Prova na mesa: como a qualidade ganha números

Chegou a hora de “contabilidade sensorial”. O produtor separa lotes, prova em sequência e decide destino. O protocolo de cupping dá repetibilidade às notas, reduz viés e permite comparar cafés de origem distinta.

O cupping padroniza a avaliação sensorial e sustenta decisões de venda, concursos e leilões.

Quem brilhou no Cup of Excellence 2025

Considerado a principal competição nacional, o Cup of Excellence é organizado no Brasil pela BSCA. Os campeões ganham acesso a leilão internacional, onde a disputa por microlotes costuma elevar os valores.

Categoria Campeão Origem 2º lugar 3º lugar
Via seca (Natural) Paulo Fernando Chaves de Brito Fazenda Aracaçu, Três Pontas, MG Danilo Barbosa — Fazenda Sucuri, Coromandel, MG Gustavo Andrade Alvarenga — Fazenda Chapadão, Pratinha, MG
Via úmida (Cereja descascado) Marcelo Assis Nogueira Fazenda Água Limpa, Campos Altos, MG Marcelo Carvalho Ferraz — Fazenda Boa Vista, Dom Viçoso, MG Osvaldina Alves Dutra — Fazenda Água Limpa, São João do Manhuaçu, MG
Experimental (Fermentado) Ipanema Agrícola S/A Fazenda Rio Verde, Conceição do Rio Verde, MG José Carlos dos Reis — Fazendo Rancho Grande, Três Pontas, MG Sebastião Daniel da Silva — Sítio São João, Cristina, MG

O mapa de vencedores concentra-se em Minas Gerais, o que reforça a consistência da região em diferentes processos, do natural ao fermentado.

SIC 2025: Belo Horizonte vira a capital do café

De 5 a 7 de novembro, a Semana Internacional do Café reúne cafeicultores, torrefações, cafeterias e profissionais em BH. A programação inclui workshops, palestras, mesas redondas e o Coffee of the Year, vitrine para pequenos e médios produtores por meio de cooperativas e associações.

De 5 a 7 de novembro, a SIC 2025 conecta quem produz, quem torra e quem serve, no mesmo pavilhão.

Por que a SIC mexe com você

O evento acelera tendências. Novos perfis sensoriais chegam às prateleiras. Técnicas de fermentação ganham escala. Cafeterias fecham contratos para 2026. Quem compra no varejo sente mudanças no sabor e, por vezes, no preço.

O que isso muda no seu bolso e na sua xícara

  • Oferta por método: mais lotes naturais e fermentados podem ampliar a variedade, mas elevar o valor dos microlotes.
  • Rastreabilidade: lotes premiados chegam com histórico detalhado, aumentando transparência para o consumidor.
  • Perfil sensorial: cereja descascado tende a realçar doçura limpa; naturais trazem corpo; fermentados exploram acidez complexa.
  • Preço médio: prêmios e leilões puxam o topo da curva, enquanto blends comerciais seguem a dinâmica da safra ampla.

Como o produtor transforma colheita em renda

Planejamento por talhão reduz perdas. Separar lotes por maturação e variedade fortalece a consistência. No terreiro, camadas finas e revolvimento constante evitam defeitos. Secadores mecânicos ajudam a manter ritmo quando o clima fecha.

Checklist rápido de pós-colheita

  • Definir janela de 90 dias e escalonar equipe.
  • Separar por variedade, altitude e ponto de colheita.
  • Escolher método de secagem conforme estrutura disponível.
  • Monitorar umidade até o patamar desejado e registrar dados.
  • Provar lotes via cupping e padronizar anotações.
  • Inscrever os melhores lotes em concursos alinhados ao perfil.

Fermentação induzida em alta: risco e recompensa

Microrganismos selecionados podem intensificar notas florais e frutadas. O ganho vem com controle fino de tempo, temperatura e pH. Sem domínio do processo, o risco é gerar sabores destoantes e perder a identidade do terroir.

Como acompanhar a safra com mais critério

Quem compra grão ou moído pode observar etiqueta e processo: natural, cereja descascado, lavado ou fermentado. Pergunte pela origem, pela variedade e pelo lote. Compare dois métodos da mesma fazenda e identifique diferenças na doçura, acidez e corpo. Essa prática treina o paladar e orienta escolhas mais conscientes.

Próximos passos para o mercado

Com a vitrine do Cup of Excellence e a vitrine popular da SIC, o país afia duas pontas: excelência em microlotes e capilaridade para pequenos produtores. A combinação tende a disseminar boas práticas, ampliar a renda no campo e diversificar o que chega à sua xícara nos próximos meses.

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